terça-feira, 11 de agosto de 2015

Nostalgia de ponta!

Coincidentemente me deparei com algumas situações parecidas nesses últimos dias. De um lado, ouvi ou li desabafos de pessoas nostálgicas, lembrando-se de coisas corriqueiras do dia a dia. Lembranças olfativas, auditivas, de paladar. 
Lembranças de cenários aconchegantes de nossa história que, mesmo que em segundo plano, ficaram registradas como referência, ponto de apoio, como marcos de momentos vividos. 
Penso e acredito que ter saudade seja saudável e a nossa gangorra emocional nos permite viver tais momentos juntos com muitos outros da nossa complexidade humana.
À medida que se envelhece, ou melhor, que se ganha maturidade e sabemos olhar para trás e reconhecer nossa história, sempre descobrimos ou deciframos algo. 
É como reler um velho e bom livro. Incrível essa possibilidade humana de processar isso tudo individualmente. E assim vamos pensando, pensando e pensando.....
Por outro lado, coletivamente, estamos sendo bombardeados com informações de tecnologias de ponta, de linguagem complexa: física, quântica, matemática, fórmulas que têm mostrado que nossos sonhos de ficção científica estão próximos de se tornarem realidade e que muitas delas não são agradáveis por não permitirem a continuidade da nossa espécie. 
Não que sejam alarmistas, mas que nos colocam diante de uma realidade nua e crua, que nos apresentam situações de irreversibilidade do nosso viver. 
Não digo pelo final cataclísmico projetado para daqui a bilhões de anos, mas sim pela condição atual de irreversibilidade a que chegamos por deixar "nossa casa" em condições próximas de impossibilidade de manutenção e continuação da vida (superpopulação, poluição, desgaste de recursos naturais, guerras, a própria mudança do planeta enquanto sistema em evolução...)

Pensar na realidade de um fim nos deixa frágeis. Sabemos que algum fim é nossa única certeza. Ser agente desse fim nos desestabiliza e nos faz nostálgicos. 
Em nosso pensamento pessimista (ele sempre vem primeiro), ficamos saudosos de um tempo e condições que não voltam mais, nem com a mais inteligente das tecnologias. Sentimos saudades de nós mesmos. Ressentidos, talvez, de não ter perpetuado aqueles bons momentos. Se temos a inteligência suficiente para criar a tal tecnologia, que saibamos administrá-la para entender que a nostalgia é um sentimento de algo que está num passado possível de ter seu conforto recriado para o nosso próprio bem-estar. 
Quanto às novidades bombardeadas, se forem decisivas, que saibamos viver nosso tempo. Bilhões de anos são suficientes para o aprimoramento da nossa espécie em outro grau e escala evolutiva. Quem sabe um dia, bem lá na frente, nostálgicos, iremos refletir sobre nossa preocupação de "ontem".

Nos vemos, nos lemos!


*imagem: Google: O pensador de Auguste Rodin

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Desmontando o mundo!



