terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Um tom de cinza!

montagem (mal) feita por mim, imagem Google free pic
Olá pessoal, faz tempinho hein!
O ano novo chegou e com ele as novidades, nem sempre boas. Chuva em excesso, volta da malária silvestre, cancelamento de carnavais tradicionais, o mundo de cabeça prá baixo, posse do louco Trump, morte de ministro, terremotos na Itália, revoluções em presídios, outras pequenas insanidades sendo cometidas aqui ou ali, seja em terra brasilis ou terra de outrens.
O novo e midiático prefeito da maior cidade da América do Sul, criou polêmica em seu início de gestão. Em um de seus rompantes executivos, acaba de “pichar” a cidade de São Paulo de cinza, passando por cima da tênue linha que separa a pichação dos grafites. Aniquilando a fronteira que já estava se tornando sólida quanto à diferenciação de arte e vandalismo. Justo o grafite que é uma das linguagens mais paulistanas que existe, um idioma mundialmente metropolitano que se adequou perfeitamente à nossa maior cidade, que é a forma de expressão de muitos artistas de rua pouco conhecidos que falam de seus sonhos, desejos e críticas através dessa arte, da mescla de quimera e realidade e, que fazem dessa linguagem, uma tradução para o grande público que passa a refletir sobre a obra exposta e, dessa forma, cria o senso crítico ( não o senso que rebate  e age como oposição desenfreada, mas um cidadão que sabe pensar sobre o que é visto e proposto). São tantas obras bonitas de serem vistas e que foram cobertas. Um dos maiores grafites do mundo, feito por um grande número de artistas, simplesmente foi apagado. O grafite revela artistas como Eduardo Kobra, Zezão, Alex Senna, Speto, Crânio, entra tantos outros que viram no grafitismo seu trabalho e forma de expressão com reconhecimento em outros países.  Eduardo Kobra, por exemplo, voltou à mídia quando pintou o painel Etnias, no Pier Mauá, quando do início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, um dos maiores painéis do mundo. Uma referência! É uma arte que embeleza a cidade, que une as tribos urbanas, que traduz um povo miscigenado e influenciado por tantas outras culturas e que busca um lugar ao sol. Ou simplesmente um desenho lúdico com uma mensagem engraçada que faça o transeunte rir um pouco nas grandes e cinzas metrópoles.
 Claro que existe sim uma série de pichações que têm de ser apagadas, pois enfeiam as cidades, marcam rotas de tráfico, demarcam zonas de gangues de rua, são sinais usados por pequenos grupos que querem a desordem e a bagunça generalizada, que querem a anarquia. É possível ver em prédios abandonados ou sem qualquer vigilância a ousadia registrada na pichação. Quem picha mais alto, quem deixa ali sua marca! Sujeiras em patrimônios públicos, nas poucas estátuas de nossas cidades, locais históricos, prédio tombados, prédios comerciais e residenciais. Essa não queremos!
Queremos uma cidade onde a arte é possível, onde a expressão de algo verdadeiro seja exposta através de cores e tintas, outros olhares, até mesmo de uma crítica, por que não? Usar o grafite como complemento de uma ideia, como forma de conscientização de uma boa proposta, como representação de práticas cidadãs que despertem o senso individual sobre o tema. Principalmente de conscientização das atuais mazelas do preconceito e falta de discernimento com as quais a sociedade vem sofrendo ultimamente. Uso como informação, como utilidade pública, como embelezamento de uma área mais árida ou sem atrativos.
Tal atitude ao cobrir de cinza uma cidade marcada pelo mesmo cinza da selva de pedra, da poluição, da frieza do comportamento humano parece querer igualar tudo e, como num truque decorativo deixar tudo numa só cor, disfarçando ainda mais aquilo que realmente precisa ser visto e trabalhado para ser melhorado. Não é a retirada de um painel colorido que vai resolver permanentemente a questão de saúde da população, os problemas das enchentes, os descasos sociais, os excessos de uma megalópole. São ações mais contundentes e em equipe que dão resultado e que podem ter o grafite como aliado na disseminação de uma ideia, de forma a atingir mais diretamente e permanentemente a população (pelo mesmo enquanto a obra durar e for refeita).
Essa também seria uma proposta, a de convidar os grafiteiros e seus patrocinadores a se juntarem e promoverem uma  reforma geral nas obras mais antigas, revitalizando-as. Quem sabe um concurso?
“...a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte...a gente quer saída para qualquer parte....a gente quer prazer para aliviar a dor.... Você tem fome de que?...”

