sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Palhaçada!!!!!


Horny, the Clown  - personagem do filme  Drive Thru: Fast Food da Morte
O tal do ser humaninho surpreende! Existe uma febre que quer se tornar mundial, viralizando, que é a aparição de palhaços em locais estranhos, de forma nada amistosa, assustando muita gente. As polícias dos Estados Unidos e Grã Bretanha têm tido trabalho extra na captura de muitos desses "palhaços" causadores de tumulto, depredações, assaltos e violência física. Há um medo se generalizando, pois a população não sabe o que esperar da reação dessas figuras soltas pelas ruas.
Existe uma fobia específica para quem sente medo de palhaços. 
A coulrofobia descreve um pavor que acomete algumas pessoas quando se deparam com o clássico palhaço de circo: nariz vermelho, cara pintada, cabelos coloridos em tufos e roupa espalhafatosa, imagem que também é divulgada em massa pela mídia por serem marcas de produtos ou personagens famosos de programas de TV. 
Fobias são distúrbios que causam sintomas físicos bastante distintos, como taquicardia, tontura, suor excessivo e falta de ar. Muita gente descreve receio ou desconforto diante de palhaços. Esse medo está conectado com a origem do humor praticado por esses comediantes (Palhaços surgiram nos circos como um recurso de “alívio cômico” aos atos perigosos envolvendo animais, fogo e acrobacias. Uma arte perturbadora). Essas manifestações causadas pelo medo, trauma ou outra ação são existencialistas e cada indivíduo processa de forma distinta um do outro e há de se levar em conta a contextualização dessas manifestações para explicá-las e entendê-las.
Apesar de alguns avistamentos em terras tupiniquins, existe uma relação diferente com a figura do palhaço, pois para nós, esse também é mais um personagem do Carnaval, onde a permissividade é fator cultural. Há de se lembrar da imagem do Clóvis (que veio da palavra clown - palhaço) ou Bate-bola, personagens chatos e inconvenientes dos carnavais de rua. Há de se levar em conta a imitação, a prática do que é contrário ao bom senso comum, o modismo de ser diferente e transgressor sem ter embasamento de nada.
Em se falando em cultura, percebo que nos povos dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia (onde foram registrados atos violentos com pessoas travestidas de palhaços) e outros países de origem direta e ou indiretamente saxônica, há um ponto de em comum com personagens que caracterizam seus medos e angústias, uma mistura sombria, que tem muito a ver com suas lendas ancestrais e o clima mais frio dessas origens.
Saxões eram povos que habitavam a região da atual Alemanha e migraram para a Grã Bretanha na Idade Média e depois de muita batalha e dizimação de alguns povos, em busca de terra boa, se fundiram com os anglos, formando os anglo-saxões. A Idade Média também foi marcada pelo pavor real e em massa da peste negra.
Posteriormente foi a Grã Bretanha que ganhou os mares, descobriu e colonizou os Estados Unidos, Canadá e depois a região da Oceania, daí o traço cultural comum desses povos.
Há de se pensar que o medo é personificado de forma não humana e com algum elemento que o dê poder e força, que aumente o medo por ele imposto.
Tudo que é exagerado, que foge do padrão comum, pode assustar, como a roupa colorida e espalhafatosa do palhaço, como o chapéu grande, a roupa rasgada e a cara feia das bruxas, o fedor dos capetas, os tamanhos dos elfos, gnomos, pés grandes e outros monstros, com os vários formatos de bichos papão que recheiam o folclore mundial. 
No folclore brasileiro temos a Mula Sem Cabeça, o Saci, o Boi Tatá, até mesmo a bela Yara Mãe D´água, que atrai pelo canto, o Boto Cor de Rosa, entre tantos outros personagens que usam disfarces para agir.
O disfarce ainda é elemento para quem quer se esconder para realizar algo ilegal. 
Historicamente temos o Cavalo de Troia, o capuz dos carrascos das guilhotinas, o disfarce da Ku Klux Klan (movimento extremista, racista e reacionário surgido nos EUA) , bem como os rostos tampados das rebeliões de presídios e mais atualmente as famosas máscaras das manifestações sociais e políticas do País.
Nesses "ataques surpresas", os "disfarçados" aproveitam desse medo comum das pessoas para a prática de seus atos, seja o bullying, por provocar e mexer com o medo inconsciente ou mesmo a surpresa de algo mais violento, pois esses indivíduos se aproveitam do disfarce, tentando esconder sua verdadeira identidade e personalidade debaixo de uma fantasia, o que também é uma demonstração de algum distúrbio! Vivemos um momento de circo de horrores.
E já há quem esteja indo às ruas, também disfarçado, para combater esse "crime". Parece que estamos em um filme de ação dos anos 70. Não se assuste se ver a luz de um holofote nos céus com a marca do morcego rsrsrs.
Por outro lado, e seriamente,  há muitas outras pessoas que amam e adoram a figura do palhaço por ser ela a imagem de transgressão permitida, da liberdade, de fuga do padrão comum, de vivenciar a simplicidade, a pureza, da graça, da caracterização da alegria, sentimentos muitas vezes, mascarados por nós!
Nos vemos! Nos lemos!