Ser breve com esse assunto não é tarefa fácil!
Vamos partir do pressuposto que a evolução humana tenha sido uma sucessão de transformações até chegar ao Homo Sapiens-sapiens, passando pelo macaco e adotando a teoria evolucionista de Darwin.
Chega a ser difícil imaginar o quanto o Homem teve que aprender a se desenvolver e sobreviver, tornando-se um animal dominador pela racionalidade, que desenvolveu a fala, a escrita, as formas de comunicar e de interagir com o meio em que vive.
Um ser que, aos poucos, foi dominando suas ações, gravando-as na memória, lapidando, fortalecendo e aprimorando cada descoberta. Linkando assuntos, fatores e se superando, evoluindo biologicamente no lento processo de formação.
Os pequenos grupos se juntaram, seus líderes conquistaram grandes áreas atrás de comida, dominaram o frio e o fogo, aprenderem com o vento, com o ciclo da chuva, com os animais. Venceram montanhas antes intransponíveis, rios caudalosos, longas planícies, deserto e gelo, densas florestas, vários tipos de doenças, começaram a entender do tempo, das luas, marés, estações do ano. Caçaram, cultivaram, começaram a compreender e interpretar seus sentimentos.
Seus agrupamentos foram se tornando cada vez maiores e, com isso, surgiu a necessidade de organizarem-se, primeiro em grupo e depois em grupos maiores. Criaram pequenas aldeias, cidadelas, vilas, organizaram-se em classes ou castas, hierarquizaram-se, começaram a desenvolver sistemáticas de suas práticas cotidianas, cultos e ritos ao desconhecido, praticaram alguma forma de religiosidade de acordo com seus questionamentos, aqueles básicos que o ser humano sempre pergunta prá si: de onde vim, para onde vou, quem começou isso tudo?  
A natureza, pela sua força, beleza e pela sua capacidade de doar alimentos para esses povos deve ter sido considerada a primeira grande divindade para o ser humano. Outros também foram  considerados: O Sol, a Lua, o fogo, o vento, os elementos naturais, animais, montanhas, entre tantos. O Homem também criou objetos de adoração, aprenderam e criaram formas de registrar a presença do seu tempo e enaltecer as forças que lhes davam sustento, considerando-as sagradas. ergueram muros, construções faraônicas, nababescas, babilônicas.
Com o domínio da fala, das formas de escritas, da utilização de recursos que os possibilitaram criar ferramentas, utensílios e acessórios foi se tornando mais comuns tais registros.
Hoje, alguns milhões de anos após o surgimento do Homem sobre a face da Terra e de tanta transformação, olhamos, conhecemos e aprendemos com o passado, pelo menos com aqueles registros mais fáceis de decifrar. Entendemos a relação do Homem com o Homem, sua relação com o meio, sua postura, seus domínios. Sabemos de seus erros e acertos. E ao mesmo passo que descobrimos ou conhecemos algo, muitas outras indagações surgem.
Até que ponto chegou a evolução do Homem? Muitos desses marcos deixados, alguns ainda possíveis de visitação hoje em dia, mostram ruínas de grandes povos e civilizações como os Fenícios, Sumérios,  Egípcios, Gregos, Romanos, Nórdicos, Astecas, Maias, Incas, Polinésios, Esquimós, Beduínos, Tuaregs, inúmeras nações tribais, cada qual a seu tempo e sua participação da roda evolutiva. Me refiro também aos povos retratados nas histórias sagradas e seus livros como os povos que seguiram e difundiram o Cristianismo, o Islamismo, Judaísmo, Hinduísmo, Taoísmo entre tantas outras formas de implantação de religiosidade por esses povos que tiveram uma imensa contribuição nesse legado, nessa herança de arquitetura, idioma, cultura, etc. Partes da mesma História.
O desenvolver do Homem também esbarrou na delicada questão das individualidades e sensibilidades humanas, fossem elas desenvolvidas nos campos do relacionamento, da ciência, da busca por respostas, das relações políticas, dos interesses. Quantos não foram rotulados, tachados, perseguidos, dados como loucos, pecadores, bruxos, hereges? Outros tantos queimados vivos, perseguidos, forçadamente desaparecidos, limados da face da Terra por essa ou outra ideologia ou pensamento da época.
Questionamos e abrimos um leque extenso de discussões quando falamos de como tais façanhas foram executadas. Nossa imaginação ou falta de um conhecimento mais aprimorado, nos levam a pensar de ações conjuntas de outros povos. Questionamos se as divindades eras astronautas. Perguntamos onde foram parar as mentes brilhantes que conseguiram fazer tudo isso que ainda temos hoje como herança. Existiram, de fato, as civilizações hoje dadas como perdidas? Estivemos sozinhos o tempo todo?
Não há como comparar com os dias atuais, onde levamos quatro horas para recebermos imagens digitais de alta resolução de planetas nos confins do universo, feitas por instrumentos que foram lançados ao espaço, algo inimaginável pelos nossos ancestrais. Um exemplo simples: Os milhares de anos que o Homem levou para conhecer meio mundo, hoje em dia é feito em poucas horas de voo.
Porém, não temos mais a ousadia de erguer grandes impérios como no passado. Tudo a seu tempo. O planeta está pequeno. São poucos os locais intocados pelo ser humano. As novidades hoje são outros e o maior desafio é descobrir o próprio interior, a mente humana, o ato de ser verdadeiramente humano. A luta não é mais pela subsistência e sim pela longevidade, da saúde sem doenças.
Já disse aqui em textos anteriores que a marcha retroativa da evolução humana está colocando em risco os registros dos nossos antepassados. Vamos deixar de lado aqueles que foram destruídos quando de sua ocupação, de suas guerras e batalhas, daqueles que sucumbiram aos fenômenos naturais (chuvas, incêndios, enchentes, tsunamis, terremotos, avalanches, etc.).
Lamento a ação retrógrada do Homem, das ações de vandalismo, de intolerância religiosa, da política extremista, das ações que apagam rastros e registros, a ação inexorável do tempo, o crescimento desordenado de megalópoles, sítios arqueológicos, urbanos, entre outros abandonados ou engolidos pela construção de barragens e outras ações humanas em nome de desenvolvimento, e o pior de todos, o sentimento de desimportância ao legado deixado pelos primeiros Homens.
Como se os primeiros povos não tivessem nenhuma importância na soma que resultou no Homem Moderno.
O macaco,  o australopitecos, o habilis, o erectus, o sapiens neanderthalensis, o homo naledi ( a mais nova descoberta da ciência), o sapiens parecem ser apenas objetos de estudos, parte de museu ou livros antigos sem importância ou vínculo conosco.
Triste fim para quem não respeito as origens!
Nos vemos!



