terça-feira, 22 de março de 2016

dessintonia!

Há um sentimento de traição em rede social. Já pararam para pensar nisso? 
Uma das maiores redes sociais de hoje em dia (março de 2016) é o Facebook criado e desenvolvido por Mark Zuckerberg, um dos homens mais ricos do mundo, que alcançou fama em função de uma boa ideia universitária que extrapolou os muros  de Harvard após criar um programa de computador, que seria de uso interno, junto com os colegas da época: Dustin Moskovitz, Eduardo Saverin e  Chris Hughes, isso em 2004. O Facebook chegou e enterrou de vez a maior rede social da época, o Orkut com mais opções de uso e caiu no gosto popular. A rede de amigos logo se expandiu e tomou outros rumos como o comercial, filantrópico, social, educacional, permitiu formação de grupos e páginas de serviços. Porém, é algo produzido pela mão e mente humana e, em alguns casos, a rede se tornou uma gigantesca lavanderia de casos amorosos mal resolvidos, de compartilhamento de tristeza, de exposição desnecessária de certos indivíduos e assuntos, até mesmo divulgação de redes antissociais, alguns casos ligados a crimes. Criaram-se os contatos e informativos fakes, que manipulam, que geram celeuma, discussões vazias sobre os mais diversos assuntos, preferencialmente os mais polêmicos, que causam constrangimentos. Publicidade de barbárie, exposições ridículas, gifs montados, enfim, uma seleta opção de artigos sem qualquer conteúdo prático.  Criaram-se ilhas, cadabum se torna um mundo particulasr com suas regras, doutrinasClaro que a rede também tem sua função social de aproximar pessoas, reunir famílias distantes, compartilhar resultados positivos de determinadas ações, de divulgação de boas notícias, informações, de compartilhar sentimentos de massa. O Facebook já teve como charge, um imenso portal onde qualquer indivíduo que passe por ele se transforma em juiz, delegado, professor, jogador, profissional de qualquer área ou alguém isento de qualquer responsabilidade pelo que se comenta. Há casos de páginas bloqueadas por insultos ao que se prega pelo uso da rede social, por transgressão dessa regra, mas muita coisa ainda passa e estarrece, dependendo da publicação. Há de se ter cautela, cuidado, tato, respeito. Há de não se acreditar em tudo que se lê, que se vê. Há de se pensar e pesar os lados das moedas envolvidas para não gerar comentários vãos ou que possam servir de combustível para incêndios desnecessários. Não faço aqui uma crítica ao software de Zuckerberg e sim à maneira como usamos tal ferramenta, uma vez que essa é a mais famosa hoje em dia. Uma vez que estamos em pleno vigor da era da comunicação de massa como já disse em outras postagens. Essa é a traição de que falo, de trairmos nossos valores, enquanto procuramos fazer de tudo para que seja possível a vida em sociedade, onde muitos pensamentos buscam harmonia e regras para viverem em paz, com respeito à todas as diferenças existentes e às que possam ainda surgir com o desenvolvimento da raça humana (novos pensares, novas visões, etc.). Se você curte ou compartilha desse sentimento, obrigado!
Nos vemos, nos lemos!




    * Imagem: cérebro de Homer Simpson – um personagem que já faz uma crítica ao homem comum norte-americano, não muito diferente dos demais.

sexta-feira, 11 de março de 2016

A geleira que se despedaçou!

