segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Antártida ou Antártica ??

foto: UOL


Eis a questão!

Antes de mais nada, ambas as grafias estão corretas e seguem a origem das palavras, cada qual em épocas e contextos diferentes. Elas se referem às regiões mais frias do planeta, onde, numa delas, já se chegou aos extremos -89°C  (oitenta e nove graus Celsius negativos), continentes quase que totalmente inabitados (seco, frio e com ventos incessantes), palco de extremos da natureza.

Voltando a falar da origem da palavra, devemos voltar ao tempo em que as civilizações dominantes da Terra eram os gregos, egípcios, sumérios, ceutas, vikings, entre tantas outras orientais, povos conhecedores das navegações e da astronomia, quando o Novo Mundo (continente Americano) não era conhecido. Onde se encontra o Pólo Norte e o Círculo Polar Ártico já era conhecido como uma região inóspita, gelada e terra do temível urso branco.

Urso, do grego "artikos" , que deriva do latim "arcticus". Daí já se sabia que lá era o habitat natural desse temível mamífero e também uma terra onde era possível avistar a constelação da Ursa Maior o ano inteiro (lembrando que em determinados meses do ano, no verão, o sol não se põe nessa região polar). A constelação da Ursa Maior era a guia das muitas embarcações dessas civilizações, pois indicavam o norte e visível o ano todo no céu noturno. Era também um símbolo espiritual. É formada por sete estrelas principais, conhecida desde o período Paleolítico que também seria como referência para conhecer outras constelações.

No século XIX, dessa vez com mais conhecimento de Astronomia, guiando-se por bússolas e pelo Cruzeiro do Sul, constelação que servia de guia aos navegadores, expedições chegaram ao extremo sul do planeta em outra região gelada e inóspita, avistada em 1821, sendo mapeada e pisada por diferentes navegadores a partir daí. Porém, esse novo continente gelado era habitado por pinguins, simpáticos nativos dessa região.

O cartógrafo escocês John George Bartholomew foi o responsável por nomear o continente nos anos 1880. O nome vem da palavra "antártico",  que significa "anti-ártico", o lado oposto do ártico. Outros textos aceitam também o anti-ártico,  como local sem urso (arcticus) e sem a visualização da constelação de Ursa Maior.

Convencionalmente, adotou-se a forma Antártida, tanto em Portugal como no Brasil, mesmo que contraditória quanto à origem etimológica do topônimo. Uma explicação possível seria a analogia com a mítica Atlântida (ilha fictícia, império naval que governava todas as terras ocidentais, mencionada por Platão na obra Timeu e Crítias). No Brasil, era preferida a forma Antártida até meados da década de 1970,  quando a forma Antártica passou a ganhar força após ser usada em obras acadêmicas sobre o continente.

O continente possui uma população sazonal que varia entre 1000 pessoas, nos meses de inverno, e 4000 pessoas, no verão. Essa população é formada, em sua maioria, por pesquisadores e equipes que atuam na exploração científica da região.  A atividade de pesquisa e a gestão do espaço do continente são feitas mediante o Sistema do Tratado da Antártida, criado em 1959 e que conta, atualmente, com 56 países signatários. O cumprimento dos acordos é de fundamental importância para a manutenção do continente, atualmente ameaçado por problemas ambientais, como o aquecimento global. Problemas esses que vêm sendo alardeados insistentemente após o esverdeamento da planície Antárctica, como resultado do aquecimento global e que não se sabe ainda quais transformações isso possa acarretar.

Antes de terminar, é preciso dizer que o entendimento mais tradicional é considerar Antártida como substantivo e Antártica como  adjetivo embora, como já dito no início, as duas formas estão corretas.