quinta-feira, 13 de outubro de 2016

esse é Kobra!

compilação de imagens de obras de Eduardo Kobra * Google free pics
Eduardo Kobra é o mais mundialmente famoso muralista (grafiteiro artístico por assim dizer) da atualidade.
Brasileiro e dono de uma marca registrada inconfundível, junto de seus colaborados do Studio Kobra, vem espalhando seus trabalhos pelos quatro cantos do mundo, comemorando datas, enaltecendo personalidades, reforçando ícones e paisagens com suas cores vibrantes cheias de vida.
São muito os trabalhos desse artista, um deles, considerado o maior grafite do mundo (mais de 2.500m²), "Etnias" **, pintado no Pier Mauá, na cidade do Rio de Janeiro como parte das comemorações dos jogos olímpicos 2016. 
Resultado de imagem para etnias - eduardo kobra
**Etnias - Rio de Janeiro
Anterior a isso, fez a fachada de um centro cultural na Vila Madalena em São Paulo onde retrata o cantor Tom Zé, uma referência de música paulistana. Recentemente, seu mais novo trabalho foi  a fachada de um prédio em Amsterdã em homenagem a Anne Franke.
São muitos os artistas, cientistas, políticos e personalidades retratadas por ele, tais como: John Lennon e Yoko Ono, Oscar Niemeyer, Chico Buarque de Hollanda, Ariano Suassuna, Madre Teresa de Calcutá, Alfred Nobel, Ayrton Senna, Arthur Rubinstein, Albert Einstein, Gandhi,  além de obras repaginadas como  "O Beijo" e "A Bailarina", temas de relevância social e discussão abraçadas pelo projeto Greenpincel, como a pintura Sem Rodeios, preservação da Amazônia, preservação animal e ambiental, entre tantas outras obras de diferentes tamanho feitas no Brasil ou no mundo. 
Um das cidades que ostentam suas obras num verdadeiro museu a céu aberto é São Paulo, como segue um pequeno roteiro abaixo (disponível na internet);

01 – Oscar Niemeyer, Praça Oswaldo Cruz, av. Paulista
02 – A Arte do Gol (projeto Muro das Memórias), av. Hélio Pellegrino com av. Santo Amaro,         em São Paulo
03 – Chico e Ariano, na avenida Pedroso de Morais, Pinheiros
04 – Mural da 23 de Maio (projeto Muro das Memórias), av. 23 de Maio (próximo ao viaduto         Tutóia)
05 – Murais do Parque do Ibirapuera, ao lado do MAM, no Parque do Ibirapuera
06 – Pensador, Senac Tatuapé, em São Paulo
07 – Muro das Memórias Caixa d’água, Senac Santo Amaro
08 – AltaMira (projeto Greenpincel), rua Maria Antônia, São Paulo
09 – Muro das Memórias, Senac Tiradentes, em São Paulo
10 – Viver, Reviver e Ousar, Igreja do Calvário, em Pinheiros
11 – Sem Rodeio (Projeto Greenpincel), av. Faria Lima
12 – Muro das Memórias Senac Tiradentes, av. Tiradentes
13 – Racionais MC’s, Capão Redondo
14 – Genial é Andar de Bike, Oscar Freire
15 – A Lenda do Brasil, rua da Consolação


Maiores detalhes do artista no site http://eduardokobra.com
Inspire-se. Nos vemos, nos lemos!


