
Lembranças de cenários aconchegantes de nossa
história que, mesmo que em segundo plano, ficaram registradas como referência,
ponto de apoio, como marcos de momentos vividos.
Penso e acredito que ter
saudade seja saudável e a nossa gangorra emocional nos permite viver tais
momentos juntos com muitos outros da nossa complexidade humana.
À medida que se envelhece, ou melhor, que se ganha
maturidade e sabemos olhar para trás e reconhecer nossa história, sempre descobrimos
ou deciframos algo.
É como reler um velho e bom livro. Incrível essa
possibilidade humana de processar isso tudo individualmente. E assim vamos pensando, pensando e pensando.....
Por outro lado, coletivamente, estamos sendo
bombardeados com informações de tecnologias de ponta, de linguagem complexa:
física, quântica, matemática, fórmulas que têm mostrado que nossos sonhos de
ficção científica estão próximos de se tornarem realidade e que muitas delas
não são agradáveis por não permitirem a continuidade da nossa espécie.
Não que
sejam alarmistas, mas que nos colocam diante de uma realidade nua e crua, que
nos apresentam situações de irreversibilidade do nosso viver.
Não digo pelo
final cataclísmico projetado para daqui a bilhões de anos, mas sim pela
condição atual de irreversibilidade a que chegamos por deixar "nossa
casa" em condições próximas de impossibilidade de manutenção e continuação
da vida (superpopulação, poluição, desgaste de recursos naturais, guerras, a
própria mudança do planeta enquanto sistema em evolução...)
Pensar na realidade de um fim nos deixa frágeis. Sabemos
que algum fim é nossa única certeza. Ser agente desse fim nos desestabiliza e
nos faz nostálgicos.
Em nosso pensamento pessimista (ele sempre vem primeiro), ficamos saudosos de um
tempo e condições que não voltam mais, nem com a mais inteligente das
tecnologias. Sentimos saudades de nós mesmos. Ressentidos, talvez, de não ter
perpetuado aqueles bons momentos. Se temos a inteligência suficiente para criar
a tal tecnologia, que saibamos administrá-la para entender que a nostalgia é um
sentimento de algo que está num passado possível de ter seu conforto recriado
para o nosso próprio bem-estar.
Quanto às novidades bombardeadas, se forem
decisivas, que saibamos viver nosso tempo. Bilhões de anos são suficientes para
o aprimoramento da nossa espécie em outro grau e escala evolutiva. Quem sabe um
dia, bem lá na frente, nostálgicos, iremos refletir sobre nossa preocupação de
"ontem".
Nos vemos, nos lemos!
*imagem: Google: O pensador de Auguste Rodin