sexta-feira, 17 de julho de 2015

Hanga Roa


Apesar de algumas bizarrices do bicho Homem, 2015 promete ser um ano de revelações e descobertas.
Li numa rede social um artigo  do blog www.espiandogeral.blogspot.com.br que fala da mais recente descoberta na longínqua e misteriosa Ilha de Páscoa, isolada no meio do Oceano Pacífico.
Os indefectíveis moais, aquelas esculturas de rocha que são o principal atrativo desse arquipélago, não são apenas cabeças. Descobertas arqueológicas revelam que essas cabeças estavam ligadas a corpos, porém enterrados no solo. 
Se pensarmos bem, ficamos com algumas interrogações, pois algumas estátuas tem cerca de 30 pés de altura (algo entre 9 e 10 metros) e perto de 82 toneladas. Outras são ainda maiores. São imagens que representam os antepassados Moais, esculpidas pelo povo Rapa Nui antes mesmo da era pré-colombiana (de 1250 a 1500 d.C.). 
As imagens mostram corpos com detalhes de vestimentas e inscrições a serem decifradas (petroglifos) e que podem revelar maiores detalhes sobre esse povo.
Curioso que uma das plataformas que sustentam algumas estátuas, conhecida como Vinapu I, apresenta uma técnica de erguer paredes - pedras que são encaixadas cuidadosa e caprichosamente uma sobre as outras com cortes e encaixes precisos - parecidas com a dos templos Incas.
Como, por que, o que representam, o que significam, por quem e quando foram esculpidas? Por que estão enterradas? Como foram transferidas para vários pontos dessa ilha?
Ao ler sobre a formação geológica do arquipélago, um dos mais isolados do mundo, encontra-se informação de que a última grande atividade vulcânica ocorreu milhares de anos antes da chegada dos povos no local. Por isso, cai por terra uma provável resposta de que os moais teriam sido soterrados por lava.
De formação vulcânica, sujeita à ventos, frio, com pouquíssima água, terreno rochoso , baixa oferta de alimentos, aumentam ainda mais a curiosidade de como foi possível a instalação de povos primitivos e sua manutenção no local. As datas de chegada são incertas, mas seguem uma teoria que teriam sido desbravadas por antigos povos polinésios, grandes mestres conhecedores da arte de navegação sem bússola e de canoas à vela, o que por si só já é um espetáculo da coragem e determinação humana.
Esse arquipélago, anexado ao Chile em 1888, divide com o arquipélago Juan Fernandez o título de território especial desse país, com uma constituição “sui generis”.
As estátuas da Ilha de Páscoa foram candidatas ao título de Novas Sete Maravilhas do Mundo, ficando em oitavo lugar.
Particularmente eu as elencaria como sendo uma das Maravilhas do Mundo (misturando novas e antigas), pois são resultado do trabalho humano sobre a Terra.
Fim do mundo? Portal interplanetário? Umbigo do planeta? Tudo isso e muitos outros mistérios conferem à Ilha de Páscoa uma atmosfera envolta em misticismo e indagações da curiosidade humana, ainda que outros olhos estejam fazendo descobertas nos confins do universo.