Apenas um pensamento! 
Os temores humanos quando tomam forma real provocam sensações estranhas em nós! Parece que se rompe um elo com o certo, com o conforto, com a verdade. As figuras de linguagem que usamos para definir isso nem sempre são completas. O chão desaparece, o céu desaba e pesadas nuvens pairam sobre nossas cabeças. Quando se é criança, ouve-se muito em falar de não desmontar o futuro, de não criar falsas expectativas ou coisa do gênero. Parece aquela história de viajar no tempo e alterar o futuro onde um simples oi no passado pode alterar todo o presente, uma maneira simplista de entender  física quântica, talvez!!  Daí a gente cresce e aprende que o ser humano tem lá seus muitos defeitos de todos os tamanhos. Uns passíveis de correção e outros tão intrínsecos quanto veias, músculos e carne. Daí vem a decepção e dá forma a esse sentimento. Ainda assim, o ser humano, dotado da capacidade de se superar, de vencer obstáculos e criar novas possibilidades pula essa etapa e parece zerar uma contagem até o próximo passo em falso. Quando se trata dos tropeços humanos é o que é esperado de nós mesmos. Mas habitamos um local que tem vida própria e quando essa é vilipendiada e responde, somos brutalmente colocados frente a frente com nossas insignificâncias, nossas fraquezas, nossa ínfima minuscularidade. É quando a água acaba, o chão treme, o solo racha, o vento não para, a maré sobre, o frio mata. Quando o vulcão escurece o dia, o azul do mar se turva, buracos engolem civilizações, quando a radioatividade cria desertos urbanos, quando o ar fede, quando a geleira se despedaça. Daí é tarde! 
Bate aquela sensação do novo que não tem efeitos mensuráveis, do quebrar o estigma, de romper limites nunca antes transpostos. Ficar à mercê do inusitado! De correr o risco!
Não adianta correr atrás para sanar a degradação humana. Somos falíveis, cruéis, vis, mesquinhos, medrosos. Agimos por impulso! Somos todos corruptos em maior ou menor escala! Não adianta querer consertar o mundo sendo corruptivelmente parcial, tendencioso, fazendo justiça com vendas de tecido fino que permitem enxergar o que é exposto à luz do exagero. Não adianta  querer tapar o rosto com as mãos, pois a imagem já se conhece. Não adianta querer arrumar a casa se não se pode abrir a porta para jogar o lixo fora! Não adianta dar esmola se não há divisão! Não adianta julgar o roto se estamos esfarrapadamente na moda! Não adianta falar difícil se a grande massa falida não consegue assimilar o que é dito, uma vez que são resultado de todo um sistema imposto e criado para não funcionar. Fizemos a engrenagem quadrada sem lubrificação! A geleira derrete porque a fizemos derreter, agora ela é água. Água que passarinho nenhum terá chance de beber. Ela virá e pode afogar tudo!


*imagem: iceberg free pic Google!

segunda-feira, 7 de março de 2016

E agora?

Já não bastasse a época de turbulências em que vivemos, notícias de prováveis novas verdades surgem para apimentar ainda mais a história da humanidade e colocar em cheque a credibilidade de estudos humanos para entender a nossa própria existência. Não serei tonto a ponto de dizer que toda verdade é absoluta e é claro e notório que as notícias sempre são tendenciosas. Isso é inerente ao ser humano! Traduções não são feitas literalmente e seriam impensáveis com determinados idiomas. Além disso, são publicados sob condições favoráveis a quaisquer governos, de qualquer época, que permita tal prática.
O livro sagrado que os cristãos baseiam suas leituras foi compilado no Concílio de Niceia com publicações escolhidas dos evangelhos escritos pelos homens que seguiram Jesus Cristo e tinham como missão espalhar sua boa nova. O primeiro livro foi escrito após mais de 60 anos da morte desse líder e já pode ter tido aí informações alteradas por diversos fatores, inclusive na compreensão e interpretação das parábolas pelas quais eram passadas ou com permissão de ser publicado com intervenções mais severas.
Não quero questionar a legitimidade desses evangelhos e acredito que eles sejam permeados de boa vontade em se fazer cumprir a missão dada aos apóstolos. Porém, historicamente falando, podemos pensar em prováveis alterações impostas pela época e circunstâncias em que foram escritos. Jesus (enquanto homem comum) já estava crucificado, morto e enterrado, mas é certo que a perseguição a seus seguidores se perpetuou anos e anos após ao advento de sua morte, ainda mais que a morte foi precedida de sua ressurreição, conforme anunciada anteriormente pelo próprio Jesus, o que confere à história a legitimidade do fato, afirmando o sentimento de fé , que é algo puro e individual quando sentido com verdade.
Foi descoberta no ano 2000, um novo evangelho, o de Barnabé, que contradiz toda a história do novo testamento, escrita no mesmo dialeto do aramaico falado por Jesus. Nela, Judas quem foi crucificado no lugar de Jesus e esse não subiu aos céus. Há ainda uma maior aproximação da visão de Jesus da religião islâmica.
O documento está em Ancara, capital da Turquia e estudiosos afirmam sua veracidade e esperam sua restauração para divulgação pública.
Há ainda muitos livros que relatam a passagem do homem Jesus sobre a Terra e seus ensinamentos. São conhecidas as histórias dos manuscritos do Mar Morto, bem como questionamentos sobre o hiato de 16 anos da vida do Cristo, que não consta na Bíblia. São ainda levadas em consideração prováveis teorias do contato de Jesus com muitos homens sábios e prováveis profetas de sua época e de muitas outras histórias de outros profetas que iniciaram um pensar religioso distinto do cristianismo e que merecem os mesmos créditos.
Enfim, a verdade não sabemos e, pelo andar da carruagem, estamos muito longe de saber toda a verdade que rege o mundo. Nossa sociedade foi construída sobre esse alicerce e trocar as bases é uma tarefa muito difícil, quase que impossível, para não causar desmoronamentos sociais relevantes. Estou falando da história mundial baseada num de seus mais importantes pilares. Isso sem contar as verdades políticas, históricas e sociais que serviram de arrimo para esse espetáculo cotidiano que representamos.
Caso, seja esse episódio algo constatado e verídico, não sei como imaginar a reação mundial diante de tal fato e as mudanças que dele aconteceriam. Se alarmista ou indiferente.

