quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Crisis, what crisis?

Não! Não estou falando do álbum do Supertramp.
Ontem (24/02), o jornal da noite traçou um quadro nada animador para a situação financeira do País.
Há quem diga que a crise está sendo maquiada de forma carregada e há quem não trace um cenário tão ruim e caótico como o pintado pelo jornalismo da referida emissora que, segundo alguns críticos, tem pegado pesado de uma lado da moeda e passado a mão na cabeça do outro lado que está tão sujo quanto o primeiro. Segundo informações, a saída da crise só se daria em meados de 2018 dependendo da reação mundial diante da crise global e de quem seria a bola da vez.
O mundo capitalista se baseia e se mantém às custas do trabalho de muitos para manutenção de poucos. O famoso bolo mal fatiado não é capaz de alimentar a todos e isso gera indústrias de fome, de falta de saúde, falta de educação, como se fosse uma peça, uma tragédia com papéis fixos em que mocinhos e bandidos se digladiam a todo instante, onde o pescoço de cada um é a parte vulnerável. 
Não sou a melhor pessoa para falar de política econômica, mas o mundo de negócios se descobre cada vez mais corrupto e sofredor de todas as suas consequências.
A ideia de um mundo melhor também não existe, pois não há cooperação dos países que formam essa rede. Haja visto que as metas não são alcançadas quando apresentadas ou sugeridas nos encontros internacionais das potências. Uns querem mais que outros. Uns não se contentam com a carniça enquanto restam aos outros poucas migalhas. O modelo não é autossustentável.
Uma pena. Espero que seja apenas uma forma alarmista e sensacionalista de se fazer jornalismo. Curioso pensar que se, de fato, a situação tomar a forma projetada, o mesmo âncora que faz tal previsão seria atingido, acabando de vez com sua empáfia e um visível desgosto de apresentar tal jornal da mesma forma que aqueles que se equilibram no topo da pirâmide serão abalados com  a fragilidade e insustentabilidade da base desta.
Caso, infelizmente, o cenário se instale, que Deus nos dê sabedoria para driblar tal situação, pois não quero fechar a porta nem apagar a luz.


* imagem sobre crise do Google


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

FanBook

Em alguns momentos penso que esse deveria ser o nome da mais popular rede social de todos os tempos. 
Por que FanBook? 
Fan é ventilador e o que mais se vê ultimamente é o lançamento indiscriminando de m......nesse aparelho, com intuito de espalhar tudo mesmo, causar balbúrdia!
São depoimentos de ódio, de racismo, de intolerância, preconceitos, desrespeito às religiões, às instituições formadas, a países, povos e cultura. São manifestações que viralizam e se espalham tão rapidamente como rastilho de pólvora e ganham adeptos que as compartilham e potencializam o lançamento dessas mensagens sem sentido aos quatro cantos. Muitos que não prestam atenção ao que é lido transformam essas notícias em verdades absolutas e montam em cima delas discursos inflamados, cheios de apontamentos e verdades que convencem os menos críticos que nem percebem os assassinatos da língua portuguesa. Basta uma olhada rápida pela rede e percebe-se o quanto de "ideologia" é vendida como a tábua de salvação da humanidade. Parece haver um exército que gosta de ver o circo pegar fogo, sem saber que, em alguns casos, cometem crimes que passam despercebidos; Expõem vidas, ridicularizam pessoas, criam situações. É o lado obscuro da rede, comum a todas que existem virtualmente por aí. Uma vergonha! Cautela e canja de galinha nunca fizeram mal e a dica é ampliar e ajustar o filtro do bom senso quando se depara com algo de crédito duvidoso, sejam as mirabolantes resoluções para as crises políticas que vivemos, seja para entender matérias teóricas de conspirações mil ou fofocas!
E assim caminha a humanidade!
Nos vemos, nos lemos!


*imagem: criação do autor!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

...e lá vou eu....

