Assunto complicado que mexe muito com meus neurônios (pelo menos os poucos que restam rsrs).
Fico triste em perceber a decadência do ensino no país. Sou de uma época em que o ensino público era honrado, conceituado e disputado. De uma época onde o professor era e tinha autoridade dentro da sala de aula. De uma época em que éramos ávidos pelo conhecimento e nos espantávamos com as descobertas. Uma época onde os pais, tios ou irmãos mais velhos sabiam sim explicar uma lição, dar uma orientação sobre um trabalho ou mesmo sobre as "chatas" tarefas de casa. Tínhamos as copas estudantis onde nos empenhávamos, criávamos torcidas e gritos de guerra e a camisa da escola era como se fosse uma bandeira. E hoje?
Parece haver um fosso e essa escola ideal está num passado remoto, quase que arqueológico, onde seria impossível trazê-la à vida !
Uma vez fui dar aula numa escola particular da minha cidade. Escola de renome até hoje. Minha turma era uma sétima série repetente de um colégio caro. A primeira prova parecia um massacre de tanto que gastei tinta vermelha nas notas e em correção de erros de concordância. Eu dava aula de Geografia !
Fui, digamos, advertido pela APM (associação de pais e mestres) da época sobre qual matéria eu lecionava, se era geografia ou português. Não me contive e respondi que apesar de lecionar geografia, eu falo, escrevo, leio em português e que não estava cobrando dos alunos um vocabulário diferente da realidade deles, mas sim cobrando concordância nas frases que eram escritas a esmo, sem sequer serem relidas para tal correção. Disse ainda que era inadimissível um colégio daquele porte aceitar aquilo, era inaceitável de uma turma de pré adolescentes repetentes erros como aqueles e que ainda aquela postura era absolutamente contrária ao programa de ensino abraçado naquele ano. O assunto na época esquentou! A discussão foi além do horário, mas eu pude contar com o apoio de todos os meus colegas de trabalho, sem excessão e da direção da escola que ainda mostrou à APM da época a liberdade que o colégio dava aos titulares para aplicação e correção de provas. Ao mesmo tempo eu tinha turmas parecidas em colégios públicos com alunos de origem mais humilde onde também o cenário era o mesmo. Não diria 100% do todo, mas uma boa parcela.
E parece que eles se multiplicam em progressões geométricas. Esse também foi um dos fatores que me afastaram do ensino. Desencantei com a realidade na época. E a cada ano que passa sinto esse fosso se alargar.
Mas consegui perceber que a falta de interesse é geral!
A contradição está aí. Em plena era das comunicações, com internet, tv a cabo, celulares com conexão à rede, ampla divulgação dos fatos me dá a impressão que as pessoas trocaram o olhar fotos em jornais por ver imagens na tv ou computador ou celular, sem se atentar ao conteúdo da matéria. Parece não haver iniciativa em determinadas situações.
Nossa língua está passando por uma reforma num momento em que a linguagem instantânea está assassinando a mesma com formatações absurdas.
Quanto à abreviação de palavras, advérbios e afins eu sou a favor, a título de agilizar a escrita. Algo como: tb (também), vc (você), bjos (beijos), qq (qualquer), pp (próprio), tudo bem...
Pior é ler algo do tipo: Kra, vc é legau em !!! - eu traduzo - Cara, você é legal hein!
ou Nóis capota + não breca > troca-se a conjunção MAS pelo advérbio MAIS.
A desculpa é a mesma. Isso é linguagem de computador....que me dizem os professores??? Quantos absurdos não leem?
Sei que não vou mudar sozinho tudo isso, mas a situação é séria. Eu estou lendo um artigo que peguei num site oficial da prefeitura de uma cidade, onde na lei orgânica do município, ou seja, um documento oficial está escrito (mais de uma vez) a palavra seguimento ( no lugar e segmento).
O texto deveria ter sido redigido ou corrigido por um profissional de comunicação devidamente habilitado para tal e com pleno conhecimento de usar o corretor ortográfico do seu computador ???
É triste!