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Lembrando e comemorando!

exemplo de doodle e logo do facebook (dedo amarrado
para lembrar de algo)
Acho legal quando os internautas, ou por ação própria, ou para seguir uma tendência, fazem da maior rede social de todos os tempos, o Facebook, uma forma de abraçar  alguma causa, seja pelo seu apelo social, modismo, por apoio, por compartilhar sua solidariedade em muitos aspectos e criam ou mudam suas fotos de perfis ou da página como prova dessas manifestações. Assim como o Google tem o Doodle, que são “comemorações!” do famoso navegador e buscador quando de datas importantes. Já vi Doodle do Google comemorando Ano Novo, Carnaval, Páscoa, Dia das Mães, dos Pais, dos Namorados, Dia da Independência do Brasil,  Natal, etc e etc. Até mesmo na torcida pela Seleção Brasileira. Os últimos registrados comemoravam o Dia dos Avós na Itália, o Centésimo aniversário da ferrovia transiberiana, aniversário do Calendário Gregoriano, aniversário da reunificação Alemã, Teacher´s Day na Estônia
É uma forma simples de mostrar apoio, solidariedade e lembrar os usuários de qualquer comemoração e por si tem sua graça. 
Estamos no mês de outubro e muitos perfis apresentam fotos de seus usuários quando crianças em alusão ao dia da Criança. Outros aparecem envoltos por um laço cor de rosa como forma de apoio à campanha de prevenção ao câncer de mama e no mês de novembro será a vez do azul em favor à campanha de prevenção ao câncer de próstata e assim por diante.
Além dessas, temos as manifestações de luto, indignação, tendência e apoio político como visto a pouco em função das eleições, algumas montagens bem sacadas entre outras.
Esse é um dos lados bons das redes!

Nos vemos, nos lemos!

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Terceiro turno!

Fim das eleições para grande maioria dos municípios do Brasil. Candidatos reeleitos, surpresas, acusações de fraude e a apresentação do maior vencedor dessas eleições e que, seguramente, darão as caras no segundo turno, o grande número de abstenções, nulos e brancos. Chegaram a 53 milhões em todo o Brasil.
Abstenções são aqueles que faltaram ao cumprimento do dever obrigatório do voto e deverão, de alguma, forma justificar sua ausência e pagar a sua multa a fim de quitar sua situação com a justiça eleitoral.
Votos nulos e brancos, ao contrário de que muita gente pensa, valem apenas para dados estatísticos e não representam uma forma de protesto. 
Votos nulos são contabilizados em caso de suspeita de fraude ou para impugnar aquele candidato que, por ventura, tiver qualquer contratempo quanto sua candidatura em andamento. Nesse caso, se a nulidade for maior que 50%, novas eleições são marcadas e isto está previsto em lei. 
O voto branco não ajuda ninguém,  ainda é resquício da época em que se votava em cédulas e a preocupação de que esses votos fossem indevidamente marcados fraudulentamente favorecendo um ou outro candidato. Hoje em dia, o sistema eletrônico, dificulta e muito esse tipo de fraude. Achar que voto em branco ajuda em alguma coisa é pura falácia.
O voto em branco é um elemento do processo democrático, é a liberdade que o eleitor tem de não escolher nenhum dos candidatos concorrentes caso nenhum deles atendam seus anseios de mudança política.
De qualquer forma, mesmo que estatisticamente não oficial, esse grande número de votos nulos, brancos e abstenções refletem uma insatisfação generalizada. O processo político está ultrapassado. A descrença na classe política está em alta devido aos infindáveis casos de corrupção que mostram o desvio descabido de dinheiro público que são roubados indiscriminadamente para atender necessidades particulares ou de patrocinar outras fraudes e esquemas de corrupção, como se fosse uma corrente ininterrupta e isso independe de partido e sim da ação humana.
A obrigatoriedade do voto e do horário político soam impositivas para um processo que se diz democrático, de livre escolha, mas que se mostra corrompido, fraudulento por parte de seus integrantes.  Uma vez fosse o processo mais moderno, de reais punições às corrupções e todos os corruptos envolvidos, talvez haveria uma mudança nesse quadro global.
Se os postulantes são cidadãos que querem ser representantes da população em uma casa legislativa ou executiva, que os sejam em grau de igualdade, com a mesma proporcionalidade salarial, de regalias, obrigações, direitos e deveres para com os cidadãos comuns votantes. Essa sim seria uma ideal forma de fazer política, sem fosso, sem distanciamento entre pessoas da população e pessoas que fazem o processo todo. Os candidatos concorrem às vagas e não são convocados para assumí-las, daí penso no critério de não regalias, no critério de igualdade e os atos ilícitos praticados por esses devem ser julgados e punidos sem quaisquer proteções ou diferenças. Muitos outros países já demonstram isso.
Verdade também, que em outros locais, apenas a título de comparação, existe uma maior participação popular no envolvimento com a política, de entendimento da mesma, de cobrança e de participação nos processos legais que regem a vida dos cidadãos. A política não pode ser tratada na terceira pessoa, como se não fosse problema de cada um. Ela é !!
Se os números apontados nessas últimas eleições demonstram isso, está mais que provado que há necessidade urgente de uma reforma política e da maneira de fazer política. Uma mudança na forma de pensar e de agir de cada um de nós, cidadãos, eleitores ou candidatos. Algumas mudanças já aconteceram nessas eleições, pseudo celebridades não foram eleitas, candidatos corruptos, muitos, não foram eleitos ou reeleitos, denúncias de compra de votos ou outras irregularidades foram alardeadas, comprovou-se que rede social não elege ninguém nem serve de parâmetro a não ser de confirmação e divulgação de pesquisas sérias realizadas por institutos responsáveis. 
é um pequeno passo para o grande avanço.
Estamos diante da necessidade de um longo processo de mudança de uma nova forma de governo, uma nova divisão, uma nova forma de votar. 
Que venha e que transforme! 
Nos vemos, nos lemos!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Domingos Montagner