Querem acabar com a Globeleza!
Questão que tem sido repetida inúmeras vezes nas redes sociais e em pouco tempo ganhará debatas acalorados e inflamados em programas de auditório, abafando discussões mais importantes, diante do cenário político que vivemos e que mexe muito mais diretamente com nossas vidas que as folias de Momo.
Uma suposta apresentação do vídeo da vinheta de carnaval da Rede Globo teria sido mostrado para americanas negras que se manifestaram contra a exploração do corpo feminino, coberto apenas de tinta, que requebra sensualmente ao som de cuícas, pandeiros e tamborins. Nessa mostra, a maioria das mulheres é contra a exposição de um corpo feminino e negro. Outras sugerem que seja um casal, outras que a mulher seja trocada por um homem, entre tantas outras opções e sugestões.
Voltando ao hemisfério sul, precisamos entender algumas coisas. Não para justificar ou abrandar o calor da discussão, mas como toda discussão, é preciso ter maiores informações sobre o assunto.
A exposição da figura feminina no Brasil é um retrato fiel do chamado imperialismo machista que vigora no mundo e que vem de longe. Os livros de História mostram isso, como se a mulher fosse a culpada pela ruína de impérios, da falência de riquezas, da destruição de lares, da decadência social. Como coube ao homem, desde muito antes, o sustento da casa e manutenção do lar, ficou fácil relegar a mulher a um segundo plano, às tarefas ditas menores, aos cuidados dos filhos, do marido e das tarefas caseiras (como se isso fosse pouco e que não exigisse qualidade). Mais friamente, em muitos casos, era tratada apenas como objeto sexual descartável.
Isso está mudando, embora não tenhamos acordado desse atraso antropológico, e ainda assim, em pleno século 21, discutimos o que deveria ser o básico da condição humana: a convivência de gêneros que se completa, onde a manutenção da espécie depende do bom relacionamento entre eles, cada qual com suas capacidades naturais para  isso. Ou seja, meus 50% de espermatozoides mais seus 50% de óvulos e sua capacidade de abrigar uma nova vida no ventre são capazes de gerar outros homens e mulheres.
Voltando à vinheta. De acordo com o histórico do samba, do que foi criado, instituído e aceito, a figura da mulata é uma das marcas registradas desse ritmo, que é um dos símbolos do Brasil, que representa a maior festa popular do mundo. Não digo que o bom samba seja aquele feito por negros ou mulatos, mas historicamente, foram esses grupos que alimentaram essa atividade cultural, fosse como forma de lazer, fosse como forma de protesto às condições a que a população negra era submetida. 
Só para dar uma pequena ideia, a abolição da escravatura aconteceu sem qualquer programação e, de repente, as cidades se viram cheias de homens e mulheres, negros libertos, sem emprego, sem moradia, sem registro, sem “identidade social”. 
Alguns se marginalizaram, outros se vingaram, outros fugiram e todos ganharam o mesmo rótulo reafirmando o sentimento racista, que de velado não tem nada. 
Os ex-escravos passaram a ser tratados como escória sem que fossem dadas a eles as condições mínimas e básicas para complementarem o grupo social onde viviam e onde estavam sendo literalmente jogados e, dessa forma, foram obrigados a viver em sub condições, de onde surgiram os guetos que se transformaram nas favelas da época. 
Hoje em dia, a comunidade, como se chama de forma “politicamente correta”, é o conglomerado de pessoas com menores condições financeiras para sobreviver nas cidades (sejam elas negras, brancas, amarelas e afins), mas que carregam o estigma nefasto e cruel de ser favelado, associado ao crime, à violência,à malandragem. 
Não seria violência a forma de vida a que são submetidos pela condição de vida oferecida? Pobreza não é violência. Violência é falta de condição imposta para manutenção de outros grupos, descumprimento de ações sociais igualitárias, obstrução de acesso à saúde e educação e outros serviços públicos, achatamento social. 
Por outro lado, existiram e existem aqueles que têm o dom de lidar com as dificuldades e fazem uso desse dom para transformar o lamento em obra, os barulhos em ritmos, as dificuldades em aprendizado, as carências materiais em criatividade e as emocionais em poemas. Dessa forma, surgiu a musicalidade que representava aquele grupo, que mesmo sendo triste em algumas de suas letras, tinha nos ritmos uma alegria essencial para se manterem vivos, criando mundos a parte, fortalecendo-se como instituição, como grupos humanos. 
