quarta-feira, 15 de junho de 2016

Nossa língua!

bandeiras dos países que falam português - Google Images
Nos últimos dias, tem rolado uma briga, amplamente divulgada, quanto aos memes em português, zombando da diferença dos idiomas entre Brasil e Portugal.
Por mais que possa parecer uma versão mais moderna e sem graça da eterna “rivalidade cultural” entre os dois países e pegando o mote discussão, chego à seguinte conclusão: Basicamente há de se conhecer melhor a origem de tal disparidade entre os idiomas. Os portugueses nativos têm sim um sotaque mais fechado, não usam gerúndio e tem diferenciações em nomenclaturas, nomes, substantivos, entre outras influências da origem do português falado lá hoje. Digamos que é um tipo de português. O português brasileiro traz a mistura da miscigenação onde índios e escravos eram introduzidos ao novo idioma e trouxeram outras nomenclaturas de suas origens que foram absorvidas durante os anos. Nomes indígenas foram adotados, nomes das várias matrizes africanas também, estrangeirismos foram absorvidos. Ao longo dos séculos, desde a colonização, o formato mais arcaico deu lugar ao idioma conhecido como português brasileiro de hoje. Exemplo supersimples: A vossa mercê, que passou por vosmecê, suncê, você, chegando ao “cê” das conversas informais e até ao “vc” das conversas virtuais, tendo a internet uma das maiores vilãs nos dias de hoje como colaboradora do empobrecimento da língua portuguesa. A invasão de estrangeirismos que é aceita, matando vocábulos, criando atalhos.
Isso respeitando os regionalismos, conhecimento e alfabetização das pessoas de cada época. 
Somos mais pessoas num mesmo país e isso também se torna um fator de depuração do idioma em relação ao grande regionalismo e interpretações. Ainda há os grupos que se identificam também pela linguagem. Há ainda a linguagem jovem das gírias que insiste em perdurar na fase adulta. 
Curioso que não deve haver uma “briga” pela legitimidade da identidade do idioma do nosso país. Falamos português como em Angola, Cabo Verde, Moçambique e demais ex-colônias portuguesas e cada qual com suas particularidades e temperos. Questão de identidade, da individualidade da língua, do seu povo.
Por outro lado, nós mesmos, alteramos descaradamente o nosso idioma, usando a bandeira da liberdade de expressão. Bandeira essa que muitas vezes faz sombra ao baixo rendimento escolar, a despreocupação em aprender, da vergonha em se falar corretamente, tudo isso devido à uma culpa histórica. 
O uso do “tu” sem sua devida flexão, falta de concordância, empobrecimento da língua. A própria mídia valoriza tal feito e o faz ser aceito como prática normal do uso da língua. Outro exemplo simples nos telejornais quando divulgam que alguns casos policias são levados à "28 DP", ao aniversário de 222 anos de tal local, quando deveria dizer “vigésima oitava” DP e “ducentésimo vigésimo segundo “ aniversário. 
A leitura passa a ser literal, cheia de vícios!
De fato, o estudo da Língua Portuguesa exige maior atenção, pois é complexo.
Esses e outros tantos exemplos mostram os caminhos que o português brasileiro segue, soando estranho ou empobrecido, desvalorizando o idioma que marca a identidade desse imenso país, sem ser melhor ou pior que qualquer outro país de língua portuguesa.
Nos vemos, nos lemos (mais um exemplo nessa frase!)