 

fontes: Wikipedia/Metrópolis/Brasil Escola/Mega Curioso/UOL/Ign Brasil

domingo, 29 de setembro de 2024




A Formação das Práticas Religiosas no Brasil Colonial: Influências Orientais, Africanas e Católicas


1. A Colonização Portuguesa na Índia e o Contato com Rituais Hindus (1500–1700)


Com a chegada dos portugueses à Índia em 1498, iniciava-se uma nova era de expansão marítima e religiosa que traria profundas transformações para os domínios coloniais lusos. Estabelecendo feitorias e colônias em Goa, Damão e Diu, os portugueses entraram em contato direto com as complexas tradições religiosas hindus, que se manifestavam através de rituais exuberantes de oferendas de imagens, adornos e pedras preciosas lançadas em rios e lagos como forma de agradecimento ou pedido de bênçãos às divindades.


O festival de Ganesh Chaturthi e os rituais em honra à deusa Ganga, por exemplo, envolviam o lançamento de estátuas sagradas decoradas com joias e objetos valiosos nas águas dos rios como forma de entrega e sacrifício simbólico. Esses rituais, que impressionaram os colonizadores, simbolizavam uma devoção onde a água atuava como meio de purificação e intercessão espiritual.


2. A Chegada ao Brasil e a Influência do Catolicismo Português (1500–1700)


Com o descobrimento do Brasil em 1500, os portugueses trouxeram não apenas a cruz e a catequese católica, mas também elementos culturais e religiosos assimilados em suas possessões orientais. O catolicismo popular português já carregava consigo práticas de veneração a imagens e a crença em milagres atribuídos a estátuas e relicários. Em Portugal e em outras colônias, era comum realizar procissões e oferendas a santos, muitas vezes em águas, como forma de garantir proteção em viagens marítimas ou alcançar graças em momentos de perigo.


Os registros mostram que em situações de tempestade, por exemplo, marinheiros portugueses lançavam ao mar imagens de santos como Nossa Senhora e Santo Antônio, acreditando que essas estátuas poderiam aplacar a ira das águas e guiar o barco em segurança. Essa prática de “entrega temporária” da imagem ao mar, embora não envolvesse adornos valiosos, carregava um simbolismo de confiança e pacto espiritual que ecoaria posteriormente em costumes adaptados nas terras brasileiras.


3. A Convergência de Tradições no Brasil Colonial: Rituais Africanos e Catolicismo Popular (1600–1700)


Ao longo do século XVII, com a chegada massiva de africanos escravizados ao Brasil, um processo profundo de sincretismo começou a se desenrolar. As tradições religiosas afro-brasileiras valorizavam os rios e as águas como domínios de orixás (divindades afro-religiosas), especialmente Oxum, a senhora das águas doces, e Iemanjá, a rainha dos mares. Rituais de oferendas envolvendo joias, alimentos e até pequenas imagens nas águas tornaram-se parte das celebrações, estabelecendo uma nova relação simbólica entre a água, a devoção e a intermediação espiritual.


No Brasil colonial, o sincretismo permitiu que imagens de santos católicos, como Nossa Senhora e São Jorge, fossem associadas a orixás como Oxum e Ogum. Essa associação resultou em práticas devocionais híbridas, onde elementos católicos, africanos e indígenas se mesclavam. Era comum que devotos deixassem imagens de santos adornadas com fitas, moedas e objetos de valor nos rios, pedindo saúde, proteção e prosperidade. Muitas vezes, esses objetos eram posteriormente recuperados ou “resgatados”, simbolizando a bênção concretizada.


4. Rituais Populares e o Uso das Imagens em Rios: Influências e Práticas no Interior (1700–1800)


Nas regiões do interior brasileiro, como Minas Gerais e o Vale do Paraíba, as práticas religiosas se desenvolveram de maneira única, criando um cenário de forte devoção popular. Pequenas imagens de santos eram frequentemente lançadas em riachos e rios, amarradas com fitas e adornos, como parte de promessas ou votos. Caso o pedido fosse atendido, a imagem era resgatada e os adornos removidos como forma de agradecimento.


Esse costume de lançar e repescar imagens nos rios tinha um caráter particular: simbolizava um pacto devocional em que a água atuava como meio de renovação e cumprimento das promessas. Tais práticas podem ter uma conexão indireta com os rituais hindus observados pelos portugueses na Índia, onde o lançamento de imagens adornadas e a manipulação simbólica da estátua representavam tanto sacrifício quanto reapropriação de bênçãos.