Nesses grupos, cada vez fortalecidos, as identidades foram tomando forma e a beleza da mulher negra e da mulata, fruto da miscigenação com o homem branco, conquistaram seu espaço. Eram essas as mulheres batalhadoras, que enfrentavam o preconceito, o tratamento diferenciado de outros grupos sociais que representavam a nova força desse grupo estigmatizado. Como o racismo sempre foi brando, velado e suas brechas permitiam alguns acessos e convívio com aqueles que não viam diferença nos grupos sociais a que pertenciam, aos poucos, todos  passaram a ter maior visibilidade um dos outros e a aceitação começou a tomar mais fôlego. O ritmo vingou, caiu no gosto popular e se transformou na linguagem de uma sociedade inteira e depois de muito tempo, de muita história, esse resultado acabou virando uma atração comercial de proporções mundiais e lucrativa. Daí a necessidade da criação da logomarca, com  um símbolo forte e apelo popular. Produto esse que representa uma liberação total.
O carnaval origina-se de uma manifestação de fundo religioso medieval onde era permitida a liberação antes de um longo período de abstinência. Período em que tudo seria permitido, os exageros seriam usados como catarse das influências dos maus espíritos que invadem a carne humana, um período em que tudo seria válido.
Essa indústria criada e associada ao calor de verão, a liberação da imagem feminina em tempo mais modernos, uma alusão às mulatas que já eram ícones de beleza e força e símbolo do ritmo, a liberdade que o carnaval se propunha, numa sociedade que não sabe ou diz que sabe muito bem diferenciar os níveis de sensualidade, resultaram na mulata da vinheta.
Essa é uma moeda de vários lados, pois há também quem se aproveite disso tudo para a exploração e fortalecimento do turismo sexual, utilizando a deixa da liberação total, do calor, sol, praias, corpos expostos e férias baratas para quem tem moeda forte no bolso. Existe uma permissividade embutida e sem freios que não consegue barrar alguns comportamentos. Tudo em nome de catarse de sentimentos e desejos reprimidos que tem na especulação sexual uma forma de escape e que precisa ser tão rápida como o ápice sexual e que provoque um imediato relaxamento, uma falsa sensação de calmaria para esse tipo de comportamento nessa situação. Da mesma forma com que se busca esse falso relaxamento com abuso de bebidas e uso de drogas. Drogas que sustentaram o evento por muito tempo, sob vistas grossas ou vigilância tão velada quanto o racismo praticado. Um assunto bem delicado e controverso.
É uma cadeia se embrenha por diversos mundos e submundos que margeiam  a realização de tal grande evento e que permite o hasteamento de diversas bandeiras e discursos infundados como defesa.
Seria necessário explorar a imagem nua? A imagem da mulata não poderia apenas simbolizar o samba?  Por que não um casal  ou alternar as figuras de homens e mulheres de várias raças que representam a miscigenação brasileira, ou passistas, instrumentistas, velha guarda e todas as figuras e entidades que simbolizam a invenção do carnaval e que são partes integrantes de uma escola de samba, uma vez que a festa é para todos? 
Entendo as questões propostas pelas pessoas, entendo que não há necessidade de explorações exacerbadas disso ou daquilo. Entendo misturar oportunidades e vender turisticamente um país tropical com belíssimas praias, povo acolhedor, boa comida. Entendo que não pode haver uma tal permissividade e liberalidade para outras ações que direcionam para outros submundos, uma viagem sem retorno. Entendo a catarse sob alguns aspectos, mas desde que isso não se torne item obrigatório para comemorar o tal evento, que se brinque, que se desfrute sem cair nas armadilhas que cercam esse reinado de quatro dias.
A beleza dos corpos humanos pode sim ser admirada como forma de saúde, de bem-estar, pela beleza que é a máquina humana e não como pedaços de carne num açougue à disposição. Não é uma questão de caretice, mas sim de respeito à pessoa que ali está, respeito à uma manifestação que se tornou cultural e tradicional não pela sexualidade desenfreada e explícita e sim por um contexto social e cultural, respeito a quem se sente intimidado com atos menos pudicos, respeito pela formação religiosa, entre muitos outros aspectos. Há que se ter uma admiração pelo espetáculo que se revela pela criatividade extrema, pela magia, pelo ritmo, pela emoção que causa uma bateria tremendo dentro do peito.
Portanto, em face de poucas informações como essas é que se deve pensar de como vender esse enorme produto, de como fazer essa propaganda, de como imputar a ideia na cabeça das pessoas que é possível sim  ter a maior festa popular do mundo. Espero que os próximos anos e décadas a frente sejam palco dessas boas transformações onde todos os quesitos  alcancem a nota adequada para manutenção de uma empresa que gera lucros e dividendos para todos os envolvidos, sem expor nada além de criatividade e ideias, boa música, críticas, sátiras sugestões, homenagens, apelos, etc. Bom entrudo, troça, carnaval para todos, com muito samba onde for de samba, axé onde for de axé, pagode onde for de pagode, com ou sem abadá, fantasia, serpentina e confete.



