segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Conto solto - é de brincadeira,....

Brincadeira de criança sempre tem um gosto de quero mais, uma ausência de perigo e uma irresponsabilidade natural isenta de qualquer maldade. Sempre se ouve dizer dos mais velhos que no seu tempo de criança as brincadeiras eram melhores e mais participativas do que hoje em dia. Que outras seriam impensáveis nos dias de hoje pelo medo coletivo e o excesso de zelo com tudo, que poderia gerar problemas mais sérios. No interior, parece que se curte mais o ato de brincar. Sei de histórias com detalhes engraçados como de um garoto que ao roubar goiaba do vizinho com o filho de outra vizinha, apoia-se em uma cobertura dessas antigas telhas de amianto, sem perceber que as mesmas estão apenas encaixadas e não parafusadas. A queda e o barulho enorme são inevitáveis e acordam o senhor dono da casa, que já de espingardinha de sal em punho, brada que vai matar os moleques. Esses escalam o muro como gatos assustados e não se sabem como passam pelos arames farpados sem nenhum arranhão e batem o recorde de velocidade rua acima. Um deles passa a jato em casa e diz prá mãe que está sendo seguido e jurado de morte. Foram parar no final da avenida que dá acesso à cidade, já na cabeceira da rodovia e voltam com passos contados. Não tinham sido seguidos, não levaram tiros de sal. Chegam em casa e já deparam com uma bronca daquelas com os pais irados por terem que pagar uma cobertura nova por vizinho que não estava no orçamento. Menos mal que não estavam machucados, apenas exaustos da longa corrida de ida e caminhada da volta.
Em outra ocasião, brincam em bandos na rua de casa numa sexta-feira à noite. Já mais tarde, os feirantes do dia seguinte começam a chegar e preparar suas barracas e descarregam muito material. Alguns se aprontam e voltam para as kombis e caminhonetes para dormir cedo. A molecada decide brincar de polícia e ladrão. As caixas ali expostas contêm frutas e legumes e são usadas como parte do jogo. Na brincadeira, se escondendo, alguns moleques enfiam suas mãos por debaixo das lonas e puxam maçãs, carambolas, tomate e correm e comem ali perto o resultado da feira antecipada. Um outro mais afoito, enfia a mão por debaixo da lona e sente algo ao mesmo tempo que ouve o dono da barraca gritar “Ah, moleque safado” e voa como nunca quarteirão acima com o produto roubado nas mãos. Era uma enorme mandioca crua. O que fazer? Esperar que o feirante voltasse a dormir poderia demorar. Então trocam de camisetas entre si e vão devolver dizendo que os moleques do outro quarteirão passaram correndo por ali e largaram no chão. Em recompensa pelo bom ato, ganham uma penca de bananas do feirante sonolento.
Em certa época, a companhia de saneamento decide trocar toda a tubulação de esgoto da cidade criando verdadeiras valas pelas ruas do bairro. São valetas que cortam as ruas na largura do quarteirão resguardando toda a terra retirada para finalização do trabalho. Os paralelepípedos amontoados formam convidativas trincheiras. A molecada munida de muita mamona e estilingue começa uma guerra de grupos, mas a estilingada dói e para não perderem munição, conquistada nas margens do ribeirão, resolvem disputar qual grupo acerta mais grilos e lagartixas nas paredes externas das casas da rua. Resultado: Uma rua inteira com casas manchadas do verde das mamonas em seus beirais, moleques todos doloridos das estilingadas anteriores e alguns vizinhos furiosos com a nova pintura de suas paredes.
Férias são boas e um ótimo momento para se soltar pipas. Idas ao ribeirão para pegar bambu e fazer as varetas, pegar jornal na vizinhança e vender no mercado para comprar linha 10 e papel de seda e fazer a própria pipa com cola de trigo. Passa-se o dia todo na rua debaixo do sol, ignorando os chamados de almoço e pedido das mães para saírem do sol. Já é início de noite e os mais fissurados lutando contra o lusco fusco para tentar enxergar a pipa no céu. No dia seguinte teria mais, Linha sendo enceradas com cerol feito pela galera mesmo que mói vidro e mistura com cola de madeira e passa na linha. Briguinhas no céu e um corre-corre para pegar uma pipa rodando, isso quando no emaranho, a pipa é trazida enroscada recolhendo a linha o mais rápido possível. Cortar e trazer, uma sensação de vitória de boa briga. Mas o tempo resolve fechar e a garoar. As pipas ainda no ar molham seus papeis bem esticados que arrebentam e ficam desgovernadas. Alguns cortam as linhas e deixam a pipa rodar. Quem sabe reaproveitar a armação fica de olho nas maiores para pegar. Numa dessas, uma das grandes enrosca na antena da vizinha faladeira. Telhado úmido e liso. Dois sobem para tentar pegar a pipa enroscada no alto da antena. Conseguem com ajuda de um pedaço de bambu, mas escorregam. O telhado não tem beiral e a única coisa para se segurar é a calha. Essa é trazida inteirinha até o chão segurando os dois moleques que subiram naquele telhado liso molhado pela garoa que caía. Algumas telhas caem e o barulho chama atenção da dona da casa que apronta maior escândalo, gritando para Deus e o mundo. Pipa rasgada na mão, assustados, tiveram, pelo menos, um final de semana inteiro de castigo para fazer mais pipas e começar tudo de novo.
E não acaba por aí.................


* imagem: pipa feita pelo autor


Queimando a Língua!


Não bastassem as agressões cotidianas para com o idioma de Camões, em que se permite sucessivas e agressivas licenças nem sempre poéticas ao nosso português, um dos idiomas mais ricos do mundo e alto grau de dificuldade para ser aprendido, conforme algumas estatísticas, ainda sofremos simbolicamente com um incêndio a um museu em sua homenagem.
Justo numa semana conturbada em que muito se badalou com a inauguração do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, cercado de protestos sobre o fechamento de outros doze museus da capital carioca e o fechamento de institutos de saúde, um conjunto nada harmonioso de descaso público, o estreitamento do acesso à cultura e à saúde pública, tragados pela lama das corrupções.
Nosso Museu da Língua Portuguesa (sim, patrimônio de todos nós), situado no belíssimo prédio da Estação da Luz em São Paulo (ao lado da Pinacoteca do Estado) arde em chamas. Um prejuízo não só pela arquitetura centenária do prédio que ocupa ou pelas instalações modernas desse museu em que palavras e sons cercam o espaço e flutuam pelo ambiente provocando uma imersão total na riqueza da nossa língua. Perde-se, pelo menos temporariamente, um forte elo que mostra, por diversos prismas, a riqueza desse idioma incompreendido. Sim, o português é de fato um idioma que requer um bom estudo para entendê-lo na sua totalidade. 
Flexões que sugerem longas reflexões. Conexões, às vezes, por caminhos mais longos, porém, com uma facilidade poética de moldar palavras e permitir um caimento perfeito ao que se refere. E isso também se perde. Os idiomas mudam num ritmo que acompanham o desenvolvimento dos povos, as misturas, influências, passeiam por modismos, por releituras. E a lavagem repetitiva dessa fina fazenda, esgarça e empobrece o tecido, tornando-o roto. Da “vossa mercê” que virou “você”, que virou “cê” e já se transmuta em “tu” sem a flexão correta.
Triste cena, triste ver o alfabeto ardendo em chamas e palavras desconectas escapando pela fumaça. Que sua recuperação seja rápida e que venha com mais força, venha moderna sem ser vazia, rica sem ser fútil, que venha e se estabeleça e que nos dê voz e que possa ser usada para expressar o que sentimos e somos!