Nos vemos , nos lemos!

* trechos da música Comida, dos Titãs!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Vende-se este RCO!

placas e avisos com erros - Google Fre pic
Se uma coisa me diverte é a publicação infindável de traduções erradas ou pérolas da Língua Portuguesa. É sabido que muitas delas são forçadas, mas mostram a capacidade humana de rir de si próprio, o que é considerado saudável.
Quem nunca teve vontade de responder outras coisas nas provas das escolas? As pérolas do Enem ou de qualquer outro concurso ou curso são veiculadas repetidas vezes e até já ganharam espaço num antigo formato no Programa do Jô Soares. Outros sites desses “surrealismos” sugerem que o brasileiro deveria ser estudado, devido ao tamanho de sua criatividade frente a qualquer situação nova ou incapacidade primeira de entender e absorver determinadas situações.
Quem nunca riu com fachadas de estabelecimentos que usam dessa forma de “propaganda” como se fosse algo certo.
Há também os testes que veiculam nas redes, dão sua nota e linkam sua resposta a qualquer tipo de graduação de inteligência. Claro que essa graduação também requer um tremendo cuidado a ser levada a sério.
Vi uma coletânea de testes e uma delas pergunta:
Como saber se determinado mês terá uma sexta-feira 13?
Opções: a) – se o mês possuir 31 dias;    b) – se o mês começar numa segunda-feira;    c ) – se o mês começar numa sexta-feira.
Lá fui eu pegar o calendário e ver o ano de 2017 (que está aí na varanda de casa).
2017 terá apenas duas sextas-feiras 13 (janeiro e outubro), sendo: Dia 1º de janeiro será um domingo (nem segunda, nem sexta, mas tem 31 dias). Outubro (começa num domingo, tem 31 dias). Os meses de Março, Maio, Julho, Agosto e Dezembro têm 31 dias e não terão uma sexta-feira 13.  Somente Maio começará numa segunda, tem 31 dias e não tem sexta-feira 13. Setembro começa numa sexta, Dezembro idem e também tem 31 dias, porém nenhum dos dois meses tem uma sexta-feira 13. Ou seja, as opções são furadas. A resposta correta é que se o mês começa num domingo, logo terá uma sexta-feira 13, tenha ele 30 ou 31 dias.
As traduções também têm sua parte de risadas garantidas. Desde as que confundem os chamados falsos amigos, principalmente no inglês, começando pelos básicos Pull/Push – Puxe/Empurre, onde, de cara confundem o push com puxar (quando na realidade é empurrar) até traduções “tabajaras” de cardápios. Citando algumas english translation pearls desse mote temos:
Contra-filé / Against filet) e Cupim ao molho de laranja / Termite at orange sauce.
Onde contra-filé (steak, scotch fillet) e cupim (Hump).
Termite é larva ( larva de cupim , aquele que come madeira e tecido). Against é contra, ser do contra, algo contrário.
Por outro lado, há ainda as invenções ou a sonorização de algo que não se entende, como Molho Barbecue ser “traduzido” para Molho Barbie Kill ( a boneca agora virou duplas assassina, mata o inglês e quem come o molho).
Pessoas que vendem filhotes de Inhoque Charlie (Yorkshire– aquele cãozinho de pequeno porte, peludo, cachorrinho de madame). Ou vai saber se o tal Charlie sabe fazer nhoque.
Respostas que vão da simplicidade como preencher as lacunas com a palavra correta. Daí já viu!
Exemplo: A borracha de João já está correta . (gasta / gata).  Entenderam?  
O modesto salão de cabeleireiro que ostenta na fachada: “Corto cabelo e pinto”. Certeza de clientela feminina! O supermercado que faz promoção de bonecos “inflávios”, que vende “chilenos” no lugar de chinelos, que fazem promoções onde se leva 3 e paga 4.
Ou seja, temos um infindável menu de opções para boas risadas, seja numa tradução direta via Google Tradutor sem se importar com a origem e real significado da palavra, seja simplificando ao máximo qualquer tradução ou transcrição da palavra falada, mesmo que seja pela transcrição onomatopaica do que se ouve (como o aportuguesamento de palavras estrangeiras). Seja por erros de grafia e concordância que transformam todo um conceito, seja pela real expressão da carência de uma boa educação escolar dessas pessoas. Ninguém quer comprar um RCO, não é verdade?
E assim nos vemos, nos lemos e rimos, quando possível.