*imagem - Quadro de Dina Garcia



quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

pequenino, mas destruidor!

Enquanto o mundo se desdobra em complicadas ações para entender o que acontece lá fora, enquanto se especula o descobrimento de civilizações antigas, enquanto os governos se borram de medo de conflitos nucleares ou químicos, enquanto alardeiam que as explosões solares podem mexer no campo magnético do planeta e alterar tudo, enquanto rotas de prováveis colisões de corpos celestes são estudadas, enquanto o povo se indigna com corrupção, falta de saúde e educação, enquanto nossos rios, mares, floresta e ar sufocam com a poluição, enquanto a raça humana desaprende a viver em sociedade de forma intolerante, racista, preconceituosa, enquanto que se promovem barbáries em todas as áreas, enquanto se incitam conglomerados em ações sem fundamentos, enquanto se preocupam em divulgar falsas notícias e muito mais, um perigo pequeno e real pode por fim e desandar muita coisa no atual quadro evolutivo em que vivemos. Parece que congelamos em nossas ações de conquistas e de luta. Parece que as conquistas do passado passam a não ter mais porquês, como se tivéssemos lido o capítulo anterior e que ele não tem a devida importância. Enquanto gastamos um tempo precioso em tentar combater o invisível, muitas vezes gerado em nossa cabeça ou fruto de uma comoção histérica pública, deixamos de lado os ensinamentos do passado e permitir que antigos problemas ganhem força e venham cumprir essa missão de exterminar, pelo menos, uma boa parte da população, em uma nova movimentação da roda da história da seleção natural. Doenças antes controladas voltam com força total, bactérias e vírus antes debelados ressurgem mais resistentes, mazelas humanas, barbáries, carnificinas, holocausto acontecem quase simultaneamente nos quatro cantos desse mundão. Grupos humanos que fogem da guerra, da fome, da miséria. Famílias e vidas destroçadas, dilaceradas por comando bestiais de líderes político-religiosos. Voltamos uma ou quem sabe duas etapas da escala evolutiva. Resta pouco para comemorarmos a invenção da roda ou o domínio do fogo.
Enquanto isso, de maneira apática, quase sem ação, nos deixamos render pela ação de pequenos mosquitos. Inacreditável! Com a tecnologia e conhecimento do Homem nos dias de hoje, somos pegos de surpresa como se fosse uma novidade. Não dá para entender! Ficamos reféns da multiplicação geométrica desses pequenos animais capazes de transmitir doenças de forma tão rápida quanto sua proliferação na natureza. Enquanto os "enquantos" acima porporcionam tal situaçao. Enquanto grupos sociais não chamam prá si o controle e a ajuda no combate à criação dos mosquitos. Já não temos mais lagartixas, nem sapos, nem aves noturnas que se alimentam desses voadores. Aves comem ração anabolizada, insetos são devastados por pesticidas, anfíbios e peixes estão praticamente extintos longe dos rios  e riachos transformados valetas. Áreas naturalmente alagáveis se enchem de esgoto e material orgânico propício ao desenvolvimento das larvas em mosquito. Indivíduos que não enxergam o problema de forma coletiva e não se veem na obrigação de ajudar ou, pelo menos, fazer sua parte. Apenas nos envenenamos mais , de forma individual, com repelentes e outras panaceias químicas.
A visão e a noção do tamanho do descontrole também podem promover essa paralisação dos grupos humanos diante de um novo "E agora?".
O pequeno mosquito toma força e ressurge sem olhar riqueza e está presente em um continente quase que inteiro, sejam países pobres ondes as mazelas sociais são benéficas para a multiplicação desses insetos tanto quanto os países ricos, produtores das maiores poluições que também promovem sua reprodução. Os vírus  transmutam, ganham forças, debilitam o organismo e abrem um leque para outras enfermidades oportunistas.Um a um, caso a caso, reação a reação e parece que o Homem fica estagnado diante disso, preso atrás de gráficos e telas com suas projeções. Sociedades inteiras alheias ao acontecido delegando aos governos para que resolvam o assunto por eles. Não há um diálogo franco, aberto. Não há união de forças! Não há programação de atividades. Ainda se paga um preço exorbitante para viver no planeta! Até quando?


