quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Pressa!


Numa das publicações passadas, eu havia falado da pressa que há em produzir algo novo, da pressa de uma mudança, como se isso fosse resolver problemas. Na ocasião eu fazia uma comparação com o fato das pessoas apressarem o final de ano, como se isso fosse resolver os problemas, mas não, os festejos e o feriado acabam e os problemas ressurgem.
Isso acontece também no setor de criação de produtos. Tenho falado daquilo que conheço e tenho! Nesse caso vou falar de smartphones. A Nokia, companhia finlandesa, que ficou mundialmente conhecida por fabricar celulares e smartphones com tecnologia  invejável, robustez e sinônimo de qualidade  vendeu seu setor de produção desses produtos para a Microsoft, a gigante de Redmond (EUA), também conhecida mundialmente pela criação do  Microsoft Office nos computadores, sistema operacional Windows, Xbox, Windows Phone, One Drive, One Note, entre tantos outros produtos que fazem parte do dia a dia de muita gente.
Com a criação da linha Lumia de smartphones, pela Nokia, com sistema operacional Windows Phone, da Microsoft, abriu-se uma porta gigantesca na briga por um espaço ao sol na concorrência mundial desse nicho com outras gigante como a Apple, Samsung, LG, empresas chinesas e coreanas com gadgets que rodam ou IOS (Iphone, Ipad e outros Is), ou Android ou o Windows Phone.  Algumas questões à parte quanto à utilização de sistemas operacionais abertos ou não, dão um tempero diferente à discussão e a briga de fatias cada vez maiores de mercado. Para isso, não se poupa investimentos em tecnologia de ponta. Após a compra do setor da Nokia pela Microsoft, a empresa viu-se na linha de frente na batalha por melhores aparelhos que possam competir de igual para igual no cruel mercado internacional. Mercado esse que atua numa velocidade incrível, com lançamentos sazonais das mais modernas tecnologias, associadas à maior longevidade de bateria,  uso de recursos renováveis não tóxicos, simplicidade de uso com a facilidade de conectar o Homem ao mundo quase que instantaneamente. Uma vez declarada a guerra, nem todos os soldados vão para o front preparados para a batalha. Com tempo menor que seis meses entre um lançamento e outro, muitas das renovações ou atualizações são anunciadas e lançadas com alguns atropelos. Podemos traduzir esses atropelos por bugs, demora de um ou outro mercado em colocar a novidade à mão dos clientes, diferentes formas de apresentação dos mesmos modelos em países diferentes, anúncios incompletos das versões utilizadas. Acredito que a confiança e fidelidade por uma marca não pode deixar passar por cima do respeito para com o cliente. Se confiamos e esperamos pelas novidades, ao adquirí-las queremos que seja por completo, que seja plena. Mas isso nem sempre acontece. Independente se o produto é lançado primeiro no leste asiático, norte europeu ou continente africano, se tal mercado é considerado emergente ou com público economicamente capaz de adquirir tal lançamento. Se é lançado para um público específico. Onde está a globalização? A pressa que me refiro está aí. Parece não haver planejamento entre a criação (da guerra falada acima) e a forma de divulgação do produto em seus mercados.
Entendo a criação de produtos de baixa, média e alta tecnologia de acordo com suas operacionalidades e público alvo. Não entendo a criação de variantes desses produtos de baixa, alta e média tecnologia como se quisesse  preencher lacunas. Isso surge quando dos anúncios das concorrentes e muitas vezes se vê produtos de baixa e média  ou média e alta com especificações técnicas muito semelhantes, com diferenças sutis.
Particularmente, sem nenhum conhecimento de estratégia de marketing ou das necessidades do mundo tecnológico de ponta, acredito que essa pressa pode se tornar o calcanhar de Aquiles de uma determinada empresa, seja ela a top do mundo ou uma nova que tenha surgido e apenas lança produtos de primeira linha ( o que tem acontecido muito).
Sabido é que nessa guerra, pela velocidade com que ela acontece e realiza cada batalha, um tropeço pode significar mudanças sensivelmente drásticas na continuidade dessa ou de outra empresa no mercado.
Nos vemos, nos lemos!