*imagem: Google Images / link www.espiandogeral.blogspot.com.br
** joguem no Google imagens: Moais e verão os mais variados formatos e tamanhos dessas incríveis estátuas.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

De cara com o desconhecido!


A novidade da semana são as inéditas e incríveis fotos de Plutão, ex-último planeta do Sistema Solar, que tem deixado os cientistas em polvorosa e com enorme e nova possibilidade de estudos sobre a formação desse longínquo e frio planeta. 
Se de um lado os cientistas se deparam com uma universidade de novas pesquisas e estudos a serem feitos, por outro lado revelam-se perplexos com as novidades que as novas observações sugerem. 
Nunca o planeta anão foi visto tão de perto, graças à engenhosidade da New Horizons que navegou cerca de 5 bilhões de quilômetros para chegar perto do último e nono* planeta do nosso sistema (*condição até 2006) e começar suas revelações baseadas nas fotos que levam mais de 4 horas para chegar à Terra devido à distância, isso porque os dados viajam na velocidade da luz, uma forma de medida que os astrônomos criaram para facilitar os cálculos de tempo e distância astronômicas.
Plutão, devido sua massa, órbita, rotação, translação e outros dados de sua trajetória já foi considerado planeta, planeta anão, planeta binário, até que a UAI (União Astronômica Internacional) defina qual sua classificação. Temos que aguardar, uai!
Plutão foi batizado por uma menina inglesa, amante de mitologia e astronomia, que sugeriu entre mais de 1000 nomes que apareceram na época, em homenagem ao deus romano do submundo, por ser esse um planeta que habita uma região escura e gelada do Sistema Solar. Isso foi em 1930 para nomear o pequeno errante descoberto por volta de 1840 de forma bem simplista (comparando fotos do mesmo quadrante do céu noturno com defasagem de alguns dias para checar se houve alguma “movimentação” diferente de algum ponto luminoso – não é tão simples assim).
É um planeta relativamente novo, tanto na descoberta – uma de suas luas, Estige, foi descoberta em 2012 – quanto ao que foi observado nas primeiras fotos enviadas. A falta de crateras, que sugerem ausência de marca de impactos de meteoritos em sua superfície. Isso pode evidenciar um planeta novo, em se comparando os mais de 4 bilhões de anos do nosso sistema, ainda que o ele orbite em uma região onde é comum esses impactos acontecerem, um cinturão de objetos. As fotos também mostram cadeias de montanhas novas com alturas entre 3000 e 4000 metros de altura que indicam uma superfície de pelo menos 100 milhões de anos, o que astronomicamente não é nada. Existe a possibilidade de água no subsolo do planeta, alguns mares protegidos pela crosta. Se há água, pode haver formas de vidas. Nada de homenzinhos verdes e sim bactérias, seres celulares e alguma novidade!
Plutão tem muitas peculiaridades, desde sua órbita irregular, que cruza com a de Netuno, que leva aproximadamente 248 anos para dar uma volta em torno do sol, a possibilidade de ser um planeta binário (em parceria com uma de suas luas, Caronte, a maior delas). Sua rotação, uma volta em torno do próprio eixo, leva 6,39 dias, um eixo extremamente inclinado faz com que sua longa jornada mostre a mesma face por longas exposições ao sol e à escuridão. Uma fina atmosfera formada por nitrogênio e metano, seu tamanho, menor que a nossa Lua, frio, muito frio, onde nosso Sol aparece apenas como uma estrela amarela brilhante no céu.
Historicamente é um marco, sem dúvidas!
Plutão é um quase desconhecido e pode oferecer diversas possibilidades e descobertas que podem ajudar o Homem a entender melhor o nosso próprio planeta, ainda que muitos torçam o nariz para os gastos bilionários com essas pesquisas, uma vez que aqui em casa, a Terra, esse valor poderia melhorar a condição de vida de muitos humanos, as relações entre povos e nações, proporcionar uma manutenção mais séria com a saúde do nosso planeta. Penso que pode se fazer os dois concomitantemente.
De fato, o Homem precisa proporcionar uma melhor forma de vida para si próprio. 
Aqui!!!! Sem projetar esse ideal para outro planeta. 
Viva a Ciência, viva nossa melhor maneira de vida! 
Por trás disso tudo, o início, a Criação! De um tempo e forma que não conhecemos e ainda somos muito insignificantes para querer alcançar tal compreensão!
Que venham os planetas, as estrelas, supernovas, nebulosas, cometas, galáxias, os estudos e as descobertas, inclusive a descoberta de um novo Ser Humano!

