Três irmãos de uma grande
família. Saíram juntos, pois a caçula estava com um trabalho temporário em uma
cidade turística próxima e naquele dia o evento acabaria mais tarde que o
normal. Combinaram de irem e voltarem juntos em função do horário. Um dia frio,
tranquilo e de muitas caminhadas que a cidade sugere em suas visitas.
Enquanto isso,
a caçula em seu trabalho num stand de veículos importados na casa de alguns
milhares de dólares. Expostos, esses carros atraem todo tipo de público com
muitas dúvidas e pedidos de fotos. Na cidade, o vai e vem normal de um final de
semana de frio na serra, com várias opções de alimentação e passeio.
Depois de
percorrem todo o centro, o bairro vizinho, visitarem o pico, teleférico,
mirantes, de muita comida e chocolate, resolvem descansar numa das praças
daquele movimentado centro.
A irmã mais velha reclama de dor
nas pernas de tanta ladeira. O irmão do meio não sente tanto, mas agradece a
pausa ali naquele lugar sob um sol fraco do meio tarde para relaxar. A irmã reclama que a
bota recém comprada está pegando e machucando seus pés.
Resolvem esticar por ali, tomar um café,
fazer uma longa pausa observando o movimento, vendo apresentações de artistas
de rua, vitrines próximas, feirinha de artesanato.
A noite cai junto com a
temperatura e cidade perde alguns grupos de turistas de final de semana. No
local dos stands, o movimento é bem menor e permite uma melhor circulação pelo
local sem muito aperto ou vai e vem de multidão. Uma feira de muitos olhos e
poucos bolsos, Objetos importados, de grife exclusiva, artigos inúteis para
nosso tipo de clima. Uma mostra da riqueza e do luxo que existem no mundo.
Grifes que brilham aos olhos dos consumidores. Marcadores de preços com números
na casa de algumas centenas e milhares de reais e até mesmo euro e dólar.
A ambiente cria um ar blasé.
Comentários não são feitos a fim de não causarem alguma cena engraçada ou expor
ali a mediocridade da classe média achatada permitida por uma estabilidade
financeira de ordem política. Os poucos comentários perceptíveis são os mais sussurrados possíveis.
A irmã caçula deixa o stand no
seu final de expediente e de feira e se acaba num lanche reforçado
antes de voltarem para casa. Já no carro, a irmã mais velha declara que seus
pés estão doloridos, com vermelhidão e mesmo algumas pequenas bolhas. Ela não
deveria ter tirado as botas na praça mais cedo.
Atendendo ao pedido dessa irmã,
param o carro em frente uma farmácia na saída da cidade e decidem comprar alguns adesivos
curativos.
Todo o glamour adquirido por osmose naquela feira se perde, quando
o irmão, nada discreto, de dentro da farmácia, em tom de brincadeira e
leve maldade pergunta em alto e bom som: "Quantas bolhas são?????"
imagem: abacaxi chique!
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