Que o acidente aéreo que vitimou
jogadores e dirigentes do Chapecoense, jornalistas e tripulação causou uma
grande comoção não há dúvidas. Uma tragédia, uma infeliz sucessão de fatos que
terminaram com a queda da aeronave sem combustível. Uma falha humana gerada
pela ganância e o excesso de autoconfiança que fizeram a pequena aeronave se
chocar com o topo de uma montanha e deslizar ladeira abaixo ceifando jovens,
sonhos profissionais, todos envolvidos com o mais popular dos esportes
mundiais.
As celebrações em solo colombiano
e as manifestações de pesar mundo afora ganharam forma e emocionaram muita
gente. Nunca antes um acidente teve tanta repercussão midiática quanto esse.
Uma hiper-manifestação de
solidariedade, sem precedentes, elevando mais o grau de sensibilidade dos
expectadores mundo afora, exacerbando o sentimentalismo e deixando aflorar o
arrepio, o choro e a consternação. Não teve quem não se emocionasse com falas,
gestos e a tão esquecida solidariedade entre os homens. Parecia que tal
sentimento é novo e causa uma certa estranheza em quem o presencie de forma tão
viva.
Que mundo é esse? Assistimos
espantados, de certa forma, à grande demonstração de humanidade como se fosse
algo inédito. Estranhamos o natural. E isso foi feito com outro sentimento que
mais agride o ser humano: a perda! Não
temos controle sobre ela, não sabemos encarar a morte. Não sabemos lidar com a
dor física que vitimou tanta gente. Não somente passageiros desse triste voo,
mas também as vítimas da violência extremista que assola o mundo com fosse um
gigante jogo de War num tabuleiro chamado planeta Terra. Vidas levadas pelos
bombardeios de cidades, vidas levadas pelos sucessivos naufrágios, pela fome,
pelos maus tratos, pelas ações (ou respostas) da natureza, pela violência fácil que ronda o mundo, onde a vida passa a ter menos valor que bens materiais, as ofensas gratuitas, o enclausuramento individual.
Gestos de carinho com
desconhecidos, choro coletivo, frases de impacto, mesmo que em alguns momentos
pareça uma histeria coletiva. Parece que o mundo precisava disso, dessa catarse,
dessa aproximação de seres humanos carentes de outros olhares, carentes de
compaixão, de carinho, de abraço, de amor, de atenção. Carentes de freios na correria
do dia a dia para podermos olhar em volta, perceber o chão em que se pisa.
Parece que o mundo precisa dessas provas para ter certeza que o Homem é capaz
de se unir e dividir o peso desse fardo, que é capaz de se unir para construir
coisas boas.
Parece que o Homem precisa disso para
se lembrar que é gente!
Nos vemos, nos lemos!
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