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Planeta em luto!

Resultado de imagem para planeta de lutoQue o acidente aéreo que vitimou jogadores e dirigentes do Chapecoense, jornalistas e tripulação causou uma grande comoção não há dúvidas. Uma tragédia, uma infeliz sucessão de fatos que terminaram com a queda da aeronave sem combustível. Uma falha humana gerada pela ganância e o excesso de autoconfiança que fizeram a pequena aeronave se chocar com o topo de uma montanha e deslizar ladeira abaixo ceifando jovens, sonhos profissionais, todos envolvidos com o mais popular dos esportes mundiais.
As celebrações em solo colombiano e as manifestações de pesar mundo afora ganharam forma e emocionaram muita gente. Nunca antes um acidente teve tanta repercussão midiática quanto esse.
Uma hiper-manifestação de solidariedade, sem precedentes, elevando mais o grau de sensibilidade dos expectadores mundo afora, exacerbando o sentimentalismo e deixando aflorar o arrepio, o choro e a consternação. Não teve quem não se emocionasse com falas, gestos e a tão esquecida solidariedade entre os homens. Parecia que tal sentimento é novo e causa uma certa estranheza em quem o presencie de forma tão viva.
Que mundo é esse? Assistimos espantados, de certa forma, à grande demonstração de humanidade como se fosse algo inédito. Estranhamos o natural. E isso foi feito com outro sentimento que mais agride o ser humano: a perda!  Não temos controle sobre ela, não sabemos encarar a morte. Não sabemos lidar com a dor física que vitimou tanta gente. Não somente passageiros desse triste voo, mas também as vítimas da violência extremista que assola o mundo com fosse um gigante jogo de War num tabuleiro chamado planeta Terra. Vidas levadas pelos bombardeios de cidades, vidas levadas pelos sucessivos naufrágios, pela fome, pelos maus tratos, pelas ações (ou respostas) da natureza, pela violência fácil que ronda o mundo, onde a vida passa a ter menos valor que bens materiais, as ofensas gratuitas, o enclausuramento individual.
Gestos de carinho com desconhecidos, choro coletivo, frases de impacto, mesmo que em alguns momentos pareça uma histeria coletiva. Parece que o mundo precisava disso, dessa catarse, dessa aproximação de seres humanos carentes de outros olhares, carentes de compaixão, de carinho, de abraço, de amor, de atenção. Carentes de freios na correria do dia a dia para podermos olhar em volta, perceber o chão em que se pisa. Parece que o mundo precisa dessas provas para ter certeza que o Homem é capaz de se unir e dividir o peso desse fardo, que é capaz de se unir para construir coisas boas.
Parece que o Homem precisa disso para se lembrar que é gente!

Nos vemos, nos lemos!