De repente, um bonitão, gente boa, de origem circense e ex-atleta, invade as telinhas das tvs brasileiras e cai imediatamente no gosto do público. Convence pelo bom trabalho e conquista pelo caráter, pela integridade, pelo carisma natural. De palhaço a vilão, de mau caráter a galã, emprestando suas faces paras seus personagens, da mesma forma que emprestava sua imagem real para as causas de ajuda humanitária de diversas campanhas. Reconhecidamente um homem de bem! Querido por todos conforme as sinceras, inéditas e emocionadas homenagens prestadas diante seu abrupto desaparecimento. O mesmo São Francisco que inspirou seu santo, talvez tenha se deixado envolver pela realidade da ficção e tomou o homem para si. Que o São Francisco faça dele o instrumento de sua paz, que leve amor onde houver ódio, que leve perdão onde houver ofensa, que leve a fé onde houver dúvida. Que o rio leve seus bons fluídos para o mar e inunde o mundo como um todo.Que o homem descanse em paz!

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Alto e nada bom som!

Jingles!! Eles invadem as ruas e colam no cérebro vendendo os mais variados tipos de produtos. Vão de músicas bem boladas até paródias toscas que muitas vezes causam o efeito contrário: a repulsa pelo produto oferecido.
Agora, nesse período pré-eleitoral, a invasão das ruas é certa. Seja em carros, peruas, motos e até bicicletas sonorizadas esgoelando os mais variados jingles e paródias. Das boas e inteligentes musiquinhas até as mais gritantes obras de falta de criatividade, parodiando músicas famosas, sem se importar com a métrica ou mesmo com o bom, velho e vilipendiado português, tudo com decibéis exponenciados.
A invasão dos jingles transformando as ruas em jungle com cabos eleitorais e serviços contratados para esse fim. Haja barulho e papel!
Será que o candidato acredita mesmo que vai convencer alguém do seu voto com uma musiquinha chiclete, sem criatividade, que repete exaustivamente o número do candidato, sem ao menos mencionar o nome do cidadão? Um universo em 30 segundos!

A piada é de mau gosto, uma vez que se trata de campanha para escolha de nossos representantes na esfera política.  A julgar pela qualidade das propagandas, o cenário assusta. Essa tal democracia!!! 
Temos uma vantagem: O tempo esse ano é mais curto e, em breve, esqueceremos de tal suplício. Se parasse por ai, seria bom, mas......
Nos vemos, nos lemos!

