Mesa de bar é lugar para tudo, ou
quase tudo, que é papo da vida rolar, já diz a canção interpretada por Alcione.
Dias atrás pude ver como este ato está intrinsecamente inserido no
nosso cotidiano. Independentemente do tamanho ou estilo do barzinho, choperia,
boteco, padoca, sujinho, armazém, loja de conveniência, seja lá o nome que o local
receba, é visível a frequência de grupos de amigos, famílias, casais, grupos
mistos, pessoas sozinhas, gente nova ou mais velhos ao redor de uma mesa ao som
de uma (nem sempre) boa música, com boa comida e uma bebida para acompanhar. Muitas vezes um violão se faz presente!
Local onde se faz amigos, quando muita gente boa passa a se conhecer, onde acontecem flertes e paqueras, onde se amplia os laços de boa convivência, onde também se afoga mágoas e dor de cotovelo.
Deixo de lado aqueles que têm na
bebida o único motivo para sair de casa e que ostentam pirâmides de latas ou
garrafas de cerveja como trunfo, como se sair fosse uma competição para beber,
apenas beber, sem nenhum outro motivo.
Esse encontro, o clima, a comida
e a bebida destravam o cérebro e boca de muita gente que extravasa sentimentos,
pressões, amarguras, segredos ou que enxergam um bom momento para resolver
problemas, tirar dúvidas, falar algumas verdades, falar de futebol,
política, finanças, fantasias,
realidade, revelar paixões, expor
situações, como se cada mesa fosse um núcleo único onde toda essa conversa
ganha uma permissão especial para acontecer. Basicamente, a intenção é desestressar.
Encontros, happy hour, esquenta, comemorações ou simplesmente passar o tempo.
Como
moramos em um país tropical, com noites de clima quente ou ameno, a preferência
nacional direciona para a cerveja, bebida consumida largamente em 99,9% desses locais -
arrisco-me a dizer. Sem contar vinhos, destilados, batidas,
sucos e refrigerantes. Dentro ou fora do boteco, na calçada, a beira-mar, na
esquina, varanda, sobrado ou outra boa invenção para acomodar toda essa gente que compartilha de um barzinho.
Desconsidero aqui também as
reuniões familiares, falo apenas dos encontros nesses locais específicos.
Donos de bares inventam sempre um
fator que segure o público para que possam faturar. São comidas especiais,
variedade de cardápio e de bebidas para os mais variados gostos. Refeições e
petiscos e muita criatividade na hora de ganhar o cliente. Alguns proporcionam
boa música ao vivo, telões para os campeonatos esportivos ou atrações de porte
nacional ou internacional, shows, sketches, stand-ups, atrações culturais, saraus,
micro exposições, uma gama de atividades com a proposta de manter o público nos
estabelecimentos.
A diversidade acontece nesses
locais, os mais atentos podem até fazer levantamentos sociológicos, filosóficos (quem nunca discutiu uma filosofia de boteco?) e mesmo
antropológico desse cenário. O Homem, mais uma vez, confirma sua condição de
ser social, da necessidade da troca, da conversa, de falar e ouvir opiniões
sobre um ponto de vista diferente ou de generalidades, mesmo que sejam as
banalidades do dia a dia. Considero aqui moderações sem excessos. Excessos acontecem muito, destravam a boca e o comportamento de algumas pessoas. Em
casos extremos chegando às raias de alguma violência ou mesmo em tragédias.
Que esses locais permitam tais
encontros, que sejam livres, sem preconceito, onde se fala de tudo, que sejamos
ouvintes, juízes, cúmplices, expectadores, que sejamos mais um, que aprendamos
a rir e saber ouvir outras formas de opinião, enxergar ou experimentar outros
pontos de vista, que tenhamos prazer de desfrutar disso. Que essas
oportunidades de convívio nunca acabem.
Hei comandante, capitão, tio,
brother, camarada, chefia, amigão, desce mais uma rodada e traz a conta, por favor!
*imagem: Google - mesa de bar.
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