quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Fifo

Resultado de imagem para fidel castro desenho
Fidel Castro - caricatura de Amarildo
Fidel Castro, um homem, uma história, um ideal e procedimentos pouco ortodoxos. De origem rica e preocupado com a desigualdade social. Fez sua revolução com que tinha em mãos e na cabeça. Há quem o ame, quem o odeie, quem o respeite, quem o reconhece, quem o venere; há quem julga, condena e repudia. Há quem vomite, quem chora. Como visto dias desses numa reportagem sobre sua morte, mais um sinal de encerramento do século XX. Parte de uma ilha o venera, parte do mundo foi temerosa, outras partes comemoram. Historicamente um marco, um líder, radical, um revolucionário, um presidente, um tirano, um aliado. Linha dura, casca grossa. Oposição de conteúdo retórico. Um homem que enfrentou uma grande Nação como Golias a Sansão.  Cerceou liberdades, prendeu, soltou, torturou, matou, foi caçado, tentaram diversas vezes matá-lo. Deu educação e saúde de ponta sem indústrias, foi copiado, criticado. Reeducou toda uma geração. Comunista que usava marcas ícones do capitalismo multinacional. Sua ilha, seu mundo! Seu mundo, uma ilha! E o mundo olhou para lá com medo, desdém, desejo, sangue nos olhos, cobiça. Pessoas viram em seu paraíso o descanso, as águas azul-turquesa, salsa e merengue, mojitos, crustáceos, charutos, malemolência, insurgentes, pessoas que falam na surdina, elogiam e reclamam, mendigos, prostitutas, alunos de uniforme, carros antigos com a cara de filmes dos anos 50, cidades desbotadas. 
Há acertos e erros do modo de vida do povo cubano. Um povo que merece o acesso sem perder a dignidade, a civilidade, sem se deixar escravizar novamente. Uma vida mais tranquila, sem extremos, nem tanto a Fulgêncio, nem tanto a Fidel.
Cuba é livre. Mudança dos tempos. Que se resguarde dos perigos do mundo! A conta é dele! Uma parte da História atual se encerra, outro capitulo está aberto. 
E assim o mundo gira! 
Nos vemos, nos lemos!

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Humano e sustentável

tênis feito com o plástico que polui os mares - montagem , imagens Google free pic
Hoje li sobre o lançamento de um tênis esportivo de performance feito com material reciclado. Uma famosa marca de renome internacional criou o modelo a partir de reuso de plásticos e poliéster O material teve origem nas imensas ilhas formadas nos oceanos com restos de plásticos (material que levam centenas de anos para se decomporem) e ainda causam muita destruição por onde passam. São imensas ilhas à deriva, presa nos oceanos pelas correntes de ar e visíveis apenas de embarcações, formadas por dejetos lançados pelos humanos, não somente os moradores das regiões costeiras, mas sim o resultado de uma infeliz (incon)sequência de maus hábitos que pode começar com aquele copinho plástico lançado por você na rua, que a enxurrada leva para a rede pluvial, que cai no rio que leva para o mar. Enfeiam, poluem, entopem, causam acidentes e um dos efeitos mais agravantes e sério é a alta contaminação da água do mar, de animais marinhos e a morte de milhões de espécies. Sem dizer a sucessão em cadeia que vem desse colapso, reforçando negativamente o impacto ambiental. Isso sem contar na intoxicação e envenenamento químico de animais, seu consumo  e sua procriação.
De olho em uma parcela do mercado com pensamento sustentável, empresas reaproveitam o material plástico para reuso em novas criações. Já é conhecido de muita gente o uso de fibras em uniformes esportivos oficiais de alguns países e reuso de outros produtos de utilidade geral, e agora a moda parte para os pés. Uma maneira de criação útil e sustentável. O ser humano tem a infeliz capacidade de gerar toneladas de lixo/dia, sendo que uma ínfima parte desse todo é reutilizada ou descartada de forma correta. Dentre muitos materiais, o plástico, por ser o mais barato é o grande vilão! Feito a partir de petróleo, recurso natural que leva milhões de anos para ser formado e em rota de acabar, seu (sub)produto leva centenas de anos para se decompor na natureza e durante esse processo causa estragos. Tardiamente, a preocupação humana na manutenção é pensamento corrente mundial no intuito de preservar o planeta, um enorme ser vivo que está respondendo às ações do Homem na natureza (desmatamento, poluição, crescimento e ações desordenadas) em conjunto com sua evolução natural de transformação. Eventos naturais associados à grande intervenção humana no ambiente que causam catástrofes. E são muitas, desde as pequenas queimadas para limpar terrenos até testes nucleares com fins bélicos. Estamos atrasados nessa corrida, mas há possibilidades de frearmos alguns efeitos colaterais, visto que outros já são considerados irreversíveis e poder proporcionar uma qualidade menos pior de vida para nós mesmos. Não num futuro próximo e sim agora! Somos 7 bilhões de responsáveis na manutenção e gerenciamento de Casa e pequenas ações como dessa grande empresa precisam ser copiados até que a sustentabilidade (sem ser careta, modismo, piegas ou extremista) possa ser um sentimento único e que tenha valores, tanto morais quanto competitivos no mercado do dia a dia. Basta ainda saber como se reusa esses itens criados de reuso. Urgente , urgentíssimo! Isso é apenas um cristal de gelo desse enorme iceberg.Nos vemos, nos lemos!