E como hoje em dia, em épocas de mensagens de cunho duvidoso, de fonte desconhecida, de interesses escusos, tais fatores aumentam a deixam a névoa que cobre a verdade mais densa! Há de se ter cautela, sempre, mas temos direito à verdade!


*imagem: O livro de Barnabé que, segundo dizem, contradiz o novo testamento! Google imagens

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

...and the Oscar goes to.....

Não! Eu não assisti toda a entrega do Oscar. Domingo à noite! Segunda-feira batendo à porta e logo cedo pegando no batente; mas vi alguma coisa até por volta da 0h30 (o que não é muito).
De um lado, o canal GNT fazendo a festa do esquenta incluindo um “repórter” in loco no red carpet, gritando o nome das celebridades em meio a muita afetação ensaiada e frases prontas, comentários sobre o vestido de uma, os olhos arregalados pelas joias de outras, o certo e o errado da moda, uma ou outra curiosidade sobre os atores e filmes além de comentários sobre os bastidores do evento em relação aos não famosos (os que não são vistos na frente das câmeras, mas que também concorrem ao prêmio de iluminação, roteiro, figurino, mixagem, etc.) e também quanto os displicentes cartõezinhos (cola) com os nomes destes rolando nas mãos dos staff de produção! Tudo em clima de descontração de sala de estar capitaneada pela escolada Astrid Cabelo Rosa Fontenelle.
Já no E!, o mais famoso canal de fofoca e futilidades da tv americana, uma bancada de “celebridades” (que não conheço nenhuma) tagarelando sobre os mesmos comentários, com a vantagem de estarem no local em um estúdio e poder levar um ou outro convidado muito pouco conhecido para uma “entrevista”. Tudo isso envolto numa suruba de dublagem em cima do som original mais os comentários por cima dessas dublagens. Tinha momentos que mais parecia uma brincadeira do Casseta & Planeta (antigo humorístico da tv quando zombava de enlatados dublados). Tudo sempre igual. Dia claro, quarteirões interditados, um enorme tapete vermelho na entrada do teatro, uma fila de repórteres e jornalistas caçando uma olhadela dos famosos, limusines, celebridades desfilando os mais diversos estilistas de roupa, sapatos e joias, homens de preto em sua maioria e alguns que parecem não ter tido tempo de pegar roupa e se vestiram com o que restou do Natal, na dispersão de alguma escola de samba ou no guarda-roupa do vizinho. Afinal, ali é uma vitrine mundial e tendências são lançadas propositalmente. Vai que cola!!
Dona Globo transmitiu com sua tradução simultânea de praxe e seus convidados em estúdio. A participação da Glória Pires virou meme nas redes sociais e motivo de chacota. A atriz parecia não estar à vontade e chegou a afirmar que não tinha visto todos os filmes, causando cenas de constrangimento ao vivo, olhadas dispersas nos monitores, olhares de socorro para quem estava ao lado, coçando mãos e dedos, uma posição desconfortável, comentários lacônicos e vagos. Uma atriz do porte dela não pode ser exposta dessa forma, mas se foi chamada para tal, deveria ter feito a lição de casa. Muito diferente quando da participação do falecido ator e diretor José Wilker, reconhecidamente cinéfilo e conhecedor do assunto, assim como Rubens Ewald Filho, o mais famoso comentarista do país nesse quesito.
O óbvio e planejado aconteceu. Aliás, essa é a marca registrada da cerimônia de entrega do Oscar, uma festa milimetricamente marcada, onde até as falas tidas como naturais são textos decorados, com marcação de cena, tempo de agradecimento dos premiados e tudo mais. Pelas entrevistas, parecer haver uma eterna guerra de egos entre eles, pois todos são lacônicos ou têm uma resposta tangencial ou uma crítica incisiva, deixando os entrevistadores sem rumo, uns querendo ser melhores que os outros. Exceto pelo vi com a Whoopi Goldberg, que parece entender toda essa trama hollywoodiana do evento e ficar à vontade no meio das hienas.
