segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Planeta em luto!

Resultado de imagem para planeta de lutoQue o acidente aéreo que vitimou jogadores e dirigentes do Chapecoense, jornalistas e tripulação causou uma grande comoção não há dúvidas. Uma tragédia, uma infeliz sucessão de fatos que terminaram com a queda da aeronave sem combustível. Uma falha humana gerada pela ganância e o excesso de autoconfiança que fizeram a pequena aeronave se chocar com o topo de uma montanha e deslizar ladeira abaixo ceifando jovens, sonhos profissionais, todos envolvidos com o mais popular dos esportes mundiais.
As celebrações em solo colombiano e as manifestações de pesar mundo afora ganharam forma e emocionaram muita gente. Nunca antes um acidente teve tanta repercussão midiática quanto esse.
Uma hiper-manifestação de solidariedade, sem precedentes, elevando mais o grau de sensibilidade dos expectadores mundo afora, exacerbando o sentimentalismo e deixando aflorar o arrepio, o choro e a consternação. Não teve quem não se emocionasse com falas, gestos e a tão esquecida solidariedade entre os homens. Parecia que tal sentimento é novo e causa uma certa estranheza em quem o presencie de forma tão viva.
Que mundo é esse? Assistimos espantados, de certa forma, à grande demonstração de humanidade como se fosse algo inédito. Estranhamos o natural. E isso foi feito com outro sentimento que mais agride o ser humano: a perda!  Não temos controle sobre ela, não sabemos encarar a morte. Não sabemos lidar com a dor física que vitimou tanta gente. Não somente passageiros desse triste voo, mas também as vítimas da violência extremista que assola o mundo com fosse um gigante jogo de War num tabuleiro chamado planeta Terra. Vidas levadas pelos bombardeios de cidades, vidas levadas pelos sucessivos naufrágios, pela fome, pelos maus tratos, pelas ações (ou respostas) da natureza, pela violência fácil que ronda o mundo, onde a vida passa a ter menos valor que bens materiais, as ofensas gratuitas, o enclausuramento individual.
Gestos de carinho com desconhecidos, choro coletivo, frases de impacto, mesmo que em alguns momentos pareça uma histeria coletiva. Parece que o mundo precisava disso, dessa catarse, dessa aproximação de seres humanos carentes de outros olhares, carentes de compaixão, de carinho, de abraço, de amor, de atenção. Carentes de freios na correria do dia a dia para podermos olhar em volta, perceber o chão em que se pisa. Parece que o mundo precisa dessas provas para ter certeza que o Homem é capaz de se unir e dividir o peso desse fardo, que é capaz de se unir para construir coisas boas.
Parece que o Homem precisa disso para se lembrar que é gente!

Nos vemos, nos lemos!

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Fifo

Resultado de imagem para fidel castro desenho
Fidel Castro - caricatura de Amarildo
Fidel Castro, um homem, uma história, um ideal e procedimentos pouco ortodoxos. De origem rica e preocupado com a desigualdade social. Fez sua revolução com que tinha em mãos e na cabeça. Há quem o ame, quem o odeie, quem o respeite, quem o reconhece, quem o venere; há quem julga, condena e repudia. Há quem vomite, quem chora. Como visto dias desses numa reportagem sobre sua morte, mais um sinal de encerramento do século XX. Parte de uma ilha o venera, parte do mundo foi temerosa, outras partes comemoram. Historicamente um marco, um líder, radical, um revolucionário, um presidente, um tirano, um aliado. Linha dura, casca grossa. Oposição de conteúdo retórico. Um homem que enfrentou uma grande Nação como Golias a Sansão.  Cerceou liberdades, prendeu, soltou, torturou, matou, foi caçado, tentaram diversas vezes matá-lo. Deu educação e saúde de ponta sem indústrias, foi copiado, criticado. Reeducou toda uma geração. Comunista que usava marcas ícones do capitalismo multinacional. Sua ilha, seu mundo! Seu mundo, uma ilha! E o mundo olhou para lá com medo, desdém, desejo, sangue nos olhos, cobiça. Pessoas viram em seu paraíso o descanso, as águas azul-turquesa, salsa e merengue, mojitos, crustáceos, charutos, malemolência, insurgentes, pessoas que falam na surdina, elogiam e reclamam, mendigos, prostitutas, alunos de uniforme, carros antigos com a cara de filmes dos anos 50, cidades desbotadas. 
Há acertos e erros do modo de vida do povo cubano. Um povo que merece o acesso sem perder a dignidade, a civilidade, sem se deixar escravizar novamente. Uma vida mais tranquila, sem extremos, nem tanto a Fulgêncio, nem tanto a Fidel.
Cuba é livre. Mudança dos tempos. Que se resguarde dos perigos do mundo! A conta é dele! Uma parte da História atual se encerra, outro capitulo está aberto. 
E assim o mundo gira! 
Nos vemos, nos lemos!