*imagem: uol

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Pé no chão!

A série "Pé na Cova", exibida pela Rede Globo, criada por Miguel Falabella, conta com um grande e excelente elenco, fala de uma família do Irajá, subúrbio do Rio de Janeiro que são proprietários de uma funerária, a FUI, um negócio mal administrado a caminho da falência e que convivem com um grupo,  um tanto quanto surreal de conhecidos e amigos, mas que se dissecando, conseguimos tirar características comuns e até mesmo pessoais de cada um deles. Para dar o tom no sense e humorístico, esses sentimentos são potencializados no sitcom. 
No capítulo do dia 15/12/15 de Pé Na Cova, conta que o Ruço não viaja de avião por achar que o céu não é lugar para ele, além de assuntos que se desenvolvem na trama. Apesar das cenas hilárias e dos personagens surreais da série, todos têm sentimentos humanos (compaixão, amor, desejo, ódio, raiva, cobiça, inveja, carinho, afeto, etc.)  que chegam a ser comoventes em alguns aspectos. 
A cena em que Ruço (Miguel Falabella) conversa com Darlene (Marília Pêra), no quarto, já no final de uma festa em que ela revela que sabia que ele não pegou o avião, mostra uma relação muito curiosa. O casal, separado, que ainda mantém uma cumplicidade dos anos em que viveram juntos, mostra como se conhecem e se completam. É uma relação simples, de respeito sem filosofar sobre respeito, de cumplicidade, sem ter noção do que se divide, de falta de conhecimento, ajudando um ao outro com o pouco que cada um tem. 
A visão simples de Darlene diante da vida e a incongruência cognitiva do Ruço tem seus momentos hilários (quando atribuem a Shakespeare toda e qualquer frase pronta ou dito popular) e mostram que o complexo e o simples são lados da mesma moeda. 
A cena é pequena e tocante, pois os olhos do casal falam por si (daí as grandes interpretações), pedem e oferecem a mão num momento de fraqueza de cada um. 
Ela fugindo sempre, escoando as angústias e amarguras no gim e ele fantasiando e vendo lado bom de tudo quando sua frustração se torna amarga. A fantasia pé no chão (e não na cova) do Ruço para fugir da sua realidade busca caminhos leves para tornar o fardo menos pesado, da mesma forma como ele fantasiou o que “viu” no céu contando para Adenóide (Sabrina Korgut). Curioso como uma série de humor escrachado, de visão estilizada e crítica das mazelas da nossa vida pode ter momentos em que os personagens se mostram tão reais, cheios de uma verdade simplista que nós mesmos temos em nós e que muitas vezes escondemos ou maquiamos (em homenagem à Darlene) por vergonha, defesa, por achar que o básico, o nu e cru não tem importância. 
Vive-se o pé no chão, que é o mais perto da cova. Os limiares!

Nos vemos, nos lemos!


*imagem: logo Pé na Cova

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Conto solto - Prá ver a banda tocar!