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Fifo

Resultado de imagem para fidel castro desenho
Fidel Castro - caricatura de Amarildo
Fidel Castro, um homem, uma história, um ideal e procedimentos pouco ortodoxos. De origem rica e preocupado com a desigualdade social. Fez sua revolução com que tinha em mãos e na cabeça. Há quem o ame, quem o odeie, quem o respeite, quem o reconhece, quem o venere; há quem julga, condena e repudia. Há quem vomite, quem chora. Como visto dias desses numa reportagem sobre sua morte, mais um sinal de encerramento do século XX. Parte de uma ilha o venera, parte do mundo foi temerosa, outras partes comemoram. Historicamente um marco, um líder, radical, um revolucionário, um presidente, um tirano, um aliado. Linha dura, casca grossa. Oposição de conteúdo retórico. Um homem que enfrentou uma grande Nação como Golias a Sansão.  Cerceou liberdades, prendeu, soltou, torturou, matou, foi caçado, tentaram diversas vezes matá-lo. Deu educação e saúde de ponta sem indústrias, foi copiado, criticado. Reeducou toda uma geração. Comunista que usava marcas ícones do capitalismo multinacional. Sua ilha, seu mundo! Seu mundo, uma ilha! E o mundo olhou para lá com medo, desdém, desejo, sangue nos olhos, cobiça. Pessoas viram em seu paraíso o descanso, as águas azul-turquesa, salsa e merengue, mojitos, crustáceos, charutos, malemolência, insurgentes, pessoas que falam na surdina, elogiam e reclamam, mendigos, prostitutas, alunos de uniforme, carros antigos com a cara de filmes dos anos 50, cidades desbotadas. 
Há acertos e erros do modo de vida do povo cubano. Um povo que merece o acesso sem perder a dignidade, a civilidade, sem se deixar escravizar novamente. Uma vida mais tranquila, sem extremos, nem tanto a Fulgêncio, nem tanto a Fidel.
Cuba é livre. Mudança dos tempos. Que se resguarde dos perigos do mundo! A conta é dele! Uma parte da História atual se encerra, outro capitulo está aberto. 
E assim o mundo gira! 
Nos vemos, nos lemos!

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Humano e sustentável

tênis feito com o plástico que polui os mares - montagem , imagens Google free pic
Hoje li sobre o lançamento de um tênis esportivo de performance feito com material reciclado. Uma famosa marca de renome internacional criou o modelo a partir de reuso de plásticos e poliéster O material teve origem nas imensas ilhas formadas nos oceanos com restos de plásticos (material que levam centenas de anos para se decomporem) e ainda causam muita destruição por onde passam. São imensas ilhas à deriva, presa nos oceanos pelas correntes de ar e visíveis apenas de embarcações, formadas por dejetos lançados pelos humanos, não somente os moradores das regiões costeiras, mas sim o resultado de uma infeliz (incon)sequência de maus hábitos que pode começar com aquele copinho plástico lançado por você na rua, que a enxurrada leva para a rede pluvial, que cai no rio que leva para o mar. Enfeiam, poluem, entopem, causam acidentes e um dos efeitos mais agravantes e sério é a alta contaminação da água do mar, de animais marinhos e a morte de milhões de espécies. Sem dizer a sucessão em cadeia que vem desse colapso, reforçando negativamente o impacto ambiental. Isso sem contar na intoxicação e envenenamento químico de animais, seu consumo  e sua procriação.
De olho em uma parcela do mercado com pensamento sustentável, empresas reaproveitam o material plástico para reuso em novas criações. Já é conhecido de muita gente o uso de fibras em uniformes esportivos oficiais de alguns países e reuso de outros produtos de utilidade geral, e agora a moda parte para os pés. Uma maneira de criação útil e sustentável. O ser humano tem a infeliz capacidade de gerar toneladas de lixo/dia, sendo que uma ínfima parte desse todo é reutilizada ou descartada de forma correta. Dentre muitos materiais, o plástico, por ser o mais barato é o grande vilão! Feito a partir de petróleo, recurso natural que leva milhões de anos para ser formado e em rota de acabar, seu (sub)produto leva centenas de anos para se decompor na natureza e durante esse processo causa estragos. Tardiamente, a preocupação humana na manutenção é pensamento corrente mundial no intuito de preservar o planeta, um enorme ser vivo que está respondendo às ações do Homem na natureza (desmatamento, poluição, crescimento e ações desordenadas) em conjunto com sua evolução natural de transformação. Eventos naturais associados à grande intervenção humana no ambiente que causam catástrofes. E são muitas, desde as pequenas queimadas para limpar terrenos até testes nucleares com fins bélicos. Estamos atrasados nessa corrida, mas há possibilidades de frearmos alguns efeitos colaterais, visto que outros já são considerados irreversíveis e poder proporcionar uma qualidade menos pior de vida para nós mesmos. Não num futuro próximo e sim agora! Somos 7 bilhões de responsáveis na manutenção e gerenciamento de Casa e pequenas ações como dessa grande empresa precisam ser copiados até que a sustentabilidade (sem ser careta, modismo, piegas ou extremista) possa ser um sentimento único e que tenha valores, tanto morais quanto competitivos no mercado do dia a dia. Basta ainda saber como se reusa esses itens criados de reuso. Urgente , urgentíssimo! Isso é apenas um cristal de gelo desse enorme iceberg.Nos vemos, nos lemos!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Sub medida!