* imagem: o FDP do mosquito!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Musicalidade

Tenho visto, principalmente em publicações compartilhadas no facebook, muitas surpresas boas provocadas com o uso da música. Também tenho visto na TV, as dezenas de manifestações musicais que são tocantes. 
São muitos os programas de auditório  realizados pelo mundo, como o The Voice, The X Factor, Britain´s Got Talent, entre tantos outras e suas versões que circulam o mundo através das tvs e  redes sociais e que podem ser vistas aos milhares no youtube.
Incrível o empoderamento que a música dá, o que traz, o que provoca de emoção. Quem canta seus males espanta, quem canta reza o equivalente a 300 vezes. Parece sim ser a comprovação que a voz dos anjos (enquanto perfeição ) é musical. Como disse o músico Carlinhos Brown, é indiscutível o resultado que a educação musical proporciona às pessoas, principalmente às crianças (no caso em uma declaração no The Voice Kids Brasil). Parece que algumas vozes ecoam do passado como disse o técnico musical do BGT e parece que isso quer dizer algo.
Outros canais apontam algumas apresentações únicas como sendo manifestações espirituais, como a pequena holandesa que cantou sozinha uma canção gravada por nada menos que Maria Callas, ou atos de superação como a moça que não cabia em si de tanta vergonha e timidez e que soltou a voz numa interpretação de My Sweet Valentine ou mesmo a pequena e carismática menina que cantou graciosamente uma música de Chico Buarque e demais apresentações surpreendentes já viralizadas. Garotos pré-adolescentes que modulam e seguram o tom numa fase de mudança de voz e alcançam notas estratosféricas sem sair de suas zonas de conforto. Parece haver uma mudança na interpretação, na maneira de cantar. Vozes agudas, metálicas e alcances inimagináveis e vozes fortes, potentes e graves.
Não vou falar aqui do comércio, de pop stars, mercado fonográfico, música de massa ou hits sazonais sem conteúdo.
Falo da emoção natural do dom de cantar, do entender a musicalidade, de moldar aos limites naturais e fazer disso uma arte, de entender que voz tem poder, que se pode cantar bem sem ter uma extensão vocal como a de um tenor, barítono, soprano ou contralto clássicos. Falo de criar a própria técnica, criar  possibilidades próprias. Falo da emoção e arrepio que essas interpretações provocam. Fico pensando que quando o ser humano, lá nos primórdios da civilização, começou a entoar algo, a imitar os sons melódicos da natureza, fico imaginando como foi essa descoberta, o assombro que isso deve ter causado. De como foi a evolução até surgir o cantar, uma manifestação que vem se transformando tempo após tempo. A mescla desses sons com a criação de instrumentos e o casamento perfeito entre eles.

A música reverbera no cérebro da gente, parece coçar a garganta, o ouvido, atrás dos olhos, lá dentro na região do Tálamo, região Pineal, que mexe com a gente. Eu sinto isso, parece que, causa um curto, uma elevação química, eletromagnética, que franze a testa, provoca contorções, arrepios  e caretas como se o músculo quisesse alcançar as notas (por isso entendo as caretas de músicos solista quando de apresentações). Como se o corpo quisesse desenhar a linha melódica. Quando se canta ou acompanha uma dessas apresentações emocionantes, parece que se desliza numa estrada fictícia e que ali estão seus limites de altos e baixos de onde pode ser livre e brincar sem erros. Sei que é uma figura de linguagem usar isso, mas é como percebo a música, por isso que uma bela canção nos faz “viajar”. Que nós possamos espantar nossos males sempre mais.


*imagem: Google free pic

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

2º ato!