Era uma banda. Uma usina não só de som, mas de muitas ideias, teorias, de muitos amigos com participações colaborativas fundamentais para o desempenho dessa trupe. Rodávamos muito pelo sul de Minas, em locais escondidos mesmo para o GPS. Cidades em que mapa mais lembra um jogo da velha: duas ruas na vertical com outras duas na horizontal cruzando e uma praça no meio. Era comum brincarmos e dizer que essas cidadezinhas pareciam fantasmas, pois não havia muita gente pelas ruas, mas na hora do baile, o povo brotava do nada, como se fosse geração espontânea, lotavam os salões e praças. Muita coisa acontecia! Muita mesmo! A banda era boa, tinha seu próprio e novo equipamento, uma galera cheia de vontade de acertar e fazer seu melhor, aproveitando-se daquela experiência única, rica. Tinha até um ônibus próprio, a nave! A gente se sentia meio extraterrestre em algumas ocasiões. Surreais até! Éramos de lugares distintos e tínhamos muita história para contar. Tínhamos um líder, um chefe, que realizava ali um sonho próprio com seus recursos, realizava-se através de cada um e seus filhos, de sangue e os adotados de coração. Ele continua vivo em nossos corações e lembranças. A gente se sentia tão confortável quanto em nossa casa! Cada ensaio era uma aula, uma diversão, um compromisso! Cada apresentação era um trunfo, uma realização! Cada viagem era uma meta a ser atingida. Tínhamos uma liberdade de ideias e a gente expressava tudo isso! Tínhamos uma tal permissão para tal. Rir era sempre o melhor remédio até mesmo quando tomávamos calote de pseudo empresários ou quando fazíamos apresentações para meia dúzia de público, sendo que pelo menos 4 desses estavam conosco na viagem. Tínhamos momentos de superstar quando nosso ônibus era cercado nas proximidades do baile. A gente se sentia. É bom se sentir. Brincar de pop star por breves minutos. Eu rio disso! Vivíamos com papéis nas mãos, algumas fitas k7 na mochila, muitas pilhas e o indefectível walkman, coisas dos anos 90. Éramos a atração principal daquelas noites de baile, mas também éramos roadies de nós mesmos. E quanta viagem fizemos e quantas outras proporcionamos. Digo isso porque a música é meio de transporte! A gente se intimidava com aqueles gritos da fila do gargarejo quando dávamos os primeiros acordes das músicas sucesso da época. Locutores de festa anunciavam a banda cheios de figuras de linguagem e superlativos. O durante era quando tudo acontecia, pois, o baile já tinha um roteiro e repertório pré-definido. Pelo menos quatro horas em que a gente focava na melhor maneira de fazer aquele som. Nas viagens rolavam muitas brincadeiras e, claro, muita pegação no pé. A gente tinha uma cantora na banda, grande amiga até hoje e que naturalmente era assediada pelos bebuns de final de baile para conhecê-la. Eles chegavam na gente e perguntavam se poderiam conhecer a cantora e nosso disfarce – para poupar a amiga desses bebuns chatos – era dizer que tinha que pedir permissão para o “noivo” dela e apontávamos o primeiro colega que estivesse por perto. Colava! Em outras ocasiões em que o cansaço tomava conta e para resumir tudo, éramos uma só família, todo mundo parente de todos. A receptividade nos locais era muito gentil e a gente procurava de toda forma retribuir. Procurávamos saber qual era a música preferida do dono do clube ou do pessoal do restaurante e oferecia para eles na hora do baile. Anunciávamos o aniversário de alguém envolvido na realização do evento ou mesmo atendendo pedidos. Em muitos casos, bem atípicos diga-se, elogiava-se carne de frango pensando que era peixe da região! Foram muitas situações hilárias: choques de algum equipamento mal aterrados, movimentação estranha do palco, tombos por causa da glicerina da máquina de fumaça que esparramava no chão, microfonada na boca provocada por uma tábua mais solta, sustos com lâmpadas que estouravam nos canhões de luz, preocupação em avisar, de modo nada discreto, o iluminador para jogar uma luz melhor para poder acompanhar a letra da música na pasta. Brancos de memória eram companhia comum de todos, sem exceção. Em apresentações mais nervosas, o erro em entrar no tom correto e ensaiado da música era garantia de uma pegação geral na viagem de volta. Pior que gravavam e faziam disso uma leve tortura chinesa na viagem de volta. Cantar Beatles 200 tons mais baixo, Inventar Ilariê, embromation de puro sotaque inglês, tombo do baterista que virou o banquinho ou mesmo levar uma baquetada nas costas acidentalmente durante o baile. Cantar sem retorno de som, descobrir que o clube alterna, sem qualquer aviso, a voltagem do salão depois de determinado horário, discutir com a tal famosa cantora (pero no mucho) quando os showmícios eram permitidos, roubar laranja de alguns quintais nas cidades pequenas, vestir muita roupa nos invernos rigorosos, esquecer de levar o kit de higiene na bagagem (sabonete, shampoo, escova e pasta de ente, desodorante, etc.). Fazer firula com público já animado com as performances do palco. Quando se ganha a plateia, qualquer hurra a mais e motivo de palmas. Estrear microfone sem fio e ir cantar no salão ao lado dos casais dançando na pista. Socorrer o guitarrista quando uma das cordas arrebentava. Ouvir muitos elogios pela performance da banda: O melhor de todos! Valia qualquer centavo e até mesmo passar a noite dentro de um carro quebrado numa estrada vicinal pouco utilizada enquanto se espera (ou vai atrás de socorro). Sem contar a coruja que pousa no capô do carro ou o cachorro que lambe o pé prá fora da janela enquanto o socorro não vem! Depois ficamos sabendo que quem correu atrás do socorro teve que pular muro, arrebentar um varal e fugir de cachorro na tentativa de acordar um amigo que ali morava.  A chuva nos deixou, literalmente, ilhados numa festa de rua de um bairro afastado (zona rural mesmo) de uma pequenina cidade por três dias. Uma vez fomos tocar num clube de 3 andares, um clube que tomava todo um quarteirão cujo salão de festas era o último andar e não havia elevador. A vista do salão para a cidade era bem legal, mas o vento não
deixava parar quase nada de pé. O teto mais baixo obrigou a iluminação a partir do chão criando sombras e transparências nada agradáveis do vestido da cantora. Subir aqueles degraus todos com pesado equipamento era desanimador. O vai e vem na hora do baile provocava tombos e mais tombos dos mais animadinhos da noite naquela escada “do capeta” como diria um dos colegas. Numa dessas apresentações, um dos colegas viu um “fodão de seis pocas” embaixo do palco de madeira. Era o fogão de 6 bocas de um dos festeiros avistado pelo amigo carregador que tem língua presa. Outra vez, o clube não tinha quadro de energia e o eletricista contratado pelo local tinha que ligar no 220 da caixa de força externa. Até aí tudo bem, desde que ele não tivesse ligado no poste da casa da vizinha e não no poste do clube. Aquela conta deve ter sido alta. Só soubemos no final do baile! E aquele festival da canção onde a estrela da noite cantava um rock anos 60 de apenas três frases e dezenas de repetições do refrão? E aquela cidadã que se revelou um ser unicelular de outro planeta! Xô ET. Nunca entendi isso! Casais que iam namorar escondidos atrás das pesadas portas do salão daquele clube. Vocalista que troca o nome da cidade, mas já perceberam que algumas cidades têm nomes parecidos? Em Minas então??? Tocar com aquela ex-banda famosa que vivia o ostracismo, abrir shows de outros grupos. Valia a experiência. O pior de tudo acontecia! Sempre tem aqueles que não tem espírito esportivo e usam salão de bailes para brigar. Isso era horrível. Parávamos o som imediatamente. E o medo de uma cadeira ou garrafa perdida? E encontrávamos cada local, vamos dizer diferente para tocar: Salões no meio de plantação de tomate, palcos sem proteção lateral que permite a chuva chegar junto, palcos de festa com o mínimo de pé direito. Festa de rua então é um festival de gambiarras! Uma corporação militar nos contratou certa vez. Um salão perfeito, palco um pouco mais alto que os tradicionais, sem a parede do fundo tampada por uma cortina mega colorida. Resultado: Um dos carregadores, o mesmo que viu o fogão debaixo do palco, foi se apoiar na parede e cai no camarim, cerca de uns 3 metros de altura. Por sorte, nada acontece. Salões em que o palco é a quina de dois outros salões emendados, uma obra de arquitetura. Para onde direcionar o som? Qual a frente do palco? Salões pequenos, palcos minúsculos em que a aparelhagem não cabia toda em cima. Era muita emoção em todos os sentidos. Daquela viagem longa, de horas e horas de estrada. Lembro-me bem das estradas vazias, o sol raiando, silêncio na nave. Daquelas cidades em que já éramos conhecidos da cidade, do clube e do público. Bailes de formatura, serestas, bailes tradicionais, baladas, festas populares, showmícios, festas de rua de pequenas cidades em que éramos a atração final de todo o evento. Tocamos em cima de caminhões, em praças, em escolas, em clubes elegantes, em salões simples com marca da última enchente ainda na parede, em clubes de diversos tamanhos e público, do encontro com outras bandas da região nas estradas e nas paradas para um café, um lanche e, claro, muita pegação no pé, tais como.......conto em outra postagem!
Nos vemos, nos lemos!

* imagem: banda free pic

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Conto solto - Atenção tripulação,preparar para a decolagem!

