Seria mais um final de semana
daquela grande turma de amigos sem muita programação se não fosse a ideia de um
deles de ir para a roça. Essa era a forma de dizer que iam para o sítio (roça
mesmo, chacrinha, casa de campo) de algum parente passar o final de semana. Uma
ideia prática e muito barata para aquele grupo de quase durangos. Cada qual faz
uma limpa em suas casas juntando o que cabia na mochila: roupa de dormir, short
de banho, chinelão, uma blusa de frio, pacotes de macarrão instantâneo, toalha,
escova de dente, cueca e meia, molho de tomate pronto, bolachas, até
mandioca...algumas boas fitas cassetes com um vasto repertório de boa música.
Apertam-se nos poucos carros
disponíveis ou mesmo em ônibus de linha que os deixariam próximos do local até
serem apanhados numa segunda viagem. Chegam na noite de sexta, fazem um mutirão
de limpeza na casa a fim de ventilar o local, trocar as roupas de cama com
cheiro de guardada, matar possíveis bichos não difíceis de encontrar como
aranhas e escorpiões, sapos e cobras ligarem a bomba e esperar a caixa d´água
encher, separa alguma lenha para o fogão da varanda, esticarem as redes,
preparar as mais diversas criações culinárias para aplacar a fome. Som alto,
cada qual fazendo uma função, banho, hora da comida, alguma sobremesa fácil ou
já pronta, hora do jogo com muita gritaria, palavrão e muita armação para não
perder o embalo das brincadeiras.
Momentos de papo sério com algum problema de
ordem pessoal de um dos amigos, conselhos, uma caipirinha, som de violão na
varanda sob o céu sem interferência de iluminação artificial, enrolados em
cobertores e edredons, vagalumes, pios noturnos, sustos das mais medrosas com
armações previamente montadas para esse fim.
De repente estão todos na varanda
frontal dessa chácara, quando um dos colegas, disfarçadamente chama um a um dos
rapazes com gestos discretos e ali arma uma pegadinha para os demais. A frente
a chacrinha é toda cercada de mangueiras que se entrelaçam os galhos, com
balanços e cordas penduradas para brincadeira da criançada. Cerca de 7 sete
rapazes ficam nus, desligam o relógio central da casa, causando a escuridão
total, sobem nas mangueiras e ficam ali balançando como babuínos de bunda
branca fazendo algazarra. Já é começo de madrugada os comentários são os mais
toscos possíveis.
Quando, de repente, a luz se acende, pegando todos os
filhotes de Tarzan desprevenidos e surge uma das amigas de dentro da casa com
todas as roupas dos pobres homens macacos nas mãos. E agora? Como descer sob a
luz e se vestir? Negociações absurdas são feitas ali entre o chão e as
mangueiras. Uma engraçadinha dizia estar vendo uma manga bem suculenta
pendurada e pede prá chuchar com bambu. Outra sugere jogar água e trigo. Outra
disse que na casa tem espingardinha de sal e estilingue. Nunca descemos tão
rápido e rasteiros de uma mangueira, de madrugada e com alguma cerveja, caipirinha
ou todinho (batida de vinho tinto, leite condensado e abacaxi) na cabeça como
naquele dia. Na descida o barulho de uma locomotiva que se aproxima da entrada
da cidade ilumina mais ainda o local e parece que aquele apito foi proposital diante
da cena vista pelo maquinista que acenava na curva. Voamos prá dentro da casa e
vestimos o que encontramos pela frente para poder negociar a devolução de
nossas roupas!
A negociação foi longa e cheia de micos a serem pagos, mas
conquistamos nossas roupas de volta. Rimos muito. Dormimos tarde naquela noite!
No dia seguinte..................eu conto depois
*imagem: macaco cheiro
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Política de moderação de comentários
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.