Algumas situações preocupam quanto ao direcionamento que estamos dando à nossa vida social. Já não bastasse o exercício diário de viver em sociedade, conviver com todas as diferenças, com as doses diárias de respeito, tolerância, compreensão, discernimento para que essa estrutura se mantenha equilibrada, ainda temos que reequilibrar quando de eventos que nos abalam. Estamos num momento de turbilhão de pensamentos, de descontentamento social, político e econômico, diante de uma severa prática de desrespeitos aos direitos humanos, seja na convivência com nosso semelhante do outro lado da rua, seja com fundamentos vazios de política ou religião, além da manifestação da doença a que submetemos a natureza que nos cerca.
Estamos praticando as mais cruéis formas de descaso para com o ser humano, estamos matando de fome, de sede, por falta de acesso à saúde, por desinformação, por grupos isolados de pensamentos e de busca do bem-estar comum, por sectarismo forçado, por intolerância, por desrespeito e, principalmente, por ignorância ( a falta de conhecimento de algo) e também a falta de interesse em conhecer o novo, desvendar o desconhecido, sair da zona de conforto.
Ainda vivemos um retrocesso de saúde pública, em nível mundial: Muitas doenças antes erradicas pelo conhecimento humano estão voltando e, parecem, encontraram uma sociedade despreparada, mesmo em época de alta tecnologia. Bactérias e vírus super-resistentes aos medicamentos, surtos de doenças endêmicas ocorrendo em outros lugares, de maneira inédita, o alastramento de epidemias em velocidades nunca antes vistas, doenças criadas em laboratório, doenças sociais.
Parece que vivemos diante de um grande cenário em que o entulho está todo malocado atrás dos tapumes bem pintados de um falso mundo que pregamos para nós. Parece que os mais necessitados (pelo menos aqueles que estão vivendo uma situação diferente de nós) estão distantes, do outro lado do mundo. Parece as mazelas acontecem apenas dentro dos aparelhos de televisão ou em notícias que circulam pelas redes, onde também há muito descrédito e informação errônea. Há ainda os que se aproveitam em criar falsos alarmes e provocar toda uma situação de alarme. Vivemos ressabiados com pessoas, com ruídos, movimentações. 
Vivemos um descrédito geral, uma desunião até mesmo como ser social, onde a bandeira do individualismo está cada vez mais sendo hasteada, onde a mais natural das manifestações do homem ocorre de maneira velada, sob máscaras, pseudônimos. Algum tempo atrás li uma matéria conspirativa que dizia que o nosso anticristo seria uma nova forma de pensamento. Parece que sim, mas como um pensamento disforme. Pensamentos rasos, sem estofo, sem embasamento. Ficamos reféns de nós mesmo, moribundos crônicos de síndromes que criamos.

O antídoto é o mesmo pensamento, é a desaceleração de alguns processos e a retomada de outros que tragam o equilíbrio cognitivo. É por essa volta que rezo, que peço, que uma luza surja no pensamento humano e nos guie por atalhos mais confortáveis em busca do bem comum. Precisamos sair desse espetáculo de péssimo gosto e recriar um roteiro de nossa história. Tenho fé que vamos conseguir. Me ajuda?


*imagem - depois da tempestade vem a bonança -free pic google

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Let´s dance?

Nunca fui um grande fã do músico David Bowie. Não fui consumidor de seus discos, conhecia algumas de suas músicas, assisti alguns filmes, mas entendia perfeitamente sua performance camaleônica de traços kabukianos ou andróginos. 
Parecia querer mostrar uma não  rotularidade da música, abrir conceitos de como entender e fazer sons harmônicos que traduzem sensações e sentimentos longe dos padrões de um universo impositivo, cruel e capitalista como o mercado fonográfico. 
Entendia sua batida pop e dançante. Entendia sua veia artística ora como produtor, ora ator ( em filmes não muito bons de público e crítica), além de músico. Suas posições diante dos cenários geopolíticos que afetaram o mundo e marcaram o cenário musical dos anos 80, principalmente na Inglaterra dos andróginos, dos darks, dos punks, dos alternativos e mesmo dos non-senses. Mudanças de comportamento que afetaram toda uma geração mundial.
Entendia o que caminho que seguia, primando pela trilha fora dos holofotes, uma maneira tímida e restrita, sendo David Robert Jones.
Fora dos palcos e sets de filmagem era um cidadão comum ( para os seus padrões estabelecidos ), pai de família, com suas excentricidades e particularidades, seus altos e baixos. Qual pop star não foi vítima de escândalos, de paparazzi ou fofocas?
Um homem a frente de seu tempo, livre de rótulos, vanguardista, enigmático, incompreendido, talvez rebelde, com seus porquês justificados em sua maneira de cantar, produzir, entender e interpretar o mundo ao seu redor.
Não fez de sua doença um palco, tratou-a como algo de sua vida privada. Trabalhou até o final do segundo tempo da prorrogação lançando seu último álbum dois dias antes de sua morte.
Virou um Star Man ou mesmo uma pequena constelação, com estrelas tão distintas quanto suas aparências , que convida a todos a dançar.


foto: montagem do autor.