5. A Aparição de Nossa Senhora da Conceição Aparecida no Rio Paraíba do Sul (1717)


Em 1717, pescadores no Rio Paraíba do Sul encontraram a imagem de Nossa Senhora da Conceição em duas partes — primeiro o corpo e depois a cabeça. O evento foi rapidamente interpretado como um milagre, especialmente após uma pesca abundante suceder o encontro. O que talvez não fosse imediatamente percebido era que esse episódio poderia estar relacionado a um contexto cultural mais amplo.


Há uma hipótese de que a imagem de Nossa Senhora da Conceição já fizesse parte de rituais populares locais, em que era lançada ao rio adornada com fitas e joias, como parte de um costume sincrético adaptado às tradições do interior. A prática de lançar a imagem no rio e, posteriormente, retirá-la, retirando os adornos como “resgate” do pedido, sugere um paralelismo com as oferendas aquáticas hindus e com os costumes afro-brasileiros de devoção fluvial. Assim, o encontro da imagem no Rio Paraíba pode ter sido o resultado de uma adaptação desses rituais, que misturavam elementos católicos, africanos e possivelmente ecos das tradições orientais assimiladas pelos portugueses.


6. O Sincretismo e a Consolidação de uma Devoção Nacional (Século XVIII em diante)


A devoção a Nossa Senhora Aparecida cresceu rapidamente, e a imagem encontrada nas águas do Rio Paraíba tornou-se um símbolo nacional. A história de sua aparição, porém, reflete um contexto de fé popular onde práticas de manipulação de imagens em águas, oferendas e devoção sincrética já estavam profundamente enraizadas. A água, seja nos rituais hindus, afro-brasileiros ou católicos, sempre simbolizou um meio de comunicação com o divino, e o fato de a imagem ter sido encontrada no rio reforçou essa percepção de renovação e milagre.


Assim, a história de Nossa Senhora Aparecida pode ser vista como o culminar de um longo processo de confluência cultural, onde rituais de manipulação de imagens nas águas — adotados de diferentes tradições e práticas religiosas — geraram um contexto simbólico que conferiu ao encontro da imagem um significado profundamente religioso e cultural.


Conclusão: A Imagem e a Água como Símbolos de Confluência Cultural


A trajetória que levou à aparição de Nossa Senhora Aparecida no Rio Paraíba é um exemplo poderoso de como práticas rituais de diferentes culturas, transportadas e ressignificadas ao longo dos séculos, moldaram o imaginário religioso brasileiro. A mistura de rituais hindus, práticas católicas portuguesas e devoções afro-brasileiras criou um terreno fértil para o sincretismo, onde o sagrado e o profano se encontraram nas águas, gerando novas formas de expressar a fé e a devoção popular que marcaram profundamente a identidade religiosa do Brasil colonial e contemporâneo.


Esse texto nasceu de uma pesquisa feita após a fala de um músico brasileiro famoso relatando suas experiências nesses estudos sobre a formação dos costumes brasileiros e me chamou a atenção.


domingo, 6 de setembro de 2020

É assim que se fala!

Por que você fala assim?

O "R" caipira do interior de SP, MT, MG, PR e SC deve-se aos indígenas que aqui moravam não conseguiam falar o "R" dos portugueses, não havia o som dessa letra em muitos dos mais de 1200 idiomas da região.

Então na tentativa de se pronunciar o R, acabou-se criando essa jabuticaba brasileira, que não existe em Portugal. A isso também se deve o fato de muitas pessoas até hoje em dia trocarem L por R, como em farta (falta) e frecha (flecha).

Com a chegada de italianos à SP o sotaque do paulistano incorporou o R vibrante atrás dos dentes, porta como "porita", e em alguns casos até incorporando mais Rs: carro como "caRRRo", se quem fala for de Mooca, Brás e Bexiga, bairros com bastante influência italiana.

O R falado no RJ deve-se ao fato de que quando a Corte portuguesa pisou aqui, a moda era falar o R como dos franceses, saindo do fundo da garganta, como: "PaRRRRi".

