quarta-feira, 27 de julho de 2016

O Olimpo é aqui!

tocha olímpica 2016
As Olimpíadas estão aí e já temos um grande quadro de medalhas de ouro em reclamação (eu considero errôneo serem chamados de Summer Games uma vez que é inverno no hemisfério sul). Delegações que simplesmente atestaram que a vila olímpica é inabitável. E não foi uma delegação apenas, foram várias, com exceção à África do Sul que disse estar satisfeita com as instalações. Delegação Australiana começou o rebuliço, voltou atrás e as declarações de prefeito do Rio não soaram simpáticas e acabou tudo numa linda foto!  Reclamações à parte, até entendo que prédios novos possam apresentar alguns problemas. Quem nunca passou por isso? Eu já habitei um prédio novo em folha, como primeiro locador e tive muitos problemas com vazamento, disjuntores com amperagem errada (que me custaram uns 4 chuveiros na época), azulejos invertidos que causariam pânico em quem sofre de TOC.
Entendo, que no atual momento político, social, econômico e moral do nosso país, as Olimpíadas soam como uma afronta. Mas ela não se estabeleceu aqui do dia prá noite. Foi eleita, aceita e deram continuidade. Não voltaram atrás quando ainda havia tempo de fazê-lo, como fez a Suécia em recusar a realizar os jogos de 2022. Agora é tarde! A soberania está em cheque, o nome da Nação. Os problemas supracitados não são exclusividades nossas! Os Jogos de Inverno de Sochi em 2014, os Jogos da Comunidade Britânica na Índia em 2010, as Olimpíadas de Londres em 2012 também tiveram muitos problemas apontados em suas vilas olímpicas.  É um alto custo que tem seus riscos. Por isso entendo que o custo de uma olimpíada precisa ter um mega planejamento sério do antes, durante e principalmente do depois. O legado é um fardo pesado, custoso.
Li outra matéria comparando que os jogos da antiguidade tinham melhor estrutura. Mas daí cara pálida, estamos falando de uma outra época (em que o Brasil e o Novo Mundo nem haviam sido descobertos). Tenhamos cautela e guardemos as devidas proporções.
Já que a realidade está aí em nossa porta, não tem porque desfazer do evento. Há quem não ache necessário, mas agora é tarde! Não me lembro de ter visto qualquer manifestação contra a realização dos jogos nos últimos anos. Ou seja, a proposta foi aceita e cabe fazermos a função de bons anfitriões. Sejamos diplomáticos. Temos problemas econômicos sim, mazelas sociais, problemas de segurança, descasos muitos que nos envergonham, mas a visita está na nossa sala. A educação vem primeiro!
Os problemas do Brasil são problemas internos. Temos nossa parcela de culpa nisso pelo favoritismo, pela  lei de Gerson, pelo jeitinho, pela gambiarra, pelo salve-se quem puder, por olharmos apenas o próprio umbigo, por ter que escolher votar no duvidoso ou no incerto, por aceitar pacificamente as rédeas, por não saber articular, por não se interessar em assunto que dizem respeito a nós mesmos, por achar que o governo é um mundo à parte do nosso, por não querer aprender e muitos etceteras.
O cidadão tem todo o direito de não prestigiar, divulgar ou ver os jogos como forma de protesto, mas não tem o direito de interferir no direito dos outros que o promovem. Das piores manifestações contrárias propostas, é inadmissível aquela que sugere apagar a tocha olímpica. É a maior forma de desrespeito com o símbolo máximo dos Jogos, é um desrespeito para com os atletas, com as delegações, com o próprio País. Ser contra a realização dos jogos é ir contra a preparação e formação de bons cidadãos. O esporte é uma ferramenta da educação, preparação do indivíduo e que prega a saúde (pilares que estão corroídos na nossa sociedade). A prática e o incentivo aos esporte tem uma função social de tirar pessoas do caminho da marginalidade. Concordo que aqui não está nenhuma maravilha, mas não se justifica um erro com outro. Isso mostra imaturidade, falta de cidadania, mostra desrespeito à coletividade, à soberania nacional, à decisão do País diante do mundo. Crise moral e ética das brabas, não? Já olhou seu rabo hoje? Não curtir e não estar de acordo com os Jogos é um direito que lhe é assegurado. Não assista, mas não interfira na decisão de quem optou em curtir os jogos, em quem resolveu trabalhar por eles e com eles e assim por diante. Cinicamente proponho aos bastiões da moralidade que, pelo bem geral da Nação, sejam nossos ouvidos quando das mudanças que estão sendo votadas para nosso País enquanto os olhos do mundo e da mídia estão sobre os jogos e muita coisa tem sido feita, digamos, na surdina, sem grandes alardes. Seria uma maneira mais civilizada e cidadã de ajudarmos uns aos outros. Chega de votar contra. Seja aquilo que você cobra. Seja ético, correto, honesto nas pequenas ações do seu dia a dia. 

Muna-se das "armas" adequadas para a "batalha". Pregar contra a violência com pedras na mão mostra despreparo. Muitas delegações que estão vindo, chegaram aos patamares invejáveis de bons resultados porque tiveram ações políticas e sociais favoráveis ao seu desempenho e desenvolvimento. Outras mostram que conquistaram tal espaço depois de adotar, ou mesmo copiar, fórmulas de sucesso.  Também quero um País melhor, quero ser mais respeitado, não quero ser surrupiado de forma institucional, dolosa e impune, quero meu direito de ir e vir, quero poder contar com as instituições. Tudo tem que valer a pena. Eu não tenho a chave do "Vai ser fácil" nas mãos. Mas não posso cruzar os braços ou fechar meu pensamento para isso. Que tal fazermos esse jogo, esse exercício, que tal essa olimpíada interna? Não pelo ouro e sim pela satisfação de dever cumprido! 
Lembremos que antes da Copa do Mundo vivemos um momento de tensão frente à magnitude do evento e transcorreu satisfatoriamente, até mesmo com alguns problemas encobertos pela névoa da derrota histórica nas quartas de final! Derrotistas, aprendam com o espírito esportivo!
Nos vemos, nos lemos!