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

O legado

Imagens encerramento Rio 2016 - free pic Google
As Olimpíadas acabaram  e muitas situações ocorreram durante o período de preparação e realização dos jogos:
Uma onda descontrolada de indignação tomou forma depois que um suposto provável golpe, trama ou conluio mergulhou o Brasil com os dois pés na lama da recessão, dando fôlego às mais diversas formas de manifestações. A baixa expectativa, a desesperança, o medo, a torcida do contra, o pior sintoma da síndrome de vira-latas, que ostenta suas sarnas como troféu, não foram suficientes para apagar o brilho da realização das Olimpíadas no Brasil. Muitas manifestações manipuladas como esperado e outras tantas sem fundamentos empoderaram a grande massa, dando-lhe força. Viraram os holofotes para a realização da Olimpíadas no Rio de Janeiro diante de toda a corrupção que foi jogada no ventilador, contra  o superfaturamento das obras, falta de pagamento de policiais federais, servidores públicos, problemas estruturais e tantos outros serviços essenciais e de utilidade pública que despertaram o desejo da não realização dos jogos, porém tarde demais. E deram muita ênfase aos problemas que circundavam o evento olímpico. A própria mídia oficial nacional, com sua hipocrisia toda, não media esforços para alimentar esse sentimento antirrealização dos jogos, misturando com suas influências políticas e, ela mesma, depois, se rendeu aos encantos do sucesso dos jogos amenizando seus comentários montados. Uma intensa divulgação da queda de parte da ciclovia Tim Maia em São Conrado, devido a uma forte ressaca, que ocasionou a morte de duas pessoas e abriu os olhos para as obras feitas às pressas e sem qualquer cuidado mais profissional.
O símbolo olímpico chegou e começou a percorrer o País de norte a sul, de leste a oeste. Muitos foram os tombos daqueles que, sem nenhum preparo, carregaram a tocha em seus locais. Uma onça morreu, A tocha andou no asfalto, na terra, nas águas, nos ares. Sofreu tentativas de ser apagada, tramadas pelas redes sociais de maneira aberta. No meu ponto de vista, essa foi uma das maiores falta de respeito para com o símbolo olímpico, os atletas e aos jogos, que eu já tratei em outra postagem. Algumas cidades não engoliram a maquiagem feita pela administração pública, a fim de mascarar a pobreza de seus bairros sem estruturas, para receber a passagem da tocha e promoveram manifestações que acabaram com o evento antes da hora. A segurança da tocha estava em perigo, tanto quanto a segurança dos jogos, depois das ameaças reais de extremistas fundamentalistas com células descobertas dentro da nossa casa, um ineditismo para nosso velho e vilipendiado País.
Depois de muita reclamação quanto à situação dos prédios da vila olímpica, uma maratona de reparos finais e acabamentos de última hora foram feitos para sanar problemas comuns a prédios novos. Boxes sem chuveiros, outros entupidos, assim como vasos sanitários e pias sem água, acúmulo de sujeira, entre outros. Mal sabiam que, ao final dos jogos, os habitantes da vila entupiriam as redes de esgotos com um número inimaginável de preservativos usados. A consciência não deve trafegar em mão única! Como se não bastasse, nos primeiros dias, um foco de incêndio acionou os alarmes. Com a chegada dos bombeiros, concluíram que caixas de papelão deixadas no subsolo e bitucas de cigarro provocaram o pequeno fogo, uma combinação nada agradável para aquele momento.
O COI retirou as religiões africanas do centro ecumênico da vila olímpica! Priorizou as religiões praticadas pela maioria dos atletas (cristianismo, budismo, hinduísmo, judaísmo e islamismo) com cerimônias em português, inglês e espanhol! Alguns torceram o nariz!
Até o mar em Copacabana resolver contribuir para o pré evento com uma ressaca inesperada, invadindo a faixa de areia e a primeira pista da orla, justo no local onde as redes de tv estrangeiras montaram seus estúdios e onde estava a arena de vôlei.