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Sub medida!

etiqueta - imagem Google free pic.
Um artigo fala sobre o empoderamento das pessoas que se reflete nas grifes famosas (e caras) das roupas que usam à exaustão em suas aparições públicas. Fala de uma marca criada por um americano de origem humilde e imigrante que venceu na vida no país das oportunidades e que se tornou sinônimo de bom gosto e marca de uma Nação. Críticas à parte, até mesmo porque meu entendimento de moda e grife são tão simples quanto um corte de chitão, consigo enxergar que existe um código de conduta cheio de significados. Não é uma moda que é usada apenas com o sentido de vestir uma boa roupa ou estar updated com as tendências fashions  (de estar na moda, digamos mais simplificadamente), mas sim para passar e reforçar muitas mensagens, de se impor em patamares distantes da realidade da grande massa. Em alguns casos, uma ostentação discreta (se é que é possível tal antagonismo).
Em se falando do tal país das oportunidades, agora em época pós eleições ocorridas lá e após muito discurso feito contra algumas minorias, chega-se a outro ponto curioso nesse antagonismo citado:
Como já dito sobre a origem do referido estilista, acredito que ele soube driblar um sistema feroz, que deve ter caminhado sobre tapetes com pontas sujas de muitas mãos prontas a puxá-lo, que defendeu seu quinhão rumo ao sol da prosperidade, que deve ter batido a cara em muita porta, pisado em outras pessoas já vestido com a crueza e frieza de alguns degraus acima nesse caminho do sistema imposto, agora se torna cúmplice de uma imposição ideológica. Agora que ele faz parte do rol dos detentores do poder econômico e político, pode ver sua criação usada como “uniforme” pelos pseudo semideuses desse panteão.
Os produtos de outras, grifes e seus conceitos, criados com o intuito de embelezar as pessoas, passam a ser preteridos em função de permitir que as mensagens subliminares de poder e conduta sejam explicitamente expressas por outras grifes que atendam mais completamente um formato estabelecido, tudo através de uma etiqueta, de um logo (conceito). Essa comunicação visual passa a ser percebida, notada, reverenciada, idolatrada por muitos e consumida por poucos que têm condições de comprá-las.
O mesmo sistema que enaltece e abre lugar ao sol aos vencedores é o mesmo que encobre e sufoca uma grande parte de uma população que trabalha com o objetivo de chegar ao mesmo local ou de, pelo menos, conseguir respirar mais aliviado, mesmo que em outros patamares.  A verdade é que não lugar há para todo mundo, não são criadas chances de crescimento por igual. Essa é a engrenagem que rege o mundo, que cada vez precisa de mais sustentadores dos pilares desse panteão. O futuro desse cenário pode piorar e coloca essa sustentabilidade em cheque, uma vez que se menospreza e proíbe o trabalho dessa base, que se corroer......  Num passado, não muito distante, a absorção dessa mesma mão de obra foi aceita, comemorada e acalentou o sonho de muita gente de lá e de fora. Criou-se uma fantasia de uma terra com um sistema sólido, que historicamente sabemos, foi construído sobre ruínas de pessoas, povos, nações, ideologias e imposição de poder seja de forma armada, financeira, seja ideológica.
Curioso que tudo isso gerou uma uniformização do sistema, de como agir, de como se identificar, do modo de um pensar, tais e quais as roupas criadas pelas empresas de moda que refletem esse pensamento em suas etiquetas. Quem detém essa rédea precisa se cristalizar na fala, na conduta, na vestimenta, precisa se robotizar para não amassar a imagem! Até que a próxima estação e coleção estejam prontas!

