Do início da televisão até hoje, muito tempo
passou, muita coisa mudou inclusive a forma de dar a notícia, que passou a ter
uma linguagem muito mais direta, sem formalidades, sem linguagem rebuscada, sem
sinônimos acadêmicos. Deixou de ser rococó para ser contemporânea, aceitou
gírias, linguagem popular, comentou a notícia e hoje em dia é possível ver o
âncora dos jornais com uma relação muito mais direta com o público, com
comentários pessoais sobre o assunto, uma conversa mais informal com outros
repórteres.
A televisão e o rádio, principalmente, por serem falados,
transitaram nessa nova formatação para fazer com que a notícia chegasse de
maneira mais clara e direta às pessoas, atendendo a todos por igual, de forma
democrática. O progresso da tecnologia, o avanço da forma de jornalismo, o
imediatismo e a notícia em tempo real proporcionam sermos expectadores de
alguns fatos que nos atingem diretamente, de forma positiva e ou negativa.
Nascimento e morte já foram registrados ao vivo. A História já foi flagrada e
vista por milhões em tempo quase real. Vida e morte tomam parte do nosso
cotidiano, mesmo que sejam relacionados a pessoas que nunca vimos antes.
Compartilhamos alegrias e tristezas de maneira forçada. Há o lado da imposição,
das mensagens subliminares, como há o lado da boa notícia, de compartilhar
assuntos mais enriquecedores.
O veículo televiso, visto por muitos como
formador forçado de opinião, de enfiar goela abaixo informações prontas e de
pensar pelo expectador direcionando opiniões, gostos, tendências políticas,
etc.
Esse formato é perigoso porque dá poder sem
dar discernimento, gera ação sem razão, robotiza atitudes. Alguns veículos
aceitam atender propósitos outros que permitem tais práticas de manipulação
maciça. Não deveria ser assim, nem mesmo com a pseudo justificativa de manter e
gerar empregos. Muito se fala do canal A ou do B que atendem diretamente a
esses propósitos, ou mesmo do canal C que vai por outro segmento mais
popularesco, porém com o mesmo intuito de formatar o público à ideia de que o
gerencia ou mesmo financia. Fala-se muito. Reclama-se de emissoras que sonegam
informações, que amenizam notícias, que controlam o teor passado com critério
de gota a gota a fim de causar menor impacto.
Isso fez pobre a disponibilidade de
programação, que hoje em dia se resume a reprises de novelas e seriados
requentados, programas de auditório com quadros que só funcionam a base do
choro do convidado e de expor mazelas alheias, programas jornalísticos que agem
como tribunais e divulgam apenas as formas de violência ou programas de fofocas
que têm mais da metade do seu tempo voltado aos patrocinadores, além dos
intermináveis programas de roda de debate sobre futebol, apenas futebol, como
se fosse o único esporte praticado pelo ser humano. Ciência, Educação, Cultura,
Lazer, Comportamento são itens que tem uma programação ínfima na grade desses
canais (me refiro aos abertos, públicos, governamentais e por assinatura.
A opinião pública fica focada em polêmicas
menores dos muitos folhetins e “deixa passar” assuntos mais relevantes e que
são jogados na casa do expectador sem qualquer preparação, sem qualquer
elucidação do tema. E não adianta colocar nos créditos finais que aquela é uma
obra de ficção, pois 99,999% do público não lê.
Os poucos programas que têm permissão para
tocar no assunto estão longe do acesso da maioria do público, seja pelo horário
de exibição, seja por fazer parte da grade de emissoras pagas ou web tvs que
muitos poucos assistem.
Por outro lado, existem os programas que
abordam temas ditos mais elitistas (um erro pensar assim) e que incorrem ações
absurdas por quem o conduz. Dias desses vi uma entrevista em que o
entrevistador, do alto milimétrico de sua empáfia, cortava o entrevistado, que
tinha reles segundos para resumir toda a proposta do seu trabalho. A cada
início de resposta havia um corte como se aquele assunto não tivesse muita relevância
ou parecesse menos importante que o conhecimento do entrevistador.
Muitos podem dizer que o “jabá” não poderia
comprar mais tempo para o entrevistado ou que a grade é curta. Poxa, então
repensem isso. De que adianta tomar um tempo precioso de uma pessoa para falar
de sua obra em míseros segundos e ainda com intervenções que pareciam querer
que o tempo passasse logo. Revejam o tempo, a grade, revejam o apresentador, principalmente.
Existem profissionais que absorvem
conhecimento de tudo aquilo que diz respeito a seu trabalho, mas se colocam em
pedestais inatingíveis, que se cristalizam desse conhecimento louváveis e
dignos de elogios, mas cobrem todo esse bolo de recheio bom com uma generosa
camada de orgulho e presunção. Azeda tudo!
E o veículo televiso anda tão dinâmico que é
perceptível ver as mudanças feitas para segurar o seu público e assim manter
uma cadeia sustentável para a sobrevivência da empresa por detrás da logomarca .
Programas são encurtados, outros extintos, temáticas de programas bruscamente
alteradas, quadros copiados, melhorados (difícil), piorados, retirados, troca
de apresentadores, de horário, entre muitas ações estratégicas. Anos atrás
ficávamos acostumados com aquela programação fixa o ano todo.
Mas tudo muda e sempre vai mudar! O que não
tiver conteúdo não tem como se estabelecer por mais tempo (é o desejável), mas
ainda é cedo para chegarmos nisso. Enquanto for necessária a valorização da
miséria humana sem o requisito do pensar por si próprio, ainda seremos
expectadores passivos de todo um sistema já armado e em execução. O que alenta
é que, aos poucos, esse cenário está mudando, como se fosse um bebê
engatinhando que dá cabeçadas na parede, mesmo num ritmo inversamente
proporcional ao da mudança tecnológica, um dia havemos de recordar de tudo isso
como uma etapa da evolução humana. Que assim seja!
*.....ainda não terminou esse raciocínio....