Enquanto isso na Vila Olímpica, a grande fila de lanches gratuitos para os atletas só teve comparação com a quantidade de reclamações quanto à estrutura de alguns apartamentos e infraestrutura do evento.
Novas modalidades foram aceitas pelo COI para os próximos jogos, entre elas o karatê. A seriedade da vigilância do Comitê baniu um atleta indisciplinado.
O ex-jogador e ex-técnico Zagallo, um dos reis do antigo e bom futebol arte brasileiro, emociona-se ao transportar a tocha em cadeira de rodas. Dr Yvo Pitangui, um dos cirurgiões plásticos mais famosos do mundo, também conduziu a tocha e fez desse evento sua despedida terrena, vindo a falecer no dia seguinte.
A equipe chinesa de basquete fica presa em meio tiroteio próximo favela da Maré após desembarque no Galeão. A delegação da Dinamarca é roubada na Vila Olímpica! A falta de segurança chegou a assustar atletas e turistas.
A cerimônia de abertura veio como alento à toda essa tensão e depois do fiasco da abertura da Copa do Mundo. O tema utilizado na cerimônia chamou todo o mundo para a responsabilidade da preservação dos recursos naturais, em que todos nós somos responsáveis. Colocou o dedo na ferida de maneira irreverente. De quebra, mostrou uma história do Brasil mais real, inclusive com crédito a Santos Dumont pela invenção do avião, gerando desconforto nos norte-americanos, e destacou as referências brasileiras de reconhecimento mundial para reforçar nossa identidade de país plural. Mesclou o local com o internacional como forma de tradução da nossa cultura. Um espetáculo emocionante que rendeu excelente manchetes em todo o planeta.
O velho centro do Rio, a região da praça Mauá, Praça XV e porto, agora revitalizados, transformaram-se num pólo de grandes atrativos. Os antigos armazéns viraram pequenos museus itinerantes dos países participantes dos jogos, um enorme calçadão e boulevard cercado de intervenções urbanas e culturais uniram as praças margeando o antigo porto com vista para a Ilha Fiscal, emoldurada pelo exoesqueleto do Museu do Amanhã e colorida pelo maior mural grafitado do mundo feito pelo artista Eduardo Kobra. Ali, estava a inédita pira olímpica popular, uma miniatura da pira acesa no estádio do Maracanã, icônica, modernizada, atual e ecologicamente correta, acompanhando o tema da cerimônia de abertura. Os jogos começaram, de maneira tímida e, aos poucos, foram ganhando o gosto e o cotidiano de toda a cidade e do País. Surpresas, acidentes, recordes, medalhas inesperadas, despedidas e muita emoção marcaram os dias de jogos, transmitidos quase que ininterruptamente pelas emissoras de tv. O país estava representado pela cidade sede, seu maior cartão postal, de braços abertos, deixando boquiabertos milhares de turistas de primeira viagem com a simpatia e alegria de ser do carioca, com a boa comida, com a fartura de possibilidades gastronômicas e turísticas, intensa vida diurna e noturna,  com o calor do inverno, superior ao verão de muitos países participantes, desmitificando a selva, os índios e animais selvagens soltos pelas ruas.(apesar da maior floresta urbana do mundo cravada no meio da cidade).  Uma cidade grande, extensa, envolta em morros, de cara para o mar, mostrando sem pudor suas mazelas, sua poluição, sua pobreza, seus extremos, sua nudez, sua violência (não somente pelos assaltos, mas sim pela discrepância social de sua área urbana). Quem curtiu as arenas, os estádios na zona oeste e as atrações em Copacabana e Baia da Guanabara, pode perceber os extremos sociais gritantes entre a zona sul e as regiões mais carentes, sem deixar de  se apaixonar pela alegria de viver de seus moradores, todos eles. Pegamos gosto por essa convivência e, por mais caótica que fossem as mudanças  para a cidade se ajustar aos jogos, com o zumzumzum de hordas de pessoas, idiomas e sotaques prá lá e prá cá, ainda era possível dar continuidade à vida que seguia: trabalho, escola, família, afazares, etc. Houve quem torcesse o nariz, mas a unanimidade é burra! Acostumamos, todos nós, a inserir o evento em nosso dia-a-dia! Eu mesmo não resisti à contaminação desse clima e fui ver pessoalmente, quase no fim da festa, toda essa agitação, esse corre-corre, esse calor universal que estava entranhado na cidade. Fiquei emocionado, tanto quanto na cerimônia de abertura. No meio daquela multidão, maior que a população da minha cidade, no meio de uma praça e diante de um telão, meu pensamento viajava solto procurando entender cada olhar ali.
