sexta-feira, 27 de março de 2015

Monumento e Arte !

As cidades brasileiras carecem de obras e monumentos em suas ruas, sejam estátuas de seus heróis, vultos nacionais, obras de arte, grandes monumentos, belas fontes. Por outro lado, nossa exuberante natureza é um belíssimo enquadramento de muitas de nossas cidades.
Há muita deterioração, desvalorização de alguns espaços.
Funciona não apenas como um artefato de embelezamento, mas também com o um elo, uma conexão entre fatos e pessoas, enaltece a história, tanto nacional quanto local, homenageia, faz menção, identifica e dá referência.
Pare e pensa em quantos poucos desses monumentos existem em sua cidade, até mesmo nas grandes capitais? Tudo muito estéril, árido, clean demais.
Gosto de grafites, verdadeiras obras de artes feitas com muita tinta e que falam muito! Falo da obra do grafite e não aquelas bobagens, mal escritas na maioria das vezes, de pichações com letras que mais parecem ideogramas que enfeiam paredes, calçadas e os poucos monumentos que temos.
O grafite torna-se uma forma mais barata de embelezar uma cidade, explorando fachadas, muros e paredes como grandes telas a céu aberto e livres para qualquer manifestação artística, mesmo considerando a pouca durabilidade da pintura ou o gasto de sua manutenção.
Vi hoje em São Paulo, num site, da inauguração de um grande grafite que homenageia do ator mexicano Roberto Bolaños, criador dos personagens Chaves, Chapolin, entre outros. Já vi também, na cidade de São Paulo, em algumas capitais e outras da minha região, alguns grafites interessantes defendendo o meio ambiente, criticando mazelas sociais, trânsito caótico, idealizando parques e praças, homenageando artistas, conquistas, comemorando datas e história, interagindo com algo do cenário como se fosse parte da pintura, outros que retratam cenas e edificações do passado da área em que está e outros temas mais gráficos que dão cor a um determinado canto.
Curioso como muitos grafiteiros tem uma predileção por nichos e outros cantinhos menos explorados e conseguem desviar o foco para algo que chama muita a atenção.

Monumentos de pedra, concreto, granito, mármore, bronze são lindíssimos; caros, porém duradouros. No meu ponto de vista fazem falta no cenário de nossas ruas.
Nada contra aos mais novos monumentos de linhas retas, simplistas, nem às tentativas de estátuas que nem de longe se parecem com os homenageados ou apresentam distorções proporcionais em suas formas, porém, tudo a favor do bom senso e bom gosto. As ruas são um enorme museu imensas telas em branco que merecem e devem ser exploradas.

Nos vemos, nos lemos!



imagem* fotos Google Imagem de monumentos famosos e grafites.