O movimento feito anteriormente à festa em relação à mínima ou quase nula participação de negros nessa edição foi sufocada de alguma forma pela transmissão original. O Chile foi premiado e creio que milhões de americanos correram no Google para localizar nosso irmão sul americano, assim como a aposta do filme dinamarquês quanto à atriz coadjuvante também se concretizou e , enfim, para alegria geral de milhões de fãs, Leonardo di Caprio entrou para o hall dos melhores atores, depois de muita experiência e crescimento adquiridos na telona. E não foi fácil!
Fica para o ano que vem as mesmas expectativas criadas em torno desse evento onde filmes de muitos milhões de dólares causam espanto pela tecnologia utilizada e novas formas de direção, e criação. Países sem tradição no cinema concorrendo com seus filmes, documentários ou curtas. Trilhas musicais especialmente compostas sob encomenda, revelações coadjuvantes e surpresas técnicas, adaptações, figurinos e locações estudadas minuciosamente, além do despertar de um novo pop star diante de uma incrível atuação e transformação do artista, fazendo valer sempre a pena estar diante de uma incrível história nas telonas. "The Oscar goes to" nós mesmos que desfrutamos desses bons trabalhos.
Quanto à cerimônia, o modelo está ultrapassado, mas daí cabe à Academia dar um jeito nisso!
Nos vemos, nos lemos!


* imagem, invenção do autor

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Crisis, what crisis?

Não! Não estou falando do álbum do Supertramp.
Ontem (24/02), o jornal da noite traçou um quadro nada animador para a situação financeira do País.
Há quem diga que a crise está sendo maquiada de forma carregada e há quem não trace um cenário tão ruim e caótico como o pintado pelo jornalismo da referida emissora que, segundo alguns críticos, tem pegado pesado de uma lado da moeda e passado a mão na cabeça do outro lado que está tão sujo quanto o primeiro. Segundo informações, a saída da crise só se daria em meados de 2018 dependendo da reação mundial diante da crise global e de quem seria a bola da vez.
O mundo capitalista se baseia e se mantém às custas do trabalho de muitos para manutenção de poucos. O famoso bolo mal fatiado não é capaz de alimentar a todos e isso gera indústrias de fome, de falta de saúde, falta de educação, como se fosse uma peça, uma tragédia com papéis fixos em que mocinhos e bandidos se digladiam a todo instante, onde o pescoço de cada um é a parte vulnerável. 
Não sou a melhor pessoa para falar de política econômica, mas o mundo de negócios se descobre cada vez mais corrupto e sofredor de todas as suas consequências.
A ideia de um mundo melhor também não existe, pois não há cooperação dos países que formam essa rede. Haja visto que as metas não são alcançadas quando apresentadas ou sugeridas nos encontros internacionais das potências. Uns querem mais que outros. Uns não se contentam com a carniça enquanto restam aos outros poucas migalhas. O modelo não é autossustentável.
Uma pena. Espero que seja apenas uma forma alarmista e sensacionalista de se fazer jornalismo. Curioso pensar que se, de fato, a situação tomar a forma projetada, o mesmo âncora que faz tal previsão seria atingido, acabando de vez com sua empáfia e um visível desgosto de apresentar tal jornal da mesma forma que aqueles que se equilibram no topo da pirâmide serão abalados com  a fragilidade e insustentabilidade da base desta.
Caso, infelizmente, o cenário se instale, que Deus nos dê sabedoria para driblar tal situação, pois não quero fechar a porta nem apagar a luz.