etiqueta - imagem Google free pic.
Um artigo fala sobre o empoderamento das pessoas que se reflete nas grifes famosas (e caras) das roupas que usam à exaustão em suas aparições públicas. Fala de uma marca criada por um americano de origem humilde e imigrante que venceu na vida no país das oportunidades e que se tornou sinônimo de bom gosto e marca de uma Nação. Críticas à parte, até mesmo porque meu entendimento de moda e grife são tão simples quanto um corte de chitão, consigo enxergar que existe um código de conduta cheio de significados. Não é uma moda que é usada apenas com o sentido de vestir uma boa roupa ou estar updated com as tendências fashions  (de estar na moda, digamos mais simplificadamente), mas sim para passar e reforçar muitas mensagens, de se impor em patamares distantes da realidade da grande massa. Em alguns casos, uma ostentação discreta (se é que é possível tal antagonismo).
Em se falando do tal país das oportunidades, agora em época pós eleições ocorridas lá e após muito discurso feito contra algumas minorias, chega-se a outro ponto curioso nesse antagonismo citado:
Como já dito sobre a origem do referido estilista, acredito que ele soube driblar um sistema feroz, que deve ter caminhado sobre tapetes com pontas sujas de muitas mãos prontas a puxá-lo, que defendeu seu quinhão rumo ao sol da prosperidade, que deve ter batido a cara em muita porta, pisado em outras pessoas já vestido com a crueza e frieza de alguns degraus acima nesse caminho do sistema imposto, agora se torna cúmplice de uma imposição ideológica. Agora que ele faz parte do rol dos detentores do poder econômico e político, pode ver sua criação usada como “uniforme” pelos pseudo semideuses desse panteão.
Os produtos de outras, grifes e seus conceitos, criados com o intuito de embelezar as pessoas, passam a ser preteridos em função de permitir que as mensagens subliminares de poder e conduta sejam explicitamente expressas por outras grifes que atendam mais completamente um formato estabelecido, tudo através de uma etiqueta, de um logo (conceito). Essa comunicação visual passa a ser percebida, notada, reverenciada, idolatrada por muitos e consumida por poucos que têm condições de comprá-las.
O mesmo sistema que enaltece e abre lugar ao sol aos vencedores é o mesmo que encobre e sufoca uma grande parte de uma população que trabalha com o objetivo de chegar ao mesmo local ou de, pelo menos, conseguir respirar mais aliviado, mesmo que em outros patamares.  A verdade é que não lugar há para todo mundo, não são criadas chances de crescimento por igual. Essa é a engrenagem que rege o mundo, que cada vez precisa de mais sustentadores dos pilares desse panteão. O futuro desse cenário pode piorar e coloca essa sustentabilidade em cheque, uma vez que se menospreza e proíbe o trabalho dessa base, que se corroer......  Num passado, não muito distante, a absorção dessa mesma mão de obra foi aceita, comemorada e acalentou o sonho de muita gente de lá e de fora. Criou-se uma fantasia de uma terra com um sistema sólido, que historicamente sabemos, foi construído sobre ruínas de pessoas, povos, nações, ideologias e imposição de poder seja de forma armada, financeira, seja ideológica.
Curioso que tudo isso gerou uma uniformização do sistema, de como agir, de como se identificar, do modo de um pensar, tais e quais as roupas criadas pelas empresas de moda que refletem esse pensamento em suas etiquetas. Quem detém essa rédea precisa se cristalizar na fala, na conduta, na vestimenta, precisa se robotizar para não amassar a imagem! Até que a próxima estação e coleção estejam prontas!

