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Sintonizo uma estação de rádio
que tem um repertório bem interessante de boa música, nacional e internacional,
músicas com mais de dez anos, outras com vinte e muito mais. Poucas atuais que
buscam o mesmo caminho. Cantadas em português, inglês, espanhol, francês e
italiano das mais comuns para nós. Quando falo boa música é pela letra cantada,
poemas, dúvidas da vida, sensações vividas pela primeira vez, dores de amor,
odes ao amor, à dor, ao crescimento, contestações inteligentes, figuras de
linguagem. Músicas com ricos arranjos, trabalho de músicos de verdade que
costuram nota por nota e tecem uma rede de acordes agradáveis, envolvente pela
melodia e ritmo. Vozes que casam perfeitamente com os tons, vozes naturais, cada qual com sua
particularidade, individualidade do timbre. Mesmo regravações dessa época,
repaginadas, ainda respeitam a confecção manual da boa música. Músicas que
marcam época, que marcam histórias, que soam diferente para cada pessoa.
Diferente de muita coisa
produzida hoje em dia. Música sintética, sem tempero humano, vozes uníssonas,
retas, semitonadas, fracas. Repertório pobre de enredo, de letra, repetição
exaustiva de um refrão sem nexo. Poemas vazios. Apologias a nada. Relatos de amores
vãos e pseudo dores de cotovelo. Conteúdo fraco que obrigatoriamente precisa
ser consolidado com ajuda imagens, histórias, casos. A música por si só não se
sustenta, precisa de um personagem criado de seu intérprete ou banda, de algum escândalo
para se firmar, para valer as regras de um mercado de gosto apenas financeiro.
Música que não têm identidade, muito iguais, que cansam e fazem mudar o dial
automaticamente em busca de sons mais agradáveis aos ouvidos.
Essa nova forma de fazer música,
onde qualquer um pode cantar, sem se preocupar com o sentimento real de criar
letra e melodia é efêmera, apesar da chatice de suas repetições.
Que despertem os músicos e
letristas com algo novo para contar, mesmo que o formato possa parecer antigo, mas
que tenha emoção e criação. Podem dizer que o formato de músicas dos ricos anos
70, 80 e 90 seja ultrapassado, mas a busca de algo novo gerou muita coisa boa
que perdura até hoje. Acredito que as fontes não tenha se esgotado!
Nos vemos, nos lemos!
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