* imagem sobre crise do Google


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

FanBook

Em alguns momentos penso que esse deveria ser o nome da mais popular rede social de todos os tempos. 
Por que FanBook? 
Fan é ventilador e o que mais se vê ultimamente é o lançamento indiscriminando de m......nesse aparelho, com intuito de espalhar tudo mesmo, causar balbúrdia!
São depoimentos de ódio, de racismo, de intolerância, preconceitos, desrespeito às religiões, às instituições formadas, a países, povos e cultura. São manifestações que viralizam e se espalham tão rapidamente como rastilho de pólvora e ganham adeptos que as compartilham e potencializam o lançamento dessas mensagens sem sentido aos quatro cantos. Muitos que não prestam atenção ao que é lido transformam essas notícias em verdades absolutas e montam em cima delas discursos inflamados, cheios de apontamentos e verdades que convencem os menos críticos que nem percebem os assassinatos da língua portuguesa. Basta uma olhada rápida pela rede e percebe-se o quanto de "ideologia" é vendida como a tábua de salvação da humanidade. Parece haver um exército que gosta de ver o circo pegar fogo, sem saber que, em alguns casos, cometem crimes que passam despercebidos; Expõem vidas, ridicularizam pessoas, criam situações. É o lado obscuro da rede, comum a todas que existem virtualmente por aí. Uma vergonha! Cautela e canja de galinha nunca fizeram mal e a dica é ampliar e ajustar o filtro do bom senso quando se depara com algo de crédito duvidoso, sejam as mirabolantes resoluções para as crises políticas que vivemos, seja para entender matérias teóricas de conspirações mil ou fofocas!
E assim caminha a humanidade!
Nos vemos, nos lemos!


*imagem: criação do autor!

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

...e lá vou eu....