A elite carioca tratou de copiar a nobreza, e assim, na contramão do R caipira e 100% brasileiro, o importou seu som de R dos franceses. Do mesmo modo a Realeza trouxe o "S" chiado dos cariocas.

As regiões Norte e Sul receberam a partir do século XVII imigrantes dos Açores e ilha da Madeira, lugares onde o S também vira SH. Viviam mais de 15 mil portugueses no Pará, 4ª maior população portuguesa no Brasil à época, o que fez os paraenses também incorporarem o chiado.

Já Porto Alegre misturava indígenas, portugueses, espanhois e depois alemães e italianos, toda essa mistura resultou num sotaque sem chiamento.

Curitiba recebeu muitos ucranianos e poloneses, a falta de vogais nos idiomas desses povos acabou estimulando uma pronúncia mais pausada de vogais como o E, para que se fizessem entender, dando origem ao folclórico "leitE quentE".

Em Cuiabá e outras cidades do interior do Mato Grosso preservou-se o sotaque de Cabral, não sendo incomum os moradores falando de um "djeito diferentE". Os portugueses que se instalaram ali vieram do norte de Portugal e inseriam T antes de CH e D antes de J. E até "hodje os cuiabanos tchamam feijão de fedjão".

Junto com os 800 mil escravos também foram trazidos seus falares, e sua influência que perdura até hoje em se comer o R no final das palavras: Salvadô, amô, calô e a destruição de vogal em ditongos: lavôra, chêro, bêjo, pôco, que aparece em muitos dialetos africanos.

A falta de plurais, o uso do gerúndio sem falar o D (andano, fazeno), a ligação de fonemas em som de z (ozóio, foi simbora) e a simplificação da terceira pessoa do plural (disséro, cantaro) também são heranças africanas.

 FONTE: "Mapa Linguístico do Brasil" 

Revista Superinteressante 

#cultura #doceirahungara #lazer #brasil #curiosidades #apfelstrudel #strudel #doceirahungarastrudel #strudeldoceirahungara

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Crônicas do passado!

 Revendo postagens de outras redes sociais. Algumas em tom de crônica, como essa abaixo de quando atletas olímpicos  norte-americanos simularam terem sido vítimas de assalto e mentiram no depoimento à polícia.  Claro que se deram mal após a farsa ter sido descoberta. Segue o texto de 18/08/2016.

"Por acaso algum turista passa incólume passeando no Harlem ou no Bronx em Nova York? E as gangs de Los Angeles? Além da 5° distrito em Londres? Na região do Sacre Couer em Paris? Soweto ou downtown em Johannesburgo?  Ah fala sério! E só o Brasil tem violencia urbana??? Não precisamos desse tipo de turista aqui! Não somos  o país das bananas e da zona generalizada!  Não é problema brasileiro se perderão contratos e medalhas! Tio Sam que se vire e que eduque seus filhos, porque se fosse o contrário, coitado de quem mentisse para a polícia de lá! Chupa que é de manga! Quiçá sapoti"

quarta-feira, 1 de abril de 2020

Corona Mundi!