E tudo isso porque nascemos nus. Nos vemos, nos lemos!

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Retina de Sharbat!

*Sharbat Gula em dois momentos,
fotos de Steve McCurry (1984/2002)
A menina afegã Sharbat Gula, que ficou mundialmente conhecida nos anos 80 por se tornar uma das capas mais famosas da revista National Geographic (publicada em 1985) e, por consequência, umas das imagens mais emblemáticas do século XX, volta à cena.
A referida foto foi feita por Steve McCurry em terras paquistanesas, num campo de refugiados afegãos em que a menina se encontrava, após o bombardeio de cidades de seu País, que causaram a morte de seus pais.
Hoje, a mulher de seus 40 e poucos anos, ainda marcada pela tristeza da guerra e dos muitos conflitos sociais e políticos de sua região, é notícia por tem entrado no Paquistão em abril de 2014, fugida do Afeganistão, com documentos falsos (com o nome de Sharbat Bibi) mais dois supostos filhos, além de subornar funcionários para conseguir os documentos.
Um ato de bravura diante da ferocidade das duras leis dos homens desses países e pela imposição extremista que relegam as mulheres a planos inferiores e imputam penas mais severas. 
Ela poderia pegar 14 anos de prisão. Seria uma sentença de morte, pois a afegã, além das questões políticas, sofre com o silêncio da hepatite C e se somado às nulas condições que se pode imaginar de um cárcere nessa região, poderiam aumentar o sofrimento dessa mulher, que desde pequena, transmite a aridez de sua realidade através de seus olhos cor de jade (curiosamente  a pedra preciosa mais apreciada no oriente).
Há de se tentar entender os motivos que levaram Sharbat Gula ao ato de desespero em busca de uma vida mais tranquila, da mesma forma como milhões de afegãos tentam, anualmente, conseguir um documento oficial paquistanês.
Há de se compreender os significados dessa ação e se informar de toda História que gerou uma séria questão diplomática desde a invasão soviética em 1979, que mudou a vida desses povos e os "conflitos" gerados após isso (guerra civil afegã em 89 e a não aceitação de afegãos em território paquistanês onde são acusados de muitos crimes e terrorismo).
Segundo notícias publicadas em meios de comunicação, a afegã seria recebida de volta em seu país de origem, após cumprir pena de 15 dias na cidade de Peshawar e pagar uma multa equivalente a EUR$860,00 (= US$957,53 = R$3097,00 hoje).O que pode ser significativo para sua condição financeira. 
Para se ter uma ideia:
O salário mínimo no Paquistão* equivale a US$251,00 (R$811,76 hoje).
O salário mínimo no Afeganistão* equivale a US$82,00 (R$265,20 hoje).
*referência 2010.
Que ela possa ter um recomeço mais digno, em sua terra natal, junto de seus parentes que possam ainda estar por lá, sem grandes sustos e que seu belos olhos reflitam menos medo do mundo!
Sua imagem, criança, ainda será por muito tempo lembrada pela beleza crua da foto e pelo espanto diante das atrocidades humanas.
Nos vemos, nos lemos!