Querem acabar com a Globeleza!
Questão que tem sido repetida inúmeras vezes nas redes sociais e em pouco tempo ganhará debatas acalorados e inflamados em programas de auditório, abafando discussões mais importantes, diante do cenário político que vivemos e que mexe muito mais diretamente com nossas vidas que as folias de Momo.
Uma suposta apresentação do vídeo da vinheta de carnaval da Rede Globo teria sido mostrado para americanas negras que se manifestaram contra a exploração do corpo feminino, coberto apenas de tinta, que requebra sensualmente ao som de cuícas, pandeiros e tamborins. Nessa mostra, a maioria das mulheres é contra a exposição de um corpo feminino e negro. Outras sugerem que seja um casal, outras que a mulher seja trocada por um homem, entre tantas outras opções e sugestões.
Voltando ao hemisfério sul, precisamos entender algumas coisas. Não para justificar ou abrandar o calor da discussão, mas como toda discussão, é preciso ter maiores informações sobre o assunto.
A exposição da figura feminina no Brasil é um retrato fiel do chamado imperialismo machista que vigora no mundo e que vem de longe. Os livros de História mostram isso, como se a mulher fosse a culpada pela ruína de impérios, da falência de riquezas, da destruição de lares, da decadência social. Como coube ao homem, desde muito antes, o sustento da casa e manutenção do lar, ficou fácil relegar a mulher a um segundo plano, às tarefas ditas menores, aos cuidados dos filhos, do marido e das tarefas caseiras (como se isso fosse pouco e que não exigisse qualidade). Mais friamente, em muitos casos, era tratada apenas como objeto sexual descartável.
Isso está mudando, embora não tenhamos acordado desse atraso antropológico, e ainda assim, em pleno século 21, discutimos o que deveria ser o básico da condição humana: a convivência de gêneros que se completa, onde a manutenção da espécie depende do bom relacionamento entre eles, cada qual com suas capacidades naturais para  isso. Ou seja, meus 50% de espermatozoides mais seus 50% de óvulos e sua capacidade de abrigar uma nova vida no ventre são capazes de gerar outros homens e mulheres.
Voltando à vinheta. De acordo com o histórico do samba, do que foi criado, instituído e aceito, a figura da mulata é uma das marcas registradas desse ritmo, que é um dos símbolos do Brasil, que representa a maior festa popular do mundo. Não digo que o bom samba seja aquele feito por negros ou mulatos, mas historicamente, foram esses grupos que alimentaram essa atividade cultural, fosse como forma de lazer, fosse como forma de protesto às condições a que a população negra era submetida. 
Só para dar uma pequena ideia, a abolição da escravatura aconteceu sem qualquer programação e, de repente, as cidades se viram cheias de homens e mulheres, negros libertos, sem emprego, sem moradia, sem registro, sem “identidade social”. 
Alguns se marginalizaram, outros se vingaram, outros fugiram e todos ganharam o mesmo rótulo reafirmando o sentimento racista, que de velado não tem nada. 
Os ex-escravos passaram a ser tratados como escória sem que fossem dadas a eles as condições mínimas e básicas para complementarem o grupo social onde viviam e onde estavam sendo literalmente jogados e, dessa forma, foram obrigados a viver em sub condições, de onde surgiram os guetos que se transformaram nas favelas da época. 
Hoje em dia, a comunidade, como se chama de forma “politicamente correta”, é o conglomerado de pessoas com menores condições financeiras para sobreviver nas cidades (sejam elas negras, brancas, amarelas e afins), mas que carregam o estigma nefasto e cruel de ser favelado, associado ao crime, à violência,à malandragem. 
Não seria violência a forma de vida a que são submetidos pela condição de vida oferecida? Pobreza não é violência. Violência é falta de condição imposta para manutenção de outros grupos, descumprimento de ações sociais igualitárias, obstrução de acesso à saúde e educação e outros serviços públicos, achatamento social. 
Por outro lado, existiram e existem aqueles que têm o dom de lidar com as dificuldades e fazem uso desse dom para transformar o lamento em obra, os barulhos em ritmos, as dificuldades em aprendizado, as carências materiais em criatividade e as emocionais em poemas. Dessa forma, surgiu a musicalidade que representava aquele grupo, que mesmo sendo triste em algumas de suas letras, tinha nos ritmos uma alegria essencial para se manterem vivos, criando mundos a parte, fortalecendo-se como instituição, como grupos humanos. 