Olá, pessoal! Depois de um tempo volto aqui. E qual o assunto que está em alta no momento, em todas as mídias? Claro, a pandemia da Covid-19, causada por uma cepa mutada do corona vírus. Assustou e ainda assusta; estamos ainda, nessa data, no meio de uma pandemia que fez e ainda faz muitas vítimas na Itália, Espanha, Estados Unidos, Irã e ainda é crescente em vários locais do mundo, indistintamente.  
O surto teve início na China ! Talvez provocado pelo consumo indiscriminado de animais silvestres, basicamente o pangolin e o morcego, que são hospedeiros naturais de vírus da espécie corona e hábitos culturais ancestrais de alimentação de uma população secular que sempre lutou contra a fome e que entre muitas manipulações, más condições de higiene e preparo, o vírus teria sofrido uma mutação e infectado humanos e a partir da sua alta taxa de disseminação, com um novo hospedeiro,  teria provocado contaminações em larga escala, incluindo muitas mortes.  O fato do surto ter sido ocultado pelos órgãos chineses, sem sucesso, é uma outra questão, diferente do que quero tratar aqui. Agora não interessa se é guerra química, revolta da natureza, criação de vírus em laboratório que teria fugido ao controle ou que o projeto tenha sido sabotado, se é golpe econômico de uma economia gigante à beira da falência, intervenção alienígena, um plano militar que tenha falhado num grande jogo de War da vida real, testes biológicos causado pelas chemtrails, expurgo, ira divina, entre outras teorias da conspiração, A epidemia tomou a China, acometendo as pessoas na forma de uma inédita e severa infecção respiratória, desencadeando sintomas como febre, pneumonia, tosse seca e a morte de milhares de indivíduos sãos e outros mais debilitados por doenças crônicas pré existentes. A notícia e a contaminação tomaram o mundo e logo se tornou uma pandemia voraz, ceifando vidas em poucos dias após o contágio. Medidas drásticas foram tomadas, isolando as pessoas até que se chegou ao consenso do isolamento social. O fechamento de países inteiros, mantendo os serviços essenciais em funcionamento, colocou a humanidade contra a parede, freando o ritmo alucinante da modernidade, colocando uma pedra gigantesca nas projeções do crescimento econômico, colocando as peças mestras desse xadrez em pé de igualdade com os peões, o eterno confronto capitalista, ainda em sua forma antiquada. 
Tal situação desafiou o Homem, a espécie pensante, poderoso, um quase semideus, dono da tecnologia de ponta, das comunicações instantâneas, sem barreiras de idioma, substituída pelos cifrões, dono das cartas de um jogo sufocante de produção, porém cego para as coisas mais simples, como lavar as mãos, exaustivamente ensinado por gerações, bem como o ato de se importar, de alguma maneira, com o próximo. Mas, calma, ainda estamos cuidando para manter um índice de disseminação baixo, desinfetando ruas e cidades, tomando medidas preventivas repetitivas a fim de evitar o pico que pode causar uma maior desestruturação social, lotando hospitais e clínicas, provocando mais mortes e de se tornar algo incontrolável, levando a um caos bem maior, sem precedentes.  Parece que a vida está cobrando o fator humano do bicho homem. E que lição difícil procurar ser mais humano quando o mais humano dos gestos não é permitido, pois os contatos estão suspensos, temporariamente. Precisamos reinventar novas formas de abraçar e demonstrar afeto, carinho e respeito para com o próximo. De fazer pelo outro, pensando coletivamente, com mais senso de cidadania, de equalização e relações da vida social e em virtude disso, das relações de trabalho, da distribuição de renda e da real necessidade da produção em larga escala, bem como seu descarte e reutilização. Talvez a vida tenha nos dado essa chance de refletir sobre isso, e mostra que o preço é alto. Mostra que estamos longe de um nível de naturalidade, em se considerando habitar um planeta vivo e limpo, menos plástico, menos artificial. E essa quarentena tem provas disso: a diminuição dos níveis de poluição nos grandes centros, a normalização da camada de ozônio e readequação das correntes de vento, da limpeza de canais, rios e mares, do reaparecimento de animais selvagens onde não eram vistos por muito tempo e até mesmo de uma melhor vibração desses 7 bilhões de seres que habitam esse outro grande ser vivo. Creio que aquela hora tão falada chegou, a hora e uma necessidade crucial de mudança, da relação do Homem para com o planeta, para com o próximo, para consigo mesmo e para com o seu particular espiritual. Temos algum pouco tempo para entender e digerir tudo isso, sem ensaio e com preço alto. Enquanto isso, se cuida e #FicaEmCasa. Nos vemos, nos lemos. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Recursos não muito Humanos!