Era uma loja diferente. Vendíamos passagens aéreas de uma determinada companhia de bandeira, líder de mercado. O sistema era relativamente novo, porém sucateado com equipamentos obsoletos, mas que garantiam a execução dos serviços. O treinamento era uma aventura à parte. Ficávamos imersos por 45 dias na capital, com hotel e transporte pago e recebíamos o salário integralmente, o que permitia algumas extravagâncias.
Convivíamos com realidades e sotaques bem distintos dos colegas dos quatro cantos do país. Éramos uma salada regional e cultural. Passeamos muito mostrando a metrópole para os forasteiros, fomos ao teatro, assistimos lançamento no cinema, passeamos por bairros típicos da capital, ruas de comércio popular, museus. Fomos até numa apresentação teatral pornô. O que seria uma aventura de um grupo de rapazes, logo invadida pelas meninas que queriam ir de qualquer jeito. E fomos!
De volta à realidade do dia-a-dia da loja, era hora de aplicar todo o conhecimento recebido no atendimento ao público, o mais distinto possível. Ora eram os travestis que queria comprar passagem para Milano, mas queriam viajar com seus nomes artísticos. Isso demandava uma boa dose de firmeza para explicar que o que vale é o nome do passaporte. Eles entendiam! Ora era atender passageiros como um feirante de bermuda e camisa aberta, aparência completamente simples e despojada, mostrando a enorme barriga, que sempre comprava as mesmas passagens para Orlando, para ele, esposa e um casal de filhos. Pagava à vista sem pedir desconto nem nada e vivia feliz dessa forma. Por mais que a gente falasse e sugerisse outros destinos, lá ia ele para a “América”, como se fosse o único lugar fora do Brasil.
Ora eram os chineses que demandavam um tratamento mais lento para entender aquele inglês de sotaque sofrível e carregado e decifrar que “erévo” queria dizer “eleven”. Ora se desdobrando em explicações para explicar a alguns funcionários de empresas que eles não poderiam desmembrar o bilhete recebido para que pudessem dar aquela passadinha descompromissada em tal lugar fora da rota. Uma vez atendi uma senhora distinta, elegante, que queria ir se encontrar com uma amiga na Europa. Na época, a empesa voava para mais de 10 destinos no continente europeu. Toda vez que eu questionava qual era a cidade de destino ela respondia com um sotaque apaulistanado:  “Ora querido, eu quero ir para a Europa”. Depois de uma manobra com o Atlas em mãos, descobri que o destino era Londres. A viagem deve ter sido divertida!
Em outra situação recebemos um comunicado de nossa matriz que determinados cartões de crédito tinham sido clonados e que a quadrilha estava agindo na nossa região. Quando solicitasse aprovação no sistema e recebesse um determinado código, era sinal de que aquele cartão estava bloqueado para compra e deveria ser imediatamente informado à matriz. No mesmo dia, uma colega atende um senhor que quer pagar a passagem com um cartão desses, obviamento bloqueado no sistema. Aquele senhor calmamente ofereceu outro cartão que também estava b
Muito gentilmente, a colega ofereceu o telefone para que ele ligasse para o gerente de seu banco verificasse o porquê da não liberação do cartão – isso era comum. O passageiro alegou problemas com o banco, disse que trocaria de cartão e voltaria depois, o que nunca aconteceu.
Em outra situação, um passageiro após barganhar o máximo possível três bilhetes para determinado local do país, acaba comprando os bilhetes mais restritivos existentes que ofereciam 70% de desconto, sem prestar atenção às regras de alteração e cancelamento. Ele volta 48 horas depois para solicitar o reembolso dos mesmos. Era possível, desde que obedecida as regras da tarifa que não devolvia 100% do valor. A raiva do passageio foi tanta que ele trincou o vidro da mesa com um soco após um palavrão que pôde ser ouvido em todo o quarteirão. Minutos depois, seu sogro entra na loja e pede desculpas pelo temperamento do genro. Eram passageiros de altas patentes.
Muitas situações hilárias aconteciam. Uma vez ao sugerirmos qual tipo de alimentação o passageiro queria (era parte do atendimento e o diferencial da empesa), o rapaz não hesitou e pediu bife com fritas! Mal sabia ele que a única coisa que se faz no avião é café. O resto está tudo pronto! O cardápio solicitado não fazia parte do que era oferecido. Outra vez, um passageiro queria sentar nas poltronas do meio, desde que na janela. Até hoje nunca vi nenhuma aeronave com jardim de inverno. Os mais espertos queriam se aproveitar da fusão de conglomerados aéreos (code shares) para juntar o máximo de milhas possível ou mesmo conquistar a tão sonhada tarifa volta mundo pagando preços bem competitivos. Não é tarefa fácil aliar tempo, viagem, permanência, vistos, etc. para tal, mas não é impossível.
O atendimento às agências de viagem eram um capítulo à parte. Queriam negociações de grupo mirabolantes, como se a cia aérea estivesse 100% disponível para aquele passeio. Queriam flexibilizar horários, tarifas e acordos impensáveis, comercialmente falando. Dávamos suporte no cálculo de tarifas e numa dessas vi uma colega buscando Israel no Atlas, mas ela estava na página do Alasca. No início, alguns códigos de cidade e/ou aeroporto confundem. Só para dar uma ideia: São Paulo é SAO, Guarulhos é GRU e Congonhas é CGH. Alguns voos de/para São Paulo podem ser operados por Campinas CPQ, onde o aeroporto se chama Viracopos, cujo código é VCP ou mesmo São José dos Campos que é SJK, código tanto para a cidade quanto para o aeroporto.  Cuiabá e Campo Grande, cada qual no seu Mato Grosso também confundem, pois são, respectivamente CGB e CGR. No aeroporto muita etiqueta de bagagem para Manaus (MAO) era refeita porque saía com o adesivo de MAD (Madrid). É um mundo de códigos além dos das cidades e aeroportos. Temos também os códigos das cias aéreas, dos tipos de serviços, código de tarifa, código de passageiro, código de identificação. É código que não acaba mais e o inglês que é a língua mater.
Outra tarefa de que demanda experiência é auxiliar agente de viagem novo. Explicar a questão do fuso horário em voos internacionais e necessidade visto e/ou passaporte para determinados lugares do mundo. Há ainda passageiros que querem passar a passagem para outra pessoa ou receber de outra pessoa. Não é tão simples assim e chega a ser impossível. O bilhete aéreo é um contrato de viagem, nominal e intransferível.
Outra faceta distinta desse ramo é o atendimento corporativo. Grandes empresas movimentam volumes imensos de passagens através de suas agências especializadas em atendimento corporativo. É outro mundo. Rápido, prático, estressante, com mais regras, restrições e algumas regalias permitidas pelas cias aéreas que buscam um naco desse faturamento.
É um mercado interessante de viver de perto, um mundo com sua linguagem própria, sua formatação, seus personagens. Uma experiência valiosa, onde é possível fazer bons contatos, onde se tem o trabalho reconhecido, pelo menos por uns poucos (isso gera discussão), uma experiência de trabalho válida.
Afinal, como na vida, tudo é passageiro!