*imagem - divulgação NASA

terça-feira, 7 de julho de 2015

Andar com fé...




Andar por aí com um destino pré-traçado e aberto às boas surpresas do caminho. Muito bom de se fazer!  As férias estão aí prá isso. Espero que todos que trabalham gozem saudavelmente de suas férias, viajando para perto ou longe, ficando e resolvendo boas coisas de casa, cuidando de filhos, família, se permitindo a mais tempo, dormir mais, fugir da programação do relógio do dia-a-dia.

Resolvi pegar estrada! Destino: alguns locais novos e outros de revisita. Locais dentro de um limite de distância. Deus, eu, meu carro e boa música. Revi amigos, parentes, revisitei locais, conheci novos lugares de cidades já conhecidas, conheci o desconhecido, calculei tempo, condição de tempo e rodovia, melhor rota, o que ver pelo caminho. Vi muito chão, céu, estrada, montanha, mar, muita gente, ouvi vários sotaques, dormi bem, acordei disposto, andei sentido norte, sul, leste e oeste. São Paulo, Rio e Minas. 
Cenários de muita beleza sob o sol, sob as nuvens, sob chuva, neblina, calor, frio e vento. Mergulhos em lindas e transparentes águas frias e outras geladas.
Me deixei envolver pela atmosfera colonial de um Brasil deixado no tempo, suas ruínas, becos, história preservada, vi cenários de transição de vegetação, vi o mar da terra, a terra do mar, vi do alto, de baixo, nascentes e poentes, vi registros de antepassados, senti muitos perfumes, o cheiro de cada lugar que, de certa forma, ficaram como registro olfativo em minha memória. Isso é meu e ninguém mais tira! Mais uma vez se tem a noção da imensidão de um país plural, ainda que rodando em um circuito, mesmo que pequeno, diante da imensidão continental desse Brasil. Somos muitos, somos ricos e nem percebemos. Curioso ver nesses locais pequenos registros vivos de seu dna, de sua história, daquilo que dá orgulho e de onde se extrai o trabalho. Curioso ouvir versões distintas dos mesmos lugares sob aspectos e visões diferentes de estrangeiros e nativos. Perceptível. Curioso rodar em rodovias sem cruzar uma alma viva por quilômetros e quilômetros até desembocar no ritmo frenético de uma BR, em uma cidade maior.
Boa comida sempre, artesanato local e as boutiques franqueadas de artesanatos em geral destoando do original, porém gerando trabalho. Visão de locais que, se não tomarem cuidado, acabarão sendo engolidos por condomínios, pelo crescimento desordenado, tirando a paz, a beleza e o charme natural.
Montanhas que viram pessoas, animais, formas curiosas, que se desdobram, que se abrem em túneis, que se debruçam abruptamente vale abaixo, que escarpam suas rochas, que arredondam seus cumes, que se deixam lamber pelo nevoeiro das altas encostas beira mar, que estouram em muitos tons de verdes salpicados de ipês roxos e amarelos e tantas outras espécies (por mim) desconhecidas. Vez ou outra riscada pela espuma branca da cachoeira que despenca. Me lembrou a música da Tetê Espíndola que diz: “....em toda mata um cochicho em CH, chuá, chuá  na queda d´água, me sinto livre, nada me falta ...”.