De acordo com especialistas, o LinkedIn é hoje uma das plataformas onde mais se transitam informações e questionamentos aquém das questões e perfis profissionais a que essa rede se dedica, como foi o Facebook em 2011 e 2012 (alcance orgânico deste). De fato, hoje em dia, essa rede não é mais um local de busca de emprego (insta de Paulo Faustino). Baseado em fatos reais, ainda sobre o tema trabalho/vagas/carreira/empregos/palestras virtuais, entrevistas e troca de informações feitas pessoalmente, segue uma constatação do que ocorre! Existem milhares de divulgações de vagas de trabalho na plataforma, cada qual linkada a vários sites distintos de vagas e seus formatos de preenchimento, cruzamento desses dados, bem como essa exposição visualizada por empresas recrutadoras, head hunters, coaches e afins que te buscam, te chamam, procuram te conhecer, trocar ideias e ao final de um brevíssimo namoro, oferecer seus “cursos” e “treinamentos” miraculosos de como (re)escrever e apresentar seu currículo, como se portar em entrevistas, quais  vícios tomar cuidado para não cometê-los, linguagens e outras formatações. Além de abusarem das injeções de estimas, de defenderem a ideia de que prática, conhecimento e técnica superam as obrigatoriedades da formação acadêmica, entre outros. Curioso que na empresa “A” defendem e vendem ideias totalmente contrárias as da empresa “B” e se você, por acaso, sorte ou azar, passar por algumas distintas, voltará à estaca zero, pois já não saberá como (re)escrever seu CV, como fazer uma busca direta, entre outras dúvidas geradas por essas informações dúbias. A situação é que esse “aprimoramento”, tem custo! Muitas vezes, um custo salgado demais para quem está desempregado, mesmo com planos de financiamento. Muitas vezes, um custo para ouvir palestras já batidas, sem nenhuma novidade, sobre linguajar, comportamento corporal, saber ouvir e falar, etcs. É óbvio, que uma pessoa em sã consciência, não meteria os pés pelas mãos se comprometendo financeiramente, com isso. Sem citar nomes e empresas, pois essa não é a intenção dessa postagem, aconteceu comigo. Fiz um processo seletivo para uma determinada vaga, diretamente no local com o gerente responsável pela vaga, tudo via uma agência. A resposta do processo tinha sido prometida para dali a uma semana, o que só aconteceu após eu ligar na recrutadora e questionar pela resposta quando fui informado que a empresa ainda não tinha definido nada. 
Enquanto isso, eu continuava a buscar oportunidades, aproveitando as informações de vagas do LinkedIn e outras publicações e também fazendo a minha prospecção diretamente nos locais, caminhando muito, com uma pasta cheia de currículos impressos e com bons resultados (incluindo entrevistas diretas). Coincidentemente, numa dessas caminhadas e pausas para água e café, encontrei o gerente com o qual tinha feito a entrevista anteriormente. Ele, muito educadamente, me perguntou por que eu havia desistido do processo após a entrevista, para minha indisfarçável surpresa, pois eu havia sido o escolhido para ocupar o cargo e que, diante da minha “desistência”, ele teria chamado o segundo classificado. Ele entendeu minha surpresa, conversamos sobre esse tema sobre o qual escrevo, se propôs a me dar uma explicação e me ligou dias depois informando que o “segundo” classificado e contratado havia feito um tal curso com a empresa recrutadora que eu não tinha feito. Preciso desenhar?  Em outra situação, em outra agência, fui chamado para uma entrevista. Fluiu muito bem até que a entrevistadora, talvez a pessoa mais jovem daquele grupo, gaguejando muito, explicando a função a qual a vaga se destinava, falando de forma deslumbrada de sua visita à empresa, não soube responder perguntas pertinentes ao cargo, feitas por todos os candidatos ali presentes que já tinha experiência na função.