Nesses grupos, cada vez fortalecidos, as identidades foram tomando forma e a beleza da mulher negra e da mulata, fruto da miscigenação com o homem branco, conquistaram seu espaço. Eram essas as mulheres batalhadoras, que enfrentavam o preconceito, o tratamento diferenciado de outros grupos sociais que representavam a nova força desse grupo estigmatizado. Como o racismo sempre foi brando, velado e suas brechas permitiam alguns acessos e convívio com aqueles que não viam diferença nos grupos sociais a que pertenciam, aos poucos, todos  passaram a ter maior visibilidade um dos outros e a aceitação começou a tomar mais fôlego. O ritmo vingou, caiu no gosto popular e se transformou na linguagem de uma sociedade inteira e depois de muito tempo, de muita história, esse resultado acabou virando uma atração comercial de proporções mundiais e lucrativa. Daí a necessidade da criação da logomarca, com  um símbolo forte e apelo popular. Produto esse que representa uma liberação total.
O carnaval origina-se de uma manifestação de fundo religioso medieval onde era permitida a liberação antes de um longo período de abstinência. Período em que tudo seria permitido, os exageros seriam usados como catarse das influências dos maus espíritos que invadem a carne humana, um período em que tudo seria válido.
Essa indústria criada e associada ao calor de verão, a liberação da imagem feminina em tempo mais modernos, uma alusão às mulatas que já eram ícones de beleza e força e símbolo do ritmo, a liberdade que o carnaval se propunha, numa sociedade que não sabe ou diz que sabe muito bem diferenciar os níveis de sensualidade, resultaram na mulata da vinheta.
Essa é uma moeda de vários lados, pois há também quem se aproveite disso tudo para a exploração e fortalecimento do turismo sexual, utilizando a deixa da liberação total, do calor, sol, praias, corpos expostos e férias baratas para quem tem moeda forte no bolso. Existe uma permissividade embutida e sem freios que não consegue barrar alguns comportamentos. Tudo em nome de catarse de sentimentos e desejos reprimidos que tem na especulação sexual uma forma de escape e que precisa ser tão rápida como o ápice sexual e que provoque um imediato relaxamento, uma falsa sensação de calmaria para esse tipo de comportamento nessa situação. Da mesma forma com que se busca esse falso relaxamento com abuso de bebidas e uso de drogas. Drogas que sustentaram o evento por muito tempo, sob vistas grossas ou vigilância tão velada quanto o racismo praticado. Um assunto bem delicado e controverso.
É uma cadeia se embrenha por diversos mundos e submundos que margeiam  a realização de tal grande evento e que permite o hasteamento de diversas bandeiras e discursos infundados como defesa.
Seria necessário explorar a imagem nua? A imagem da mulata não poderia apenas simbolizar o samba?  Por que não um casal  ou alternar as figuras de homens e mulheres de várias raças que representam a miscigenação brasileira, ou passistas, instrumentistas, velha guarda e todas as figuras e entidades que simbolizam a invenção do carnaval e que são partes integrantes de uma escola de samba, uma vez que a festa é para todos? 
Entendo as questões propostas pelas pessoas, entendo que não há necessidade de explorações exacerbadas disso ou daquilo. Entendo misturar oportunidades e vender turisticamente um país tropical com belíssimas praias, povo acolhedor, boa comida. Entendo que não pode haver uma tal permissividade e liberalidade para outras ações que direcionam para outros submundos, uma viagem sem retorno. Entendo a catarse sob alguns aspectos, mas desde que isso não se torne item obrigatório para comemorar o tal evento, que se brinque, que se desfrute sem cair nas armadilhas que cercam esse reinado de quatro dias.
A beleza dos corpos humanos pode sim ser admirada como forma de saúde, de bem-estar, pela beleza que é a máquina humana e não como pedaços de carne num açougue à disposição. Não é uma questão de caretice, mas sim de respeito à pessoa que ali está, respeito à uma manifestação que se tornou cultural e tradicional não pela sexualidade desenfreada e explícita e sim por um contexto social e cultural, respeito a quem se sente intimidado com atos menos pudicos, respeito pela formação religiosa, entre muitos outros aspectos. Há que se ter uma admiração pelo espetáculo que se revela pela criatividade extrema, pela magia, pelo ritmo, pela emoção que causa uma bateria tremendo dentro do peito.
Portanto, em face de poucas informações como essas é que se deve pensar de como vender esse enorme produto, de como fazer essa propaganda, de como imputar a ideia na cabeça das pessoas que é possível sim  ter a maior festa popular do mundo. Espero que os próximos anos e décadas a frente sejam palco dessas boas transformações onde todos os quesitos  alcancem a nota adequada para manutenção de uma empresa que gera lucros e dividendos para todos os envolvidos, sem expor nada além de criatividade e ideias, boa música, críticas, sátiras sugestões, homenagens, apelos, etc. Bom entrudo, troça, carnaval para todos, com muito samba onde for de samba, axé onde for de axé, pagode onde for de pagode, com ou sem abadá, fantasia, serpentina e confete.



*imagem - Quadro de Dina Garcia