Montanhas que, já velhas, descansam sua rugosidade a perder de vista como uma onda congelada de pedra e mato. Maritacas, seriemas e tucanos cruzam os céus e caminhos. Cidadãos em suas bicicletas. Charretes nas ruas de pedra e estradas de terra, trens, revoada das garças no fim de tarde, burricos que mastigam o capim seco sem pressa encostados nos mourões. Vacas e bois que desafiam a gravidade pastando em morros íngremes.
Flores desconhecidas que tingem a beira da estrada. Pássaros rasantes e borboletas fosforescentes que não se deixam registrar. Pedras áridas e encostas esculpidas pela erosão, pelo tempo e o vento, rios e cachoeiras de água geladas de inverno que sonorizam o ambiente, que atraem.  Estradas longas, curtas, curvas, íngremes, retas que tangem colinas, pedágios, postos, policia rodoviária, velocidade controlada, placas de limite de velocidade que variam de 80 para 40, 60 e 50, vai entender? Placas engraçadas, lugarejos com nomes estranhos. Se Retorno fosse cidade teria uma entrada em cada lugar. Estrada interrompidas por estranhas pontes estreitas de uma só pista, por caminhões pesados, por queda de pedras das encostas, por fumaça de fogueiras, por hordas de motoqueiros de preto e suas máquinas Harley Davidson. Pare, olhe, escute! Estradas que fazem andar e andar e andar. Em linha reta e outras nem tanto, que saem e voltam para o mesmo lugar. Daí as férias acabam, depois de 1380 km rodados!


Nos vemos, nos lemos!







* fotos do autor

domingo, 7 de junho de 2015

O controle remoto ainda está em nossas mãos!