Situações como essas mancham, significativamente o trabalho de profissionais sérios, tomam um tempo precioso de empresas e de pessoas em busca de recolocação profissional, de volta ao mercado de trabalho, pois cada um tem suas necessidades. Quanto à recrutadora jovem, creio que cabe à agência na qual ela trabalha, um acompanhamento até uma formação mais sólida de sua postura, já que deve ser nova na função e somente a prática vai dar a ela maior traquejo e que sua inexperiência, nesse momento, pode atrapalhar a seleção do candidato mais adequado e causar a insatisfação da empresa contratante. Quanto à primeira situação, mais comum que se possa imaginar, é preciso que algo seja feito, regulamentado, organizado para que não se repita. De um tempo prá cá, o surgimento e autodenominações de coaches disso ou daquilo, parece ter sido maior que o número de youtubers e influenciadores. Se essa é a tendência e a resposta dos novos tempos, que seja instituída dentro de legalidades pertinentes, a fim de não denegrir a imagem de tantas empresas sérias, que têm a árdua missão de lidar com o fosso enorme de desempregados X vagas. Que possa haver, mesmo com a urgência e velocidade das transformações de ideias e linguagens, um denominador comum válido. É um assunto muito amplo pra ficar apenas no âmbito da interpretação pessoal de um recrutador. Falando nisso, dias atrás, assisti um vídeo de uma coach de recolocação profissional, que divide suas palestras com outro bam bam bam da área, falando que não se deve enviar currículos como se estivesse com uma metralhadora giratória, porque o profissional recrutador vai ler apenas 10%, alegando que não perderá o tempo dele fazendo essa leitura! Peralá!!! Se o meu CV tem um registro das minhas habilidades (e a gente busca ser objetivo para não ser longo) e eu envio para uma agência de recrutamento, deve haver um funcionário cuja função seja ler os currículos recebidos! Estou errado? Isso já contradiz uma das muitas dicas dadas.
Acredito que muita gente se depara com situações desagradáveis na busca de trabalho devido às muitas reclamações que se ouve. Citando algumas: que o LinkedIn é uma vitrine de vaidades e só funciona para um nicho pequenos de profissionais (eu discordo), que esse mercado (empresas de recolocação profissional) é um grupo fechado com regras impostas, cláusulas leoninas, ame-o ou deixe-o, que há muito desrespeito no tratamento de alguns recrutadores e candidatos (prefiro dizer que não disfarçam a empatia por algum candidato com algum conteúdo pessoal ou formação mais diferenciada). 
Mas eu acredito na seriedade da plataforma e de muitas empresas que ali divulgam seus trabalhos.
Se essa é uma proposta atual do LinkedIn ou o caminho pelo qual naturalmente fluiu para esse tipo de questionamento, por que não falarmos dele? Como acreditar numa empresa e como investir nessa verdadeira ajuda de reconhecimento profissional para se candidatar?
Textão publicado em minha página no LinkedIn.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