quinta-feira, 26 de março de 2015

Dr. Jackyll e Mr. Hyde*







Não é de hoje que ouço falar que não há investimento pesado em cultura e educação para poder domar a massa da população. Quanto mais acéfalo ou sem argumentos para discussão, melhor é para a tirania (seja ela em que grau for). No meu ponto de vista, cultura e educação estão atreladas por laços fraternos, um caso siamês de uma completa relação de afinidades onde um alimenta o outro fazendo com que a roda gire auto suficientemente.
Travar a educação pode gerar indivíduos sem a ciência das contas, de algumas análises, de acessos, limitando-os a parcos recursos e limitadas perspectivas de crescimento da educação institucional. Isso não tira o conhecimento adquirido no dia a dia, a visão de mundo e das relações que se estabelecem nele, o empirismo. Isso gera o indivíduo ignorante, sem o conhecimento de algo, limitado de algumas visões.
A cultura é o resultado obtido de ações desses indivíduos, sozinhos ou em grupo. Ações essas que se manifestam no que chamamos de atividade artística, seja em forma de poesia, com rimas simples e outras formas de literatura, dança, música, desenhos, manifestações culturais, entre outras atividades que são exercidas por esses cidadãos e que refletem a maneira como esse grupo reage a tudo de bom e de ruim que os afeta, de acordo com seu grau de interpretação do mundo e das coisas que o cercam. Ações que permanecem, que são transmitidas de geração a geração, tornando-se tradição, até que um novo olhar permita a mudança daquela manifestação. Mesmo com a chamada “ignorância acadêmica” a cultura popular permite não se prender ao tradicionalismo, por mais tempo que a mudança possa levar para acontecer.
De fato, o povo não é burro e tem o calo dolorido. Se a chamada “massa” não está devidamente instruída de algo ou não tem interesse ou conhecimento político (podemos dizer que por falta de exemplos) não se deve esperar dela que tenha um comportamento adequado às situações a que é submetida. Não se pode esperar o comportamento de um lorde de quem é criado como animal selvagem. O choque sempre vai acontecer. Não é o que se espera de uma sociedade tida como civilizada.
A separação intelectual proposta para um povo sem conhecimento gera essa torre de babel e que, em momentos inflamados, é como jogar gasolina na fogueira. Daí há uma inversão de valores não? Aquele que se diz elitizado ou mesmo politizado, como se estivesse sob uma redoma, não consegue entender as razões pelas quais a grande massa revida, por achar uma ação pouco ou nada diplomata. Oras, mas foram eles mesmos que criaram isso... Uma relação médico e monstro*. E ainda se esquecem fazem parte do povo.
O que não se tira é a manifestação e a criação cultural de um povo, por mais hostilizado que esse povo seja. A criação é espontânea, é livre, é montada dentro dos limites individuais de conhecimento do seu idioma, do cotidiano, religiosidade, política, de suas limitações físicas para atividades com o corpo, onde se usa os poucos recursos que venham a colaborar com a mensagem a ser impressa. Por isso da repetição. Não é pobreza cultural, é limitação de uma base desinformada, esteja ela num feudo medieval tirano ou na mais civilizada das democracias, seja na anarquia ou na ditadura.
A relação cultura/educação está aí se alimentando e se mantendo independente do cenário. Quanto mais pobre for a educação, mais modesta é a manifestação cultural. Aqui, modéstia não é significado de pobreza e sim falta de alguns recursos.
Por isso que hoje, em outro cenário político, distante de muita coisa e perto de outras impensáveis que vêm sendo publicadas é que não é justo que os poucos recursos destinados à cultura e à educação sejam cancelados. Por menores que sejam, são fortes contribuintes de formação de público, do fazer pensar, de fomentar a criação de muitos outros grupos desses artistas (penso que o educador seja um artista também) seres pensantes e que encontraram uma forma de traduzir um olhar sobre algo e de se fazer compreendido. Eis a mágica! Atrelado à educação, faz fluir mais facilmente esse pensamento e o promover o entendimento coletivo, propondo discussões até se chegar a um denominador comum benéfico a todos, sem distinção.
“A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte....”
Não sou favorável da retirada ou redução de recursos passados para a cultura, por saber que esses alimentam uma rede de profissionais que têm em mente a continuidade do processo coletivo de educação do povo através das ações culturais, não importa a linguagem utilizada. Recursos que são usados para gerenciar atrações, que permitem que profissionais exerçam suas atividades, muitas delas atividades específicas, que fazem parte do “mundo das artes”. Recursos que permitem que essas atividades possam ir aos mais distintos grupos sociais, disseminando o saber olhar e entender do modo de ser e agir de nós mesmos, fazendo com que aprendamos a tirar as rédeas, marcas e amarras sem ficar à deriva. Sem ficar à margem do que acontece em outras esferas que nos atingem diretamente. Proponho uma grande mesa, redonda, para conversarmos, de igual para igual.
Nos vemos, nos lemos!


imagens:http://jornalistaflavioazevedo.blogspot.com.br