* imagem: site www.tecmundo.com.br

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Mais um Carnaval

Vieram as marchinhas, axés, sambas de enredo, paixão por escola, blocos de animação, desfiles. Alguns enredos repetidos, outros aprimorados, uns nunca antes trabalhados, polêmicas, vedetismo, muito, muito, muito beijo na boca, câmeras tão indiscretas quanto os minis tapa sexos usados. Apesar de que, acho, que teve menos peladões e peladonas dessa vez.

As duas principais capitais do País dividindo “democraticamente” (ou seria mercadologicamente?) os dias de desfile e foco nacional e até mesmo internacional, afinal, trata-se da maior festa popular do mundo.

A tão ausente chuva deu as caras e ficou e brincou todos os dias de Momo trazendo um pouco de água para refrescar os foliões, lavar as ruas e até mesmo um pequeníssimo alívio para algumas represas. Mas a cena principal, no que diz respeito a desfile de escolas de samba, ainda é o Rio de Janeiro. 
Mais de 70 mil expectadores concentrados na estreita Marques de Sapucaí, entre o Catumbi e a Presidente Vargas, zona central do Rio, região muito pouco explorada por turistas nos dias comuns. Uma organização caótica que faz acontecer a grande festa do desfile das escolas do grupo especial... e seus problemas de sempre.... Carros que entalam, que se aquecem e soltam fumaças, gruas que emperram, chuva que desmorona as pesadas roupas, pessoas que desmaiam de calor, que torcem o pé, que se queimam, que se cortam, que fazem muita força, que quase explodem de tanta tensão e que dividem espaço com muita criatividade, graça, cores, formas, corpos, tecnologia, neons, articulações parintinescas, máscaras, leds e drones. 

Uma águia redentora que se curva prá não entalar na passarela, paraquedistas que surgem do céu escuro, livros que viram camas bem animadas de motel, personagens de histórias em quadrinhos e da história real, enredos patrocinados rodeados de polêmicas, cheiro de comida e perfume no ar, homenagens, trens, carros, discos voadores, animais, tribos, florestas, cascatas, ilusão de ótica, passistas e madrinhas, beldades, ilustres desconhecidos, Dona Zuleica, Seu Alaor, Teco, Bolão, Preto e muita gente do país do samba e seus minutos de fama nacional. Internacionalização do enredo, artifícios cinematográficos (será que um dia as baianas serão todas Carmem Miranda, “legítimas baianas brasileiras”?).
Ritmos e cadências aceleradas dos sambas, quadris freneticamente soltos; haja fôlego!  A polêmica do enredo, é bullying? Racismo? Preconceito? Duplo sentido? Sátira à sátira e ao nosso modo de vida e de pensar, algumas vezes apresentados ironicamente cruéis. Que que é isso meu povo? Um ritual que se repete em muitas cidades do interior e outras capitais, cada qual com seu tempero, com sua criatividade e orçamento.
Daí vem o sono atrasado, a ressaca, o bloco do rescaldo, a lentidão, a desaceleração, a nota 10, o rebaixamento, as cinzas, a quarta, a normalidade, o fim do horário de verão e do fervido fevereiro, até que o ano se complete e volta tudo pra concentração!

Nos vemos, nos lemos!


Esse texto foi escrito antes do resultado do desfile que gerou muito comentário, principalmente em relação ao primeiro lugar da Beijar Flor, que "homenageou" um país africano, que teria patrocinado parte do desfile; país esse governado há mais de 30 anos por um líder considerado ditador e que tem fortes indícios de não respeitar os direitos humanos. Quanto a outros comentários oriundos desse resultado eu não comentar, pois nem tudo é flor e nem tudo se deve cheirar.




*foto: Do autor, no momento em que a Águia Redentora da Portela (Carnaval 2015 - 5º lugar  ?!?!,) se curva no desfile para não bater na passarela, obra mas mais perfeita engenharia hidráulica.