roupa nova


Numa das muitas voltas que a vida dá, me peguei um dia, pensando seriamente no quanto eu desperdicei esforços em fantasias e máscaras que não traziam nenhum resultado mais concreto para mim, apenas eram usados em momentos criados para disfarçar ou amenizar uma ou outra situação. Fosse uma situação de vulnerabilidade, de desconforto, algum artifício para não deixar nenhum assunto tomar uma conotação ou mesmo uma denotação equivocada, de evitar uma invasão de privacidade, também disfarçada de respeito próprio. Usei disso para evitar qualquer situação constrangedora ou que me forçassem a adotar uma postura ou fazer algo que ia de encontro com a minha vontade naqueles momentos em que eu preferia estar sozinho comigo mesmo sem os tais disfarces. Foram muitos esses momentos. Em família, no trabalho, em rodas sociais. Foram tantas que até mesmo quando estava comigo mesmo eu me consultava sobre a verdade daquele sentimento. Confesso que em momentos eu usava tais artifícios deliberadamente, me sentia confortável com essas armas em mãos. Confesso que durante um bom tempo não revi meu sistema de defesa, nem mesmo o aprimorei. Deixei-me estagnar nessa zona de conforto. Mas o tempo passa. E mesmo com meu aprendizado tardio, acordei a pouco e resolvi limpar o baú dessas fantasias. Tirar o excesso de peso das lembranças de alguns momentos. Resolvi estar mais comigo mesmo. E me vi sozinho! Eu, que tantas vezes escolhi ficar sozinho para ficar comigo mesmo, sem ter que carregar essa ou aquela “fantasia”, de repente me vi sozinho, verdadeiramente nu. O frio da falta daquela roupagem bateu forte. A projeção daquela situação deu medo, pois eu tinha escolhido não carregar mais nada. Então, dividir o que e com quem? Estava cansado de me testar, de fugir, de me apoiar em prazeres fugazes, doloridos até, completamente vazios. Tão vazios quanto sentia meu estômago e me sentia sem o peso daqueles disfarces. Tirei tudo de uma vez só que me peguei num quarto escuro, frio, sem roupa, sem assunto, sem projeção, sem ação. No meu coração, sempre tive a velha convicção de que uma vida não poderia ter aquele destino solitário. Sempre soube que eu tinha capacidade e possibilidade de não me sentir solitário, como muitas vezes senti quando saia e me sentia sozinho mesmo no meio de uma multidão. Por outro lado, movido por essa convicção, eu ainda fazia coisas que muita gente me confessava não ser capaz de fazer sem estar na companhia de outra pessoa. Mas eu pensava nesses momentos que se eu não fizesse daquela forma, não faria de jeito algum. Um sentimento egoísta, eu sei, mas eu estava pensando no meu bem-estar sem estar passando por cima de ninguém. Eu sempre quis encontrar alguém com quem pudesse ser eu mesmo, com todos os meus defeitos e virtudes, com quem pudesse falar do meu jeito repetitivo, explicadinho ou mesmo irônico, curto, seco às vezes, gaguejado ou mesmo sem rodeios, direto ao ponto. Alguém com quem eu pudesse dividir as mesmas experiências, ainda que tendo que lidar com fantasmas do passado e resquícios que esses anos todos de disfarces e armaduras deixaram. Curioso que procurei ser diferente, sendo que eu já era diferente por ser único, por ser eu mesmo, assim como você é. Eu me permiti a recomeçar algumas situações e reviver sensações. Resolvi abraçar um sentimento que eu já tinha dado como certo que jamais se repetiria e que me deixaria levar por ele. Me permiti e acabei acordando, diante de uma real e nova possibilidade, diante um outro universo diferente do meu em muitos pontos, mas com muitas coisas em comum. Ainda bem que não deixei passar essa oportunidade e acatei entrar naquela porta aberta pouco tempo atrás e redescobrir esse cenário. Encontrei quem também se despe, quem tem um histórico de altos e baixos, quem se permitiu moldar por isso e sabe olhar para si mesmo, confiante de que mudanças são possíveis. O meu eu desnudo encontrou o seu eu também desnudo e, dessa forma, estabelecemos um contato real e verdadeiro, onde não apontamos os erros um do outro, falamos de nossas histórias, de nossos pontos de vista, agimos e reagimos naturalmente às situações. Rimos, gargalhamos, choramos, conversamos muito, pensamos bastante, enfim, movimentamos um sentimento igual, cúmplice, recíproco, em que se aprende, que se ensina, que se descobre, que se descortina, que dá embasamento, que reforça, que se valoriza, que se percebe serem sentimentos iguais, de bem querer, de fazer o bem a si mesmo e ao outro. É um encontro de almas nuas, envolvidas nos mais diversos bons sentimentos e o enorme desejo de vivê-las em conjunto, de produzir coisas boas sempre e se permitir crescer envolvidos por elas, e poder se unir sem deixar de ser único. Hoje me vejo nu na frente do meu espelho e não me envergonho! Sei ver umas imperfeições e outras que são o preço que eu pago por escolhas minhas. Sei ver que alguns sentimentos em mim são pequenos e que não levam a nada, mas que ainda tenho que depurá-los e tenho outros tantos reconhecidamente bons que precisam ser compartilhados, divididos. Mas não me vejo sozinho como se fosse o único a buscar tal mudança. Não me vejo sozinho, pois o ambiente está mais claro. Já não caminho sozinho pois tenho boa companhia e aceitei a proposta de um longo caminhar juntos. Um caminhar sem o peso desnecessário de muita coisa, um caminhar de construção e reconstrução, um novo caminhar.