imagem: avião Google imagens



Conto solto - Tolo de ouro

Nunca fui ligado em etiqueta, mas já fiz questão roupas de marca, tênis da moda, celulares de última geração. Já exigi isso de mim mesmo e com o tempo a gente aprende que isso é bobagem. Na minha fase final de adolescência eu tinha uma correntinha de ouro. Tinha voltado prá casa dos meus pais depois de passar um ano morando com meu irmão numa cidade litorânea onde fiz e ainda mantenho alguns amigos. Foi uma boa experiência viver um pouco mais desgarrado, de alguma forma, com uma liberdade ampliada, porém vigiada, sabe-se, mas os tempos eram outros. Minha volta foi marcada por alguma tristeza porque deixaria para trás amigos que partilhavam de sonhos iguais, com quem dividi muitas experiências interessantes, sentimentos muito fortes dessa faixa etária em que parece que todos os projetos darão certo.
Depois de um bom tempo, resolvo ir passar um final de semana em companhia desses amigos. Me programo todo. Me achava rico com o pouco dinheiro que tinha. Pagaria a passagem ida e volta e alguns pequenos prazeres em companhia desses amigos de lá. Fui. Curti. Na volta, espremi os horários para aproveitar cada segundo do passeio na companhia deles. Pego o ônibus na hora marcada, um dos últimos.  
Teria que fazer uma baldeação (como se chamam as conexões) em uma cidade intermediária e pegaria um outro ônibus que me deixaria a algumas poucas quadras da minha casa. Chegaria no começo da madrugada, um pouco depois da meia-noite. Claro que meus pais não gostaram da ideia. Numa época sem o telefone celular para poder fazer contato com maior liberdade. Na subida da serra, um pequeno acidente atrasa a subida em meia hora, tempo suficiente para eu perder a conexão de volta prá casa. 
Não desisti. Haveria outro ônibus que fosse para o meu lado. Detalhe: grana contada. Cheguei no guichê e não haveria mais ônibus para o meu destino. Pensei. Me informei de quais ônibus iriam sentido São Paulo. Haveria um dali a uma hora em que eu poderia pagar um pouco mais até Aparecida e eu poderia descer na entrada da minha cidade, ainda na rodovia, caminhar um pouco mais e estaria em casa. 
O preço da passagem era bem maior do que eu tinha em mãos. Não hesitei e com receio de passar a noite ali naquela rodoviária, ofereci o único bem maior que possuía ali: minha corrente de ouro. Era fininha, bem leve, modelo simples, mas era o que eu tinha de mais valor naquele momento. Nem passava pela minha cabeça pedir ajuda para parentes daquela cidade naquela hora de domingo. Seria muito mico a pagar e eu saberia resolver aquilo sozinho. Acho que nunca souberam desse episódio.

Fiz negócio com o cara do guichê. Troquei a correntinha pela passagem e ainda fiquei com o dinheiro que eu tinha para comer. Segurei firma naquele final de domingo até um pouco depois de Queluz e apaguei. Passava das 2h. Acordei no susto quando o ônibus parava nos 3 Garças, tinha perdido a entrada de Lorena por causa de 20 minutos de cochilo. 
Resultado: Liguei para casa do orelhão para dizer que já estava ali e o que aconteceu. Ouvi, já sabem!. Eu esperaria o primeiro ônibus por volta das 5h para voltar prá casa. Nunca a hora passou tão devagar quanto naquela madrugada. Eu olhava o relógio a cada meia hora e o ponteiro andava apenas cinco minutos. Perdi tempo, a correntinha, perdi horas de sono e fui trabalhar na segunda super cansado, quebrado. Porém, curti um longo e bom fim de semana com os meus amigos da época.


*imagem: google imagens

Conto solto - Filhos de Tarzan!

Seria mais um final de semana daquela grande turma de amigos sem muita programação se não fosse a ideia de um deles de ir para a roça. Essa era a forma de dizer que iam para o sítio (roça mesmo, chacrinha, casa de campo) de algum parente passar o final de semana. Uma ideia prática e muito barata para aquele grupo de quase durangos. Cada qual faz uma limpa em suas casas juntando o que cabia na mochila: roupa de dormir, short de banho, chinelão, uma blusa de frio, pacotes de macarrão instantâneo, toalha, escova de dente, cueca e meia, molho de tomate pronto, bolachas, até mandioca...algumas boas fitas cassetes com um vasto repertório de boa música.
Apertam-se nos poucos carros disponíveis ou mesmo em ônibus de linha que os deixariam próximos do local até serem apanhados numa segunda viagem. Chegam na noite de sexta, fazem um mutirão de limpeza na casa a fim de ventilar o local, trocar as roupas de cama com cheiro de guardada, matar possíveis bichos não difíceis de encontrar como aranhas e escorpiões, sapos e cobras ligarem a bomba e esperar a caixa d´água encher, separa alguma lenha para o fogão da varanda, esticarem as redes, preparar as mais diversas criações culinárias para aplacar a fome. Som alto, cada qual fazendo uma função, banho, hora da comida, alguma sobremesa fácil ou já pronta, hora do jogo com muita gritaria, palavrão e muita armação para não perder o embalo das brincadeiras. 
Momentos de papo sério com algum problema de ordem pessoal de um dos amigos, conselhos, uma caipirinha, som de violão na varanda sob o céu sem interferência de iluminação artificial, enrolados em cobertores e edredons, vagalumes, pios noturnos, sustos das mais medrosas com armações previamente montadas para esse fim.

De repente estão todos na varanda frontal dessa chácara, quando um dos colegas, disfarçadamente chama um a um dos rapazes com gestos discretos e ali arma uma pegadinha para os demais. A frente a chacrinha é toda cercada de mangueiras que se entrelaçam os galhos, com balanços e cordas penduradas para brincadeira da criançada. Cerca de 7 sete rapazes ficam nus, desligam o relógio central da casa, causando a escuridão total, sobem nas mangueiras e ficam ali balançando como babuínos de bunda branca fazendo algazarra. Já é começo de madrugada os comentários são os mais toscos possíveis. 
Quando, de repente, a luz se acende, pegando todos os filhotes de Tarzan desprevenidos e surge uma das amigas de dentro da casa com todas as roupas dos pobres homens macacos nas mãos. E agora? Como descer sob a luz e se vestir? Negociações absurdas são feitas ali entre o chão e as mangueiras. Uma engraçadinha dizia estar vendo uma manga bem suculenta pendurada e pede prá chuchar com bambu. Outra sugere jogar água e trigo. Outra disse que na casa tem espingardinha de sal e estilingue. Nunca descemos tão rápido e rasteiros de uma mangueira, de madrugada e com alguma cerveja, caipirinha ou todinho (batida de vinho tinto, leite condensado e abacaxi) na cabeça como naquele dia. Na descida o barulho de uma locomotiva que se aproxima da entrada da cidade ilumina mais ainda o local e parece que aquele apito foi proposital diante da cena vista pelo maquinista que acenava na curva. Voamos prá dentro da casa e vestimos o que encontramos pela frente para poder negociar a devolução de nossas roupas! 
A negociação foi longa e cheia de micos a serem pagos, mas conquistamos nossas roupas de volta. Rimos muito. Dormimos tarde naquela noite! 
No dia seguinte..................eu conto depois


*imagem: macaco cheiro

Conto solto. Decadence avec elegance !