E tudo isso porque nascemos nus. Nos vemos, nos lemos!

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Retina de Sharbat!

*Sharbat Gula em dois momentos,
fotos de Steve McCurry (1984/2002)
A menina afegã Sharbat Gula, que ficou mundialmente conhecida nos anos 80 por se tornar uma das capas mais famosas da revista National Geographic (publicada em 1985) e, por consequência, umas das imagens mais emblemáticas do século XX, volta à cena.
A referida foto foi feita por Steve McCurry em terras paquistanesas, num campo de refugiados afegãos em que a menina se encontrava, após o bombardeio de cidades de seu País, que causaram a morte de seus pais.
Hoje, a mulher de seus 40 e poucos anos, ainda marcada pela tristeza da guerra e dos muitos conflitos sociais e políticos de sua região, é notícia por tem entrado no Paquistão em abril de 2014, fugida do Afeganistão, com documentos falsos (com o nome de Sharbat Bibi) mais dois supostos filhos, além de subornar funcionários para conseguir os documentos.
Um ato de bravura diante da ferocidade das duras leis dos homens desses países e pela imposição extremista que relegam as mulheres a planos inferiores e imputam penas mais severas. 
Ela poderia pegar 14 anos de prisão. Seria uma sentença de morte, pois a afegã, além das questões políticas, sofre com o silêncio da hepatite C e se somado às nulas condições que se pode imaginar de um cárcere nessa região, poderiam aumentar o sofrimento dessa mulher, que desde pequena, transmite a aridez de sua realidade através de seus olhos cor de jade (curiosamente  a pedra preciosa mais apreciada no oriente).
Há de se tentar entender os motivos que levaram Sharbat Gula ao ato de desespero em busca de uma vida mais tranquila, da mesma forma como milhões de afegãos tentam, anualmente, conseguir um documento oficial paquistanês.
Há de se compreender os significados dessa ação e se informar de toda História que gerou uma séria questão diplomática desde a invasão soviética em 1979, que mudou a vida desses povos e os "conflitos" gerados após isso (guerra civil afegã em 89 e a não aceitação de afegãos em território paquistanês onde são acusados de muitos crimes e terrorismo).
Segundo notícias publicadas em meios de comunicação, a afegã seria recebida de volta em seu país de origem, após cumprir pena de 15 dias na cidade de Peshawar e pagar uma multa equivalente a EUR$860,00 (= US$957,53 = R$3097,00 hoje).O que pode ser significativo para sua condição financeira. 
Para se ter uma ideia:
O salário mínimo no Paquistão* equivale a US$251,00 (R$811,76 hoje).
O salário mínimo no Afeganistão* equivale a US$82,00 (R$265,20 hoje).
*referência 2010.
Que ela possa ter um recomeço mais digno, em sua terra natal, junto de seus parentes que possam ainda estar por lá, sem grandes sustos e que seu belos olhos reflitam menos medo do mundo!
Sua imagem, criança, ainda será por muito tempo lembrada pela beleza crua da foto e pelo espanto diante das atrocidades humanas.
Nos vemos, nos lemos!