quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

SP457

......”São Paulo que amanhece trabalhando......São Paulo que não para de crescer......”
Não para mesmo. Não para de crescer, de viver, de fazer história, de ter problemas, não para de se encher pelas águas presas em suas ruas impermeáveis.
São Paulo não para, nem anda! Filas quilométricas de congestionamentos de uma megalópole com traçado de ruas de cidades coloniais do interior.
Acorda, você é cosmopolita! Seus sotaques, suas caras, seus países dentro do peito, sua fama, sua grandeza e sua participação na História dessa Nação permitem a isso.
Chega de se ser coadjuvante. Levanta e se apruma. Cadê seus monumentos? Cadê seus Homens? Cadê sua riqueza e sua liberdade de expressão?
Afogadas, poluídas, pichadas, marcadas, desfiguradas? Grita, São Paulo! Quantos não confiam em você como porto seguro? Quantos a desconhecem? Quantos a odeiam e outros tantos a desejam?
Cidade de muitas referências mundiais, seja nas feiras, na música, na comida, no tráfego de helicópteros ou nos circulares entupidos, no metrô sobrecarregado, no aeroporto prensado num mar de casas.
Bela de dia e de noite com ou sem suas luzes. O caos é parte desse organismo! Age como se fosse uma cinquentona reclamando dos anos passados! Você já é quatrocentona. Tem muito gás pela frente.
Quando ainda menina, pequena de tudo, deu seu grito que nos libertou na corte falida, no lombo de mula, na roça beira-rio, mas mostrou ao mundo seu ato com imponência, garbosa, com glamour.
A partir de então cresceu e cedeu desbravadores que rasgaram as matas e procuraram a riqueza pelos sertões fazendo muitas outras de você.
Firmou-se e já moça nova era rica, queria ser independente e revoltou-se. Agiu freneticamente como se tivesse à base de café preto, forte, elétrica.
Como mãe, acolheu quem chegou e propôs trabalho braçal ou cultural. E continua a abraçar, mesmo não tendo mais colo.
Sua riqueza é de alma, mas seu dia-a-dia não permite que se cuide como deveria toda moça distinta. O cabelo seca, a unha perde o esmalte, os pés cansam do salto, a roupa envelhece.
São Paulo, você não pode, em pleno século XXI, contentar-se com brechós ou roupas usadas. Você é rica, imponente, locomotiva mestra de uma outro gigante adormecido, que parece estar acordando.
Aproveite o momento. Mostre a que veio. Siga com esse gigante em frente, livre-se de suas mazelas e cicatrizes, imponha-se!
Mostre ao mundo que a senhora paulistana tradicional é updated, plugada no mundo.
Faça a lição de casa e não jogue poeira debaixo do tapete. Organize-se e viva! Feliz, presente, consciente, verdadeiramente.
Continue a amanhecer trabalhando, continue crescendo, com ou sem garoa, porém com vida boa!
Longa vida SP!



*foto: Google Imagens

Sinos

11h43.
O sino tocou disparadamente mais de 50 badaladas. Por que? Não faço a menor ideia até o momento.
Pensei que pudesse ser o anúncio de um falecimento de membros da Igreja, mas nada foi ventilado.
Teria o sino disparado já que é eletrônico??? Vai saber.
Nos áureos tempos, badalos fora dos horários eram aviso de falecimento ou outra coisa importante que envolvesse a igreja, porém não tinha ninguém na porta da Matriz.
Se fosse naquela época o coitado do tocador de sino estaria surdo e com enjoo de tanto que teria balançado nas cordas dos sinos para tanto alarde.
Costumeiramente o sino bate o tanto de vezes referente às horas que marca e uma badalada às meias horas.
Não era chuva, nem morte de autoridade, nem desfile, nem dia religioso, nem nada, apenas uma quarta feira quente, abafada, típica de verão de várzea, úmida, colante, cansantiva. E nada mais.

*foto - Igreja Matriz de Lorena, foto antiga, Google Imagens!