Do início da televisão até hoje, muito tempo passou, muita coisa mudou inclusive a forma de dar a notícia, que passou a ter uma linguagem muito mais direta, sem formalidades, sem linguagem rebuscada, sem sinônimos acadêmicos. Deixou de ser rococó para ser contemporânea, aceitou gírias, linguagem popular, comentou a notícia e hoje em dia é possível ver o âncora dos jornais com uma relação muito mais direta com o público, com comentários pessoais sobre o assunto, uma conversa mais informal com outros repórteres.  
A televisão e o rádio, principalmente, por serem falados, transitaram nessa nova formatação para fazer com que a notícia chegasse de maneira mais clara e direta às pessoas, atendendo a todos por igual, de forma democrática. O progresso da tecnologia, o avanço da forma de jornalismo, o imediatismo e a notícia em tempo real proporcionam sermos expectadores de alguns fatos que nos atingem diretamente, de forma positiva e ou negativa. Nascimento e morte já foram registrados ao vivo. A História já foi flagrada e vista por milhões em tempo quase real. Vida e morte tomam parte do nosso cotidiano, mesmo que sejam relacionados a pessoas que nunca vimos antes. Compartilhamos alegrias e tristezas de maneira forçada. Há o lado da imposição, das mensagens subliminares, como há o lado da boa notícia, de compartilhar assuntos mais enriquecedores.
O veículo televiso, visto por muitos como formador forçado de opinião, de enfiar goela abaixo informações prontas e de pensar pelo expectador direcionando opiniões, gostos, tendências políticas, etc.
Esse formato é perigoso porque dá poder sem dar discernimento, gera ação sem razão, robotiza atitudes. Alguns veículos aceitam atender propósitos outros que permitem tais práticas de manipulação maciça. Não deveria ser assim, nem mesmo com a pseudo justificativa de manter e gerar empregos. Muito se fala do canal A ou do B que atendem diretamente a esses propósitos, ou mesmo do canal C que vai por outro segmento mais popularesco, porém com o mesmo intuito de formatar o público à ideia de que o gerencia ou mesmo financia. Fala-se muito. Reclama-se de emissoras que sonegam informações, que amenizam notícias, que controlam o teor passado com critério de gota a gota a fim de causar menor impacto.
Isso fez pobre a disponibilidade de programação, que hoje em dia se resume a reprises de novelas e seriados requentados, programas de auditório com quadros que só funcionam a base do choro do convidado e de expor mazelas alheias, programas jornalísticos que agem como tribunais e divulgam apenas as formas de violência ou programas de fofocas que têm mais da metade do seu tempo voltado aos patrocinadores, além dos intermináveis programas de roda de debate sobre futebol, apenas futebol, como se fosse o único esporte praticado pelo ser humano. Ciência, Educação, Cultura, Lazer, Comportamento são itens que tem uma programação ínfima na grade desses canais (me refiro aos abertos, públicos, governamentais e por assinatura.
A opinião pública fica focada em polêmicas menores dos muitos folhetins e “deixa passar” assuntos mais relevantes e que são jogados na casa do expectador sem qualquer preparação, sem qualquer elucidação do tema. E não adianta colocar nos créditos finais que aquela é uma obra de ficção, pois 99,999% do público não lê.  
Os poucos programas que têm permissão para tocar no assunto estão longe do acesso da maioria do público, seja pelo horário de exibição, seja por fazer parte da grade de emissoras pagas ou web tvs que muitos poucos assistem.
Por outro lado, existem os programas que abordam temas ditos mais elitistas (um erro pensar assim) e que incorrem ações absurdas por quem o conduz. Dias desses vi uma entrevista em que o entrevistador, do alto milimétrico de sua empáfia, cortava o entrevistado, que tinha reles segundos para resumir toda a proposta do seu trabalho. A cada início de resposta havia um corte como se aquele assunto não tivesse muita relevância ou parecesse menos importante que o conhecimento do entrevistador.
Muitos podem dizer que o “jabá” não poderia comprar mais tempo para o entrevistado ou que a grade é curta. Poxa, então repensem isso. De que adianta tomar um tempo precioso de uma pessoa para falar de sua obra em míseros segundos e ainda com intervenções que pareciam querer que o tempo passasse logo. Revejam o tempo, a grade, revejam o apresentador, principalmente.
Existem profissionais que absorvem conhecimento de tudo aquilo que diz respeito a seu trabalho, mas se colocam em pedestais inatingíveis, que se cristalizam desse conhecimento louváveis e dignos de elogios, mas cobrem todo esse bolo de recheio bom com uma generosa camada de orgulho e presunção. Azeda tudo!
E o veículo televiso anda tão dinâmico que é perceptível ver as mudanças feitas para segurar o seu público e assim manter uma cadeia sustentável para a sobrevivência da empresa por detrás da logomarca . Programas são encurtados, outros extintos, temáticas de programas bruscamente alteradas, quadros copiados, melhorados (difícil), piorados, retirados, troca de apresentadores, de horário, entre muitas ações estratégicas. Anos atrás ficávamos acostumados com aquela programação fixa o ano todo.
Mas tudo muda e sempre vai mudar! O que não tiver conteúdo não tem como se estabelecer por mais tempo (é o desejável), mas ainda é cedo para chegarmos nisso. Enquanto for necessária a valorização da miséria humana sem o requisito do pensar por si próprio, ainda seremos expectadores passivos de todo um sistema já armado e em execução. O que alenta é que, aos poucos, esse cenário está mudando, como se fosse um bebê engatinhando que dá cabeçadas na parede, mesmo num ritmo inversamente proporcional ao da mudança tecnológica, um dia havemos de recordar de tudo isso como uma etapa da evolução humana. Que assim seja!

*.....ainda não terminou esse raciocínio....



sexta-feira, 22 de maio de 2015

Farinha do mesmo saco !