Fizemos um grande espetáculo que teve um ingrediente único, uma especiaria endêmica chamada espírito brasileiro que mescla os mais nobres temperos indígenas, europeus e africanos e se recria. Tempero esse recheado de criatividade, de alegria, de luz, de vida, de uma terra banhada de sol. O mesmo sol que com uma lágrima manteve a chama olímpica acesa, não só no estádio, mas ineditamente nas ruas, sem distinção, perto do povo guerreiro, esperto, malandro, malemolente, festeiro, gentil, herói, que sonha com o advento de um país melhor prá se viver. Pessoas que dividem um imenso espaço público para o ver seu time jogando. Éramos milhares de juízes condenando o jogo de um jogador só, azarando os lances do adversário e aplaudindo os acertos da nossa seleção. Fomos um público que torcia pelos azarões – acredito que por reconhecer neles a inferioridade a que são submetidos ou rotulados e por apoio. Pessoas que vaiam como manifesto unânime e uníssono que quer dizer: “sai prá lá”, um bom agouro que funciona como tensão psicológica sobre o adversário, seja ele quem for. Se não há tempero, não se entende essa salada, esse idioma. Se é torcida é festa, se é festa tem som, som faz barulho e somado a milhares de torcedores no quintal da própria casa, esse som é exponenciado e é assim que sabemos fazer. Ainda mais quando o gol é contra aqueles que nos humilharam tecnicamente na última Copa.
Ganhamos pela gentileza, ganhamos por sabermos que não estamos na melhor fase dos nossos problemas internos, mas temos possibilidades de fazer um evento em escala mundial. Conquistamos o mundo temporariamente e mostramos o que somos. Sem vergonha de sê-los! A tal síndrome de vira-latas! Mostramos que mesmo sem uma raça definida, tal qual é o mesclado povo brasileiro, somos fortes , diferentemente iguais e únicos, fiéis às nossas origens, às nossas tradições e cultura, com características próprias e isso sim é o nosso  pedigree.
Mostramos que não somos o país das bananas e da zona generalizada, pois desmentimos na frente do mundo todo, aqueles atletas do chamado primeiro mundo que tentaram usar nossas fraquezas sociais como escudo de seus atos de vandalismo. O preço da mentira foi alto e gerou uma onda de pedidos de desculpas dos compatriotas e outros turistas ao deixar o Brasil.  O bom espírito fez nações inimigas darem as mãos, outros reconheceram as superações de seus maiores adversários. Num gesto nobre, um atleta doou uma de suas medalhas para salvar uma vida, enquanto a família de outro atleta, salvou várias outras vidas com a doação dos órgãos de seu ente querido morto em acidente durante os jogos. Se no quadro geral de medalhas resultamos modestos, fomos ouro cravejado de diamantes na recepção e simpatia popular. Tudo isso somado ao arrepio do nosso belo hino, do efêmero momento cívico, que deveria correr mais forte em nossas veias e fazer a transformação moral, ética, social e política que precisamos para sermos mais cidadãos, para termos orgulho no dia-a-dia e não apenas em festas. Fazer dessa exceção a nossa regra. O tempero já temos, falta o ponto certo do preparo.
A despedida chegou no tom. Fria, chuvosa e chorosa, sofrendo de abstinência de emoção. A cerimônia de encerramento reforçando nossa cultura, nossos sons e ritmos, exaltando a terra. Reafirmando o recado dado de que somos todos um só mundo e precismos cuidar melhor de nós mesmos! A tristeza pelo fim do evento se concretizou em chuva verdadeira e cenográfica que apagou a chama de forma delicada, recheada de símbolos e entregou o bastão dessa modalidade para outro país, outro idioma, outros sons e temperos do outro lado do mundo.
Ainda faltam as paralimpíadas, mas isso é assunto para outra postagem. 
Nos vemos, nos lemos!