Três irmãos de uma grande família. Saíram juntos, pois a caçula estava com um trabalho temporário em uma cidade turística próxima e naquele dia o evento acabaria mais tarde que o normal. Combinaram de irem e voltarem juntos em função do horário. Um dia frio, tranquilo e de muitas caminhadas que a cidade sugere em suas visitas. 
Enquanto isso, a caçula em seu trabalho num stand de veículos importados na casa de alguns milhares de dólares. Expostos, esses carros atraem todo tipo de público com muitas dúvidas e pedidos de fotos. Na cidade, o vai e vem normal de um final de semana de frio na serra, com várias opções de alimentação e passeio. 
Depois de percorrem todo o centro, o bairro vizinho, visitarem o pico, teleférico, mirantes, de muita comida e chocolate, resolvem descansar numa das praças daquele movimentado centro.
A irmã mais velha reclama de dor nas pernas de tanta ladeira. O irmão do meio não sente tanto, mas agradece a pausa ali naquele lugar sob um sol fraco do meio tarde para relaxar. A irmã reclama que a bota recém comprada está pegando e machucando seus pés.  
Resolvem esticar por ali, tomar um café, fazer uma longa pausa observando o movimento, vendo apresentações de artistas de rua, vitrines próximas, feirinha de artesanato.
A noite cai junto com a temperatura e cidade perde alguns grupos de turistas de final de semana. No local dos stands, o movimento é bem menor e permite uma melhor circulação pelo local sem muito aperto ou vai e vem de multidão. Uma feira de muitos olhos e poucos bolsos, Objetos importados, de grife exclusiva, artigos inúteis para nosso tipo de clima. Uma mostra da riqueza e do luxo que existem no mundo. Grifes que brilham aos olhos dos consumidores. Marcadores de preços com números na casa de algumas centenas e milhares de reais e até mesmo euro e dólar.
A ambiente cria um ar blasé. Comentários não são feitos a fim de não causarem alguma cena engraçada ou expor ali a mediocridade da classe média achatada permitida por uma estabilidade financeira de ordem política. Os poucos comentários perceptíveis são os mais sussurrados possíveis.

A irmã caçula deixa o stand no seu final de expediente e de feira e se acaba num lanche reforçado antes de voltarem para casa. Já no carro, a irmã mais velha declara que seus pés estão doloridos, com vermelhidão e mesmo algumas pequenas bolhas. Ela não deveria ter tirado as botas na praça mais cedo. 
Atendendo ao pedido dessa irmã, param o carro em frente uma farmácia na saída da cidade e decidem comprar alguns adesivos curativos. 
Todo o glamour adquirido por osmose naquela feira se perde, quando  o irmão, nada discreto, de dentro da farmácia, em tom de brincadeira e leve maldade pergunta em alto e bom som: "Quantas bolhas são?????"

imagem: abacaxi chique!

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O quem tem prá hoje?

O cenário político atual não é dos mais confiáveis. Basta ver apenas um telejornal, ler algo na internet ou nas bancas de jornais que o assunto é o mesmo: a investigação de determinados políticos/empresários envolvidos em alguma forma de corrupção em maior ou menor escala. Lamentável! Aqueles que deveriam atuar como nossos representantes, como nossa voz no gerenciamento do país ou mola propulsora da nossa economia, nos apunhalam pelas costas de forma escancarada e sem qualquer pudor. Muitas são as defesas dignas de pena ou isenta de qualquer teor significativo, virando escracho e motivo de piada nacional. Quero acreditar que está tudo mudando. Parece que as investigações se tornam mais sérias e os grupos dissolvidos. Apesar de, ao meu ver, muito longe de reparar os danos causados e que alteram nossas vidas de maneira direta e significativa. Fortunas inteiras são “perdidas” e apenas uma porcentagem delas é recuperada e volta aos cofres públicos. Vidas humanas passam a não ter valor para a exploração e enriquecimento de um pequeno grupo fechado. Gente de alto escalão que se enlamea, são achincalhados, passam vergonha em rede nacional, mas não perdem privilégios, salários, mordomias. Somos tratados como plateia burra. Não fomos ensinados a pensar ou a reivindicar nossos direitos. Não nos ensinaram a pescar e nos deram sempre as sobras dos peixes. Acostumamos a tratar os políticos e os homens de negócios como celebridades, semideuses intocáveis. As investigações engessam a máquina e o país anda aos tropeços. Passamos atestado em rede internacional. Nossas condições extremas, a quem somos comparados por termos tanta tecnologia de ponta de país desenvolvido quanto misérias de país subdesenvolvidos perdem-se nessa névoa e nos colocam em patamares vergonhosos. Não há credibilidade! Seja ela política, econômica ou social. O pouco que resta é associado ao jeito brasileiro de ser: manso, cordato, amigo, sorridente, gente que se vira e cria saídas mirabolantes para as situações mais duras a que é submetido. Não somos só isso. Somos um país abençoado por Deus, mas eu quero ser uma Nação. Não quero ser apenas uma área continental com rica fauna e flora e belas paisagens. Quero ser o povo dessa terra que vive em condições de cidadania em todas as esferas. Com direitos e deveres igualitários, respeitando a diversidade da nossa continentalidade. Esse desejo se estende aos campos empresariais, de todos os tamanhos e segmentos. Não podemos ser um país de cobaias. Os grandes conglomerados parecem não ter alicerce para sair de situações geradas pelas crises, pela cartilha do capitalismo, pelas surpresas, pelos acidentes. Temos visto muito ultimamente com rompimento de barragens, chuvas torrenciais, seca, queimadas, crises econômicas sazonais dos grandes blocos, ações violentas de grupos sociais e suas reivindicações, criminalidade exacerbada. Tudo elevado a uma potência galopante e gigante. Uma grande casa em desordem. Um ensaio do caos! Políticos fazendo politicagem, empresários fazendo negociatas e população carente de prática cidadã. Nossa república tropical cede ao rótulo de terra sem lei, onde tudo pode, onde há jeito para tudo. Conforma-se em ser o quintal das férias, onde a liberalidade é permitida. O sorriso amarelo da incongruência cognitiva permite isso. Não somos república de nenhuma fruta tropical porque somos uma nação com seres humanos dotados de inteligência e habilidades! Temos nossos erros sim e muitos acertos também. Espero que estejamos a caminho do acerto. Eu quero! Tenho essa esperança, que é a última a morrer, mesmo em época de bala perdida! Quero ser um país com uma política que atenda todas as necessidades de crescimento e sua manutenção, com um lado empresarial que permita o desenvolvimento de pessoas e profissionais, que ensine, que faça das descobertas e novidades um salto para melhor qualidade de vida, que a população viva dignamente e saiba consertar seus tropeços com atitudes corretas e acesso às possibilidades para tal, com liberdade de suas escolhas, com voz ativa e voz consensual, com inteligência, sem automação do jeito de ser, com plenos direitos e deveres. Não quero ser uma república de bananas, nem das bananas e nem a que dá bananas. Aliás, coitada das bananas, já em rota de extinção!




*Imagem do autor: Bandeira fictícia de uma república das bananas - termo pejorativo dado a qualquer país tropical (onde o cultivo da banana é possível), com instabilidade financeira, governo corrupto e sistema frágil. O termo original foi criado por um humorista norte-americano em 1904 quando de uma crítica ao governo de uma país da América Central, através de um conto ambientado nesse local e fortalecido pelas empresas americanas que "exploravam" frutas tropicais nesse local na época. Não me representa!

