Quem? |
Festa naquela grande família.
Bodas de diamante do casal de velhinhos, simpáticos, amorosos, com longas histórias
de vida, de dificuldades, da experiência da guerra, do trabalho duro, de perdas
e ganhos, de muitos filhos, netos e bisnetos. Uma grande geração de primos de
primeiro grau dentro de uma faixa etária que, mesmo ampla, permitia o convívio
de todos quando dos encontros da família. As grandes rodas de violão na frente
da casa sob a luz dos lampiões, a vigilância austera do avô e a avó pedindo
calma ao velho para que entendesse a juventude. A obrigação de assistir ao
culto no pequeno cômodo ao lado da casa. O respeito, a reza antes da
alimentação, as broncas que não podiam ser revidadas. O respeito pelo mais
velhos, tão em desuso hoje em dia. Muitos tios, primos, os primos dos nossos
pais e os seus filhos aumentando a gama de inúmeras pessoas nessas ocasiões
festivas, principalmente essa, que foi a última, com destaque até na mídia da
época. Verdadeiramente a grande família. O grande almoço, o culto oficial de
comemoração, os encontros, contatos. Muita diversão e conversa boa numa época
sem celulares e nenhuma outra forma de comunicação expressa que não fosse a boa
conversa das muitas rodas que se formavam ora aqui, ora ali. Com o tempo, Deus
levou os dois bons velhinhos pelas mãos, deixando uma grande lacuna no seio da
família, levando uma fonte inesgotável de doçura e carinho por parte dos
responsáveis primeiros por essa grande família. Família essa que levou ao pé da
letra o “crescei e multiplicai-vos”.
Acho que exponenciamos! Restaram as histórias e as boas lembranças! Tivemos que
aprender a lidar com a falta, que faz parte da vida, mas sempre lembrando com
alegria dessa ou daquela experiência com nossos avós queridos. Depuramos muita
coisa, soubemos entender as falhas, os excessos, as faltas, o zelo, as
preocupações, os desejos. Afinal, eram tão humanos quanto cada um de nós! E isso
ninguém nos tira. Não digo que lamento por aqueles que vieram depois, pois essa
é uma das contingências da vida. A continuação dessa grande família,
reformatada, adaptada à realidade de hoje. Cada qual com seu cada qual. Cada um
com sua cruz, sua espada, seus louros, seus ouros, enfim, cada qual na sua
vida. O tempo se encarregou de juntar uns, afastar outros. Esse mesmo tempo
juntou os que estavam afastados e afastou quem passou tempo junto. O destino cumpriu
seu papel e levou alguns queridos. A roda girou tanto e fez os anos passarem. Continuamos
a nossa matemática, aumentando e dividindo com os mais novos o que vivemos
naquela época boa! Época boa como hoje, porém diferente, com outro tempero! Alguns
bebês cresceram, ficamos mais experientes, gente nova chegou! O tempo e a
modernidade ajudaram a encurtar alguma saudade. Hoje, esses muitos de nós, se
falam de maneira instantânea, cada qual em seu local, perto ou longe, usando
recursos que a tecnologia do mundo moderno, encurtando a distância virtual e
alimentando a saudade de muitos tempos e, em particular, dessas grandes festas
de família quando a gente se encontrava! Isso é parte dessa grande família que
somos. Um tanto bom de muitos indivíduos, cada qual com muita experiência para
compartilhar, dividir, ensinar e aprender. E como tudo de bom acaba em festa, falta
mais uma para reunirmos e descobrirmos quem é o aquele bebê. Apesar de muitas
apostas e dúvidas, foi um bom motivo para unir novamente parte de nós. Bons momentos em que rimos muito e com a certeza de que seu França e Dona Anna ficariam alegres com toda essa conversa! Que sejam
muitos momentos de outros tantos quanto somos! Afinal, quem é o bebê???
(Somente a grande família vai entender!) Nos vemos, nos lemos!