Quando se tem menos visão do mundo, criamos ideias sobre pessoas e situações que fogem ao nosso cotidiano. Isso não quer dizer que eu tenha a melhor visão, mas ela está melhor que 20 anos atrás e vai ficar melhor ainda nos próximos 20, oxalá! 
Sem qualquer sentimento de inferioridade, pensamos que aquela pessoa é diferente, que vive de maneira distinta da nossa e que não faz o que fazemos. Que nada! 
Partindo do princípio básico que somos seres humanos, fomos gerados, gestados, nascemos, aprendemos a andar sozinho, falar, expressar sentimentos, desenvolver e, para isso, usamos de todas as possibilidades físicas e psíquicas para tal, dentro de uma regra generalizada para não alongar o assunto. Aprendemos a lidar com algumas dificuldades, precisamos basicamente de alimentos, de água, dormir, e processar toda fisiologia necessária num ciclo ininterrupto. A carcaça e a funcionalidade são as mesmas, adaptadas ao meio em que se vive e com traços genéticos que nos identificam como pertencentes a uma linhagem, uma ascendência, fatores que nos conectam a um grupo, uma sucessão de elos intermináveis e que se permitem mesclar com outros grupos oriundos de outras linhagens, ascendência, etc. Portanto, somos todos iguais, somos todos carbono.
E a inteligência humana é tão fantástica que permite que os povos se conectem sem grandes problemas, quando alguma dificuldade pode ser algo estimulante. Tentar contato com um ser humano do outro lado do mundo, usando um terceiro idioma para conversar, entender culturas e tradições, respeitar a visão do outro, buscar conhecer um novíssimo ponto de vista é enriquecedor, transformador e possível.
Por isso que, certas pessoas, destacam-se dos grupos em que vivem, seja pela defesa de um ideal comum, pela posição e postura profissional que ocupa, pela representatividade de um grupo ou nação, por fazer algo distinto dos demais, por fazer algo comum a um grande grupo, por ações e atitudes particulares de notoriedade, pelos exemplos e por uma infinidade de ações boas ou ruins que as destacam. Sim, a maldade é inerente ao ser humano.
Mesmo que a aparência, o nível social, financeiro, o conhecimento, o idioma, a religiosidade, a sexualidade, filosofias de vida entre outros aspectos nos separem, somos semelhantes, somos seres vivos, que nascem, vivem e morrem. Os demais adjetivos, chamemos assim, podem ser mudados, adquiridos, exercitados, extintos ou conjugados, permitindo a mudança. 
Nos anos 80 havia uma canção inglesa estilo new wave que dizia: “...eu sou somente humano, de carne e sangue. Humano, nascido para cometer erros....” e a música falava dessa desigualdade, de uma não cobrança, até mesmo porque os pequenos grupos surgidos na época em todo o mundo sofriam algum preconceito, com suas roupas extravagantes, cortes de cabelo, maquiagem, piercings, condutas diferente dos padrões impostos na época e mostravam que tinham capacidade de falar de igual pra igual, de se fazerem presentes, com conteúdo e uma visão crítica dessa forma errada de ver as pessoas na sociedade, assim  como muitas outras bandas nacionais e estrangeiras fizeram e mudaram o comportamento e algumas visões. Isso sem citar outras grandes criações artísticas que colaboraram para muitas reflexões.
Somos 7 bilhões de indivíduos, cada um igual a si próprio apenas, portanto eu e você não somos diferentes de ninguém, nem do Papa, nem do Primeiro Ministro da Islândia, nem do caboman daquela emissora de tv pequena do interior, nem do homem que pisou na Lua ou mesmo do possível bebê que esteja sendo gerado agora em alguma barriga brasileira, turca, mexicana ou bósnia, nem do serial killer, do pivete de rua ou qualquer outro cidadão terráqueo, que fique bem claro!
Pensar no diferente, tudo bem! Agir como tal, nem pensar!
Nos vemos, nos lemos!



*imagem: Google superpopulação mundial clickaki