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Humano e sustentável

tênis feito com o plástico que polui os mares - montagem , imagens Google free pic
Hoje li sobre o lançamento de um tênis esportivo de performance feito com material reciclado. Uma famosa marca de renome internacional criou o modelo a partir de reuso de plásticos e poliéster O material teve origem nas imensas ilhas formadas nos oceanos com restos de plásticos (material que levam centenas de anos para se decomporem) e ainda causam muita destruição por onde passam. São imensas ilhas à deriva, presa nos oceanos pelas correntes de ar e visíveis apenas de embarcações, formadas por dejetos lançados pelos humanos, não somente os moradores das regiões costeiras, mas sim o resultado de uma infeliz (incon)sequência de maus hábitos que pode começar com aquele copinho plástico lançado por você na rua, que a enxurrada leva para a rede pluvial, que cai no rio que leva para o mar. Enfeiam, poluem, entopem, causam acidentes e um dos efeitos mais agravantes e sério é a alta contaminação da água do mar, de animais marinhos e a morte de milhões de espécies. Sem dizer a sucessão em cadeia que vem desse colapso, reforçando negativamente o impacto ambiental. Isso sem contar na intoxicação e envenenamento químico de animais, seu consumo  e sua procriação.
De olho em uma parcela do mercado com pensamento sustentável, empresas reaproveitam o material plástico para reuso em novas criações. Já é conhecido de muita gente o uso de fibras em uniformes esportivos oficiais de alguns países e reuso de outros produtos de utilidade geral, e agora a moda parte para os pés. Uma maneira de criação útil e sustentável. O ser humano tem a infeliz capacidade de gerar toneladas de lixo/dia, sendo que uma ínfima parte desse todo é reutilizada ou descartada de forma correta. Dentre muitos materiais, o plástico, por ser o mais barato é o grande vilão! Feito a partir de petróleo, recurso natural que leva milhões de anos para ser formado e em rota de acabar, seu (sub)produto leva centenas de anos para se decompor na natureza e durante esse processo causa estragos. Tardiamente, a preocupação humana na manutenção é pensamento corrente mundial no intuito de preservar o planeta, um enorme ser vivo que está respondendo às ações do Homem na natureza (desmatamento, poluição, crescimento e ações desordenadas) em conjunto com sua evolução natural de transformação. Eventos naturais associados à grande intervenção humana no ambiente que causam catástrofes. E são muitas, desde as pequenas queimadas para limpar terrenos até testes nucleares com fins bélicos. Estamos atrasados nessa corrida, mas há possibilidades de frearmos alguns efeitos colaterais, visto que outros já são considerados irreversíveis e poder proporcionar uma qualidade menos pior de vida para nós mesmos. Não num futuro próximo e sim agora! Somos 7 bilhões de responsáveis na manutenção e gerenciamento de Casa e pequenas ações como dessa grande empresa precisam ser copiados até que a sustentabilidade (sem ser careta, modismo, piegas ou extremista) possa ser um sentimento único e que tenha valores, tanto morais quanto competitivos no mercado do dia a dia. Basta ainda saber como se reusa esses itens criados de reuso. Urgente , urgentíssimo! Isso é apenas um cristal de gelo desse enorme iceberg.Nos vemos, nos lemos!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Sub medida!

etiqueta - imagem Google free pic.
Um artigo fala sobre o empoderamento das pessoas que se reflete nas grifes famosas (e caras) das roupas que usam à exaustão em suas aparições públicas. Fala de uma marca criada por um americano de origem humilde e imigrante que venceu na vida no país das oportunidades e que se tornou sinônimo de bom gosto e marca de uma Nação. Críticas à parte, até mesmo porque meu entendimento de moda e grife são tão simples quanto um corte de chitão, consigo enxergar que existe um código de conduta cheio de significados. Não é uma moda que é usada apenas com o sentido de vestir uma boa roupa ou estar updated com as tendências fashions  (de estar na moda, digamos mais simplificadamente), mas sim para passar e reforçar muitas mensagens, de se impor em patamares distantes da realidade da grande massa. Em alguns casos, uma ostentação discreta (se é que é possível tal antagonismo).
Em se falando do tal país das oportunidades, agora em época pós eleições ocorridas lá e após muito discurso feito contra algumas minorias, chega-se a outro ponto curioso nesse antagonismo citado:
Como já dito sobre a origem do referido estilista, acredito que ele soube driblar um sistema feroz, que deve ter caminhado sobre tapetes com pontas sujas de muitas mãos prontas a puxá-lo, que defendeu seu quinhão rumo ao sol da prosperidade, que deve ter batido a cara em muita porta, pisado em outras pessoas já vestido com a crueza e frieza de alguns degraus acima nesse caminho do sistema imposto, agora se torna cúmplice de uma imposição ideológica. Agora que ele faz parte do rol dos detentores do poder econômico e político, pode ver sua criação usada como “uniforme” pelos pseudo semideuses desse panteão.
Os produtos de outras, grifes e seus conceitos, criados com o intuito de embelezar as pessoas, passam a ser preteridos em função de permitir que as mensagens subliminares de poder e conduta sejam explicitamente expressas por outras grifes que atendam mais completamente um formato estabelecido, tudo através de uma etiqueta, de um logo (conceito). Essa comunicação visual passa a ser percebida, notada, reverenciada, idolatrada por muitos e consumida por poucos que têm condições de comprá-las.
O mesmo sistema que enaltece e abre lugar ao sol aos vencedores é o mesmo que encobre e sufoca uma grande parte de uma população que trabalha com o objetivo de chegar ao mesmo local ou de, pelo menos, conseguir respirar mais aliviado, mesmo que em outros patamares.  A verdade é que não lugar há para todo mundo, não são criadas chances de crescimento por igual. Essa é a engrenagem que rege o mundo, que cada vez precisa de mais sustentadores dos pilares desse panteão. O futuro desse cenário pode piorar e coloca essa sustentabilidade em cheque, uma vez que se menospreza e proíbe o trabalho dessa base, que se corroer......  Num passado, não muito distante, a absorção dessa mesma mão de obra foi aceita, comemorada e acalentou o sonho de muita gente de lá e de fora. Criou-se uma fantasia de uma terra com um sistema sólido, que historicamente sabemos, foi construído sobre ruínas de pessoas, povos, nações, ideologias e imposição de poder seja de forma armada, financeira, seja ideológica.
Curioso que tudo isso gerou uma uniformização do sistema, de como agir, de como se identificar, do modo de um pensar, tais e quais as roupas criadas pelas empresas de moda que refletem esse pensamento em suas etiquetas. Quem detém essa rédea precisa se cristalizar na fala, na conduta, na vestimenta, precisa se robotizar para não amassar a imagem! Até que a próxima estação e coleção estejam prontas!

E tudo isso porque nascemos nus. Nos vemos, nos lemos!

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Retina de Sharbat!

*Sharbat Gula em dois momentos,
fotos de Steve McCurry (1984/2002)
A menina afegã Sharbat Gula, que ficou mundialmente conhecida nos anos 80 por se tornar uma das capas mais famosas da revista National Geographic (publicada em 1985) e, por consequência, umas das imagens mais emblemáticas do século XX, volta à cena.
A referida foto foi feita por Steve McCurry em terras paquistanesas, num campo de refugiados afegãos em que a menina se encontrava, após o bombardeio de cidades de seu País, que causaram a morte de seus pais.
Hoje, a mulher de seus 40 e poucos anos, ainda marcada pela tristeza da guerra e dos muitos conflitos sociais e políticos de sua região, é notícia por tem entrado no Paquistão em abril de 2014, fugida do Afeganistão, com documentos falsos (com o nome de Sharbat Bibi) mais dois supostos filhos, além de subornar funcionários para conseguir os documentos.
Um ato de bravura diante da ferocidade das duras leis dos homens desses países e pela imposição extremista que relegam as mulheres a planos inferiores e imputam penas mais severas. 
Ela poderia pegar 14 anos de prisão. Seria uma sentença de morte, pois a afegã, além das questões políticas, sofre com o silêncio da hepatite C e se somado às nulas condições que se pode imaginar de um cárcere nessa região, poderiam aumentar o sofrimento dessa mulher, que desde pequena, transmite a aridez de sua realidade através de seus olhos cor de jade (curiosamente  a pedra preciosa mais apreciada no oriente).
Há de se tentar entender os motivos que levaram Sharbat Gula ao ato de desespero em busca de uma vida mais tranquila, da mesma forma como milhões de afegãos tentam, anualmente, conseguir um documento oficial paquistanês.
Há de se compreender os significados dessa ação e se informar de toda História que gerou uma séria questão diplomática desde a invasão soviética em 1979, que mudou a vida desses povos e os "conflitos" gerados após isso (guerra civil afegã em 89 e a não aceitação de afegãos em território paquistanês onde são acusados de muitos crimes e terrorismo).
Segundo notícias publicadas em meios de comunicação, a afegã seria recebida de volta em seu país de origem, após cumprir pena de 15 dias na cidade de Peshawar e pagar uma multa equivalente a EUR$860,00 (= US$957,53 = R$3097,00 hoje).O que pode ser significativo para sua condição financeira. 
Para se ter uma ideia:
O salário mínimo no Paquistão* equivale a US$251,00 (R$811,76 hoje).
O salário mínimo no Afeganistão* equivale a US$82,00 (R$265,20 hoje).
*referência 2010.
Que ela possa ter um recomeço mais digno, em sua terra natal, junto de seus parentes que possam ainda estar por lá, sem grandes sustos e que seu belos olhos reflitam menos medo do mundo!
Sua imagem, criança, ainda será por muito tempo lembrada pela beleza crua da foto e pelo espanto diante das atrocidades humanas.
Nos vemos, nos lemos!

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Leréias, sô!

Valdomiro Silveira (1873/1941) 
Cartaz peça "Leréias" com Jandir Ferrari, música de Antônio Porto e Direção 
de Caio de Andrade
Creio que a maior riqueza de uma obra seja a tradução da simplicidade. De dizer a coisa certa sem meias palavras e ir direto ao ponto, nua e cruamente, sem rodeios. Colocar sentimentos num papel para deixá-los eternos, interpretados, cantados ou rimados não é tarefa fácil. Requer a lapidação de um dom, requer tempo e estudo. Um processo de tempo que é engolido pela correria cotidiana e que nos faz ignorar por completo quem se dedica a essa tarefa.
Valdomiro Silveira é um desses escritores que usou seu tempo de vida na observação do Homem caipira, na sua forma de falar, sua forma de interagir com a natureza e com as fronteiras do seu mundo visível, com os sentimentos que ocupavam a cabeça e o faziam pensar durante sua lida diária, com o trabalho pesado do homem da roça.
Nascido em Cachoeira Paulista, criado em Casa Branca, todas no interior de São Paulo, terra dos caipiras e suas peculiaridades. Suas observações no modo de vida, na fala, nos costumes, despertaram nele o curioso trabalho de transcrever as ações dessas pessoas simples.  Simples sem ser ingênuo, bobo ou preguiçoso. Simples na maneira de não fazer firulas para se dizer o que se sente, muitas vezes comparando seus atos com os animais da natureza que faziam parte do cenário natural a que pertencia. Filosoficamente simples na busca da eterna resposta do Homem, de saber quem se é, para onde se vai, onde se encontra.
O escritor cresceu, formou-se advogado, depois foi promotor público, deputado, secretário de educação do estado de São Paulo e jornalista. Um homem das letras, de suas observações que nunca abandonaram o homem simples da sua origem, o matuto, o caipira da sua raiz e sua linguagem. Sua obra o aproxima de Guimarães Rosa, que também descreve a vida do homem que não habita a cidade.
Os contos de Valdomiro, abordando os costumes e tradições desse povo, muito contribuíram para o folclore brasileiro. Revisitado em sua obra póstuma, "Leréias", foi levada ao palco mesclando no cenário a simplicidade do homem caipira e o essencial para existir com a riqueza de suas falas, de seus pensamentos, a graça da simplicidade, a suavidade da música pontuada pelo violão caipira. 
Leréias mostra que o Homem é o mesmo em qualquer lugar sobre a face da Terra, com seus medos, coragem, culpa, anseios, desejos, frustrações, raiva e todos os outros sentimentos inerentes ao ser humano, porém falado em outro "idioma", com outras referências ricas e que nos pertencem!
Uma peça que vale a pena conferir! Que nada tem de lorota, pode acreditar!
Nos vemos, nos lemos!


terça-feira, 18 de outubro de 2016

A gourmetização do arroz e feijão!


ratatouile / feijão com arroz - imagens Google free pic
Há tempos estou querendo escrever algo sobre esse assunto! Acho um pouco estranho escrever sobre isso, até mesmo porque não sou técnico na área e, mesmo assim, depois de tanto ver  e ouvir sobre o tema, me arrisco em palpites soltos, como esse agora. 
Existe uma febre atualmente em muitos canais, abertos e pagos, de programas e realities shows de culinária. De modelos enlatados, repetidos em vários países, a programas originais assim como os mais antigos com os mestres primeiros da gastronomia. Isso vem de longe. Desde Etty Fraser, Silvio Lancelotti, Palmirinha, chegando até Ana Maria Braga, Claudete Troiano, Ione Borges, Catia Fonseca, Edu Guedes e mais recentemente em programas com dicas de Alex Atala, Paola Carosella, Erick Jacquin e Henrique Fogaça, entre outros Ainda batalhas de confeiteiros, criadores de bolos (sucesso com Buddy Valastro), comidas práticas com Carolina Ferraz e Rita Lobo, comida saudável com Bela Gil e propostas veganas, alimentos sem glúten e lactose, releituras de receitas  populares e de família com Rodrigo Hilbert e Olivier Anquier, programas que reeducam pais e filhos quanto à alimentação, outros que fazem chatos comerem dirigido por Claude Troisgois e o fiel escudeiro Batista e uma sucessão de apresentadores e caçadores de novidades pelo mundo afora, explorando a comida típica de cada canto do mundo, seja em restaurantes tradicionais, casas de famílias ou food trucks, comidinhas de rua, bares e feiras. Comidinhas diferentes. 
Parece que o mundo acordou para a necessidade de se alimentar para se manter vivo. 
Até mesmo os programas de viagens, entrevistas e documentários têm a alimentação típica como pauta. Tudo isso com sua versão infantil para alavancar audiência. Sem contar nos abomináveis programas em que o chef de cozinha é “respeitado” por seus gritos, comentários deselegantes e insultos aos participantes.
A gourmetização está em um novo vocabulário adotado, algumas orientações e comentários, digamos, mais blasé que reais. A fervura de molhos e caldos vira redução outras novas nomenclaturas que ganharam público como: confit (do francês cristalizado, usado para manter o alimento conservado por mais tempo), espuma, texturização, deglaciar, marinadas,  selar, corte a juliana, al dente, entre muitos outros e uns que eu já conhecia com outro nome mais ordinário. Até mesmo a opinião sobre um prato muda com essa invasão de técnica gastronômica televisa. Comidas com aspectos estranhos, pouco sal, muita gordura, excesso ou falta de cozimento. Enaltecimento dos modismos gastronômicos. Pratos em que os elementos não se harmonizam, outros onde existem muita informação e pouco sabor, texturas insossas, todas resultados das provas feitas sob a tensão da eliminação e a crueldade do curto tempo sob o tic-tac implacável do cronômetro. Apresentações que não enchem os olhos. Ao contrário de grandes surpresas e inovações que surgem!
Existe o lado em que muito se ensina para o cozinheiro do dia-a-dia ganhar tempo, valorizar mais a comida que é feita e a mais valiosa informação que é a utilização integral de alguns alimentos, evitando o desperdício, além de apresentar combinações que podem parecer impossíveis até que alguém teve a ideia de experimentá-las e provar que tudo não passava de lenda ou medo.
Ainda assim, há um excesso de programas culinários e batalhas que tem o alimento como foco principal. O mesmo alimento que é fartura e desperdiçado em muitos lugares e que faltam nas regiões mais pobres do planeta.
Comer é necessário, é básico, é fundamental! A gourmetização pode ser vista como  moda, comida de vitrine, de prêmio, diante dos extremos vividos no mundo, mas ainda é a velha e boa comida que é traço cultural, que une famílias, que traz memórias olfativas, memórias de paladares, sabores regionais e a memória afetiva daquela comidinha, que por mais simples que seja, somente a pessoa querida da família sabe fazer. O verdadeiro alimento, o food sem ser fast!
Queria ter feito um ratatouile, mas saiu esse arroz com feijão (que é tão bom quanto). 
É o prato do dia, o que tem prá hoje! Boa desgustação!
Nos vemos, nos lemos, com um bom lanche, almoço e jantar no meio!