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Bárbaros nada doces

A referência aos bárbaros, nome cunhado pelos gregos e que significava apenas estrangeiro, foi usada pelos   Romanos para designar os povos que não partilhavam os seus costumes e cultura (nem a sua organização política). Estas migrações nem sempre implicaram violentos combates entre os migrantes e os povos do Império Romano, embora estes tenham existido. Já os romanos também eram chamados de "bárbaros" (estrangeiros) pelos gregos. Os povos migrantes, em muitos casos, coexistiam pacificamente com os cidadãos do Império Romano nos anos que antecederam este período.
Havia também aqueles que procuravam expandir seus territórios através do domínio marítimo e terrestre.
Godos, Vândalos, Anglos, Visigodos, Ostrogodos, Eslavos, Búlgaros, Magiares, Turcos, Vikings, Árabes e ainda mais antigos como os povos das culturas da desconhecida e inimaginável América do ocidente, naquele tempo, assim como povos africanos, asiáticos, hindus, entre outros. Há de citar alguns povos mencionados na Bíblia, fosse em busca da terra prometida, fosse em busca de paz, fosse em defesa de seu território ameaçado por outros povos. Uma característica do Homem em suas épocas para conquistar o mundo e estabelecer território e firmar-se enquanto sociedade. Também podemos dizer, dos colonizadores e descobridores que iam em busca de novas terras e riquezas, ampliando domínios, criando e fortalecendo lendas, enriquecendo impérios e já moldando pensamentos.
Como dito na descrição, nem sempre essas migrações eram feitas de maneira violenta.
Desde que o mundo é mundo, o bicho Homem tem a necessidade de se estabelecer e com uso de suas forças e inteligência, procura fazer isso de maneira definitiva, impondo-se , usando de todas as armas que pode. A História nos conta das conquistas, negociações, traições, emboscadas, assassinatos, guerras longas e demais ações tomadas para a conquista do novo espaço, seja pela força, pelos interesses comerciais, por estratégia, geo política, entre outros. Não podemos deixar de lado as invasões, as guerras, o sangue derramado por povos que estabeleceram sangrentas e cruéis batalhas na conquista de terras.
O tempo passou e a "barbárie" também mudou seu formato e propósito e nos faz pensar que após toda evolução do Homem, as mudanças propostas e impostas são feitas com rigores de crueldade, com uso da tecnologia para o mal, com trapaças, com ataques covardes, de maneira acintosa, desumana, covarde, mais insanas que os primeiros povos. Mais uma vez o Homem vive de opostos. Vive um eterno dilema, vive uma crise maior de identidade quando se dá conta do que fez. Acredito que, mesmo num milionésimo de segundo, a mente condena. Usa-se da política, dessa ciência que permite que sejam estabelecidas normas de boa convivência como arma, usam da necessidade básica do outro, trepudiam sobre as mazelas. Condicionam um ou outro grupo à inferioridade, à não importância de sua existência. Defendem pátrias sem terra, religiões sem deuses, morais sem princípios, necessidades sem porquês. Hoje, a barbárie é feita por exércitos acéfalos, sem o poder de discernimento, sem o conhecimento da causa,  marionetes sedentas daquilo que não sabem. Muitos lutam por areia quando querem água.
Temos que lidar com isso no mundo de hoje. Esperar que algo maior faça a mentalidade humana mudar. Receio que quando esse sinal acontecer, também possa ser algo que provoque grandes revoluções, mas se a revolução for para um bem maior geral, que seja! Que venha, mesmo que lentamente. Precisamos!
Nos vemos, nos lemos.




* Imagem: Capa filme Outlanders - Google Images

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Acabou-se o que era o Doce!

Um dia, a tão almejada prosperidade chega e traz consigo a oferta de trabalho, a segurança, a possibilidade de se manter e constituir família e fazer tudo que prega o figurino do homem moderno. O progresso traz também mudanças, muitas vezes, definitivas para uma população, para uma região, para um país. A tão esperada riqueza acontece e propulsiona a mola do progresso pelo avanço tecnológico. Não se pergunta de como o procedimento é feito, a vilania do capitalismo mascara e omite informações de relevância, que mexe direta e indiretamente com os indivíduos. Estabelece-se um pseudo posicionamento social, colocando pessoas ditas responsáveis em patamares distintos definidos pela hierarquia. O crescimento acontece e dura anos, o modelo é imitado por outros e assim surge uma cadeia de conglomerados moldados pelo mesmo princípio.

Outro dia, tudo se rompe inexplicavelmente e traz à tona um mar de situações inacreditáveis e efeitos que se multiplicam assustadoramente. A fortaleza não se mostra forte suficiente. Se mostra despreparada, frágil. Tão frágil quanto às vidas simples perdidas num mar de lama tóxica que invade o vale e despenca rio abaixo, varrendo sem piedade o que encontra pela frente. Um dos lados da ganância grita a plenos pulmões que a lama não é tóxica, porém peritos encontram quase que toda a tabela periódica dos metais pesados em elevadíssimas concentrações escorrendo sem freios pela calha do rio, vale abaixo. Pessoas se esquivam de seus patamares, incautos, sem ação, como se perdessem a corda de seu mecanismo manipulado.  O vazamento parece trazer à tona as práticas nada convencionais e legais de uso e manipulação do produto desse trabalho. Tudo está comprometido. Vidas, árvores, rios, água e animais. Um expurgo que se arrasta em direção ao mar em ondas caudalosas, mau cheirosas, venenosas, violentas e rápidas. Tão rápidas quanto à ganância, traiçoeira como as fraudes. Uma avalanche de traumas presentes e futuros. Já não se tem mais a terra de onde se tirava o sustento. Perdem-se fortunas em segundos, perdem-se muitas formas de vida, marcadas irreversivelmente numa cicatriz profunda. O fim não está perto, pois ainda é aguardado o encontro desses detritos com o mar e suas consequências e reações. Rio acima, milhões sem poder ter acesso ao bem mais precioso: a água, mais uma vez ela, vítima da cobiça humana. Cobiça burra que serra o tronco da própria árvore em que se estabelece e apoia. Será que a tecnologia não é capaz de processar um mar de dejetos sem os riscos apresentados? Não é capaz de promover outra forma de extração? Procurar culpado? Apontar uma causa natural como responsável? A irresponsabilidade da cupidez humana não pode ficar acima do mal causado às fontes de energia, natureza e tudo aquilo que ela abraça. Não são milhões de reais em multas que irão limpar a alma da lama venenosa. Sentenciado foi o rio, seus afluentes, seu vale, seu povo e tudo que dele se beneficia. Não foi a primeira vez e nem será a última. Tragédia anunciada ao mesmo tempo que velada sob panos quentes dos poucos que sugam  suas tetas. E que fome a deles, não? Anunciada até que outras tragédias ocupem lugar nas mídias e mudem o foco. Até que tudo seja uma esquecida língua ressequida de barro contaminado parecendo o cenário de filmes de ficção. Não é esse barro ao qual retornaremos!! Adianta bater panela? Resolve parar rodovia? Tem serventia cruzar os braços ou destruir qualquer patrimônio? Algo precisa ser feito e cada qual tem sua parcela. Algo muito sério precisa ser colocado em prática antes que tudo se acabe. Acabou-se o respeito às formas de vida, acabou-se o respeito à dignidade alheia, acabou-se o rio, acabou-se o vale, suas plantas,árvores, peixes, pássaros, animais e tudo que nele vicejava. Acabou-se o que era o Doce.

* imagem foto internet da tragédia do rompimento da barreira na região de Mariana MG

terça-feira, 3 de novembro de 2015

The Best.................

A caixa de surpresas que é a vida segue nos dando sustos e gerando alegrias na mesma intensidade. A notícia da morte de uma pessoa querida é capaz de mexer muito e distintamente com cada um de nós. Nos surpreende esse sentimento pelo quanto carinho se tem pela pessoa que se foi. Perfeito ninguém é e nem deve ser, mas dentro das possibilidades de comportamento de cada indivíduo sempre há encaixes de sentimentos iguais, interpretações, visões de mundo, atrelado às experiências individuais e coletivas de cada um nesse mundão. Por esse caminho, apoiado pelo respeito à essa individualidade, é que se mantém amizades, é que se absorve o que cada um tem de bom e faz-se a troca. Amigos com humor ácido, com um certo desdém no ar, sem demonstrar muitas preocupações, elegantemente simples em algumas atitudes, pontual com frases de efeito de muitos sentidos, risadas, posições verdadeiras que até podem causar estranhamento, descontentamento ou julgamento por outros. Preocupações familiares, cotidianas, medos, anseios, temores, atitudes levemente abusadas, pensamento rápido, boa dose de humor, ânimo para encarar toda e qualquer situação, sarcasmo e os demais erros humanos. Esse emaranhado de possibilidades, quando da convivência, permite que se veja pelas brechas alguns sentimentos que não são externados, permite ver um choro silencioso, permite ouvir comentários ternos sobre algo, permite entender que na hora da raiva não há argumentos, permite conversar com o olhar, seja num papo informal na mesa de algum bar, seja na loucura do trabalho diário. Cumplicidades que não têm preço, complementos de ações distintas para a mesma situação imposta. Ideias tão iguais quanto diferentes que acham um denominador comum. De repente, mesmo que a gente saiba que isso faz parte da vida, um segundo muda tudo e coloca as pessoas em mundos completamente opostos, sem qualquer tipo de contato que possa ser estabelecido. A fé pode explicar!  Ação forte, definitiva, irreversível, uma única certeza. O tempo se encarrega de deixar tudo bem e assim será. 

*imagem: free pic praia Google

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Olho no céu!

O medo volta a povoar as manchetes de jornais e a cabeça de muita gente ( tô nessa).

Cientista afirmam que um objeto está para se colidir com a Terra em 13 de novembro. Trata-se, pelo que foi publicado, de lixo espacial, muito provavelmente o resquício de um dos foguetes da missão Apollo – aquela que levou o Homem à Lua. 
Não é a primeira vez que isso acontece com artefatos criados pelo Homem. Lembram do SkyLab? Muita gente ignora o fato de que nossas cabeças estão rodeadas por mais de 1000 satélites e muito lixo espacial, restos de foguetes e artefatos lançados pelo Homem ao espaço. Esses artefatos  em suas viagens rumo ao vazio, deixam pedaços de sua fuselagem, os chamados estágios, vagando no espaço para se tornarem mais leves e aumentar sua velocidade de fuga e escapar da gravidade. Vários países já lançaram muita coisa ao espaço, desde foguetes não tripulados até satélite espiões, de comunicação, meteorológicos, a Estação Espacial Internacional entre tantos outros. Não é uma ação somente de norte-americanos ou russos, mas sim de canadenses, franceses, chineses, japoneses, brasileiros, indianos e muitos outros países que operam em ação conjunta. São restos de materiais de diversos tamanho que ficam em órbita do nosso planeta até que algo os faça cair. A reentrada na atmosfera cuida de queimá-los pelo atrito e boa parte deles é desintegrada totalmente, porém alguns pedaços maiores conseguem chegar ao chão com velocidade assombrosa e poder de destruição (dependendo do tamanho e de onde caem). Como 2/3 do planeta é coberto de água, muitos destroços caem no mar. O mesmo está previsto para a queda do próximo dia 13 de que caia sobre o sul do continente Indiano, já sobre o Oceano Índico. Cientistas estão ansiosos, pois poderão estudar o comportamento e os efeitos da reentrada de um objeto desses em nossa atmosfera, uma vez que esse evento está sendo monitorado e programado.  Assim esperamos! Que possamos aprender com esse estudo e que esse lixo espacial caia, de fato, sobre o oceano e que permita além um espetáculo diferente, possibilitar estudos e análises de prováveis outros encontros inesperados. Com tanto lixo espacial vagando a esmo sobre nossas cabeças, de certo essa não será a última vez que se fala sobre os assunto!
Fala-se que o lixo espacial que está orbitando a chamada órbita terrestre baixa chega a 300 mil pedaços maiores que 10 cm - tamanho mínimo possível de ser medido pelos equipamentos.
Sem especulações quanto à origem dos destroços!
Nos vemos, nos lemos!



*Imagem: montagem com imagem de animação do avistamento  do objeto WT1190F (nome temporário dado) e local aproximado da queda – fonte site www.galeriadometeorito.com.br 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Desserviços!!!

Pode parecer implicação, mas tenho percebido o quanto a prestação de serviços no Brasil tem deixado a desejar. Falo dos serviços simples, cotidianos.
Tenho observado e até mesmo experimentado desserviços em todas as áreas. Sei de casos estapafúrdios e outros dignos de não sei qual pensamento de tão inútil que se torna. Exceções feitas a poucos profissionais.
Exemplos: Orçamento de cortina. Uma das firmas especializadas nem se dá ao trabalho de ir no local medir e ver o ambiente. Pede que a metragem das janelas seja enviada por e-mail e que se escolha o tipo e a cor do material. Se dão ao luxo de emprestar um catálogo de amostras de tecidos e cores.
Mudança: O caminhoneiro, dono de um caminhão baú, chama 3 ajudantes sendo que um deles já é bem de idade, outro é jovem e um terceiro que faz esse “bico” após o horário de serviço normal dele, ou seja, não está disponível o tempo todo. Isso sem contar a falta de cuidados com os objetos da casa. Resultado: Serviço lento, com algumas coisas quebradas ou levemente avariadas, armários mal colocados, gambiarras de todas as formas.
Serviço de telefonia fixa e internet: Se você tem telefone fixo, internet, serviço de redirecionamento de chamada ou caixa postal, saiba que numa provável transferência de endereço, esses elementos irão em partes, pois o pacote não é transferido por completo e ainda, no caso da internet, eles pedem longos 30 dias para verificar se o novo endereço suporta o serviço solicitado. Deveria ser unificado. Resultado: insatisfação, serviço pela metade, mas devidamente cobrado tudo junto na próxima fatura.
Serviço de Tv a Cabo: Fui protagonista de um lento e chato processo de desvinculação de uma determinada operadora em que além de ser cobrado indevidamente por um período que já estava sem sinal, ainda tive que aguentar dezenas de chamadas da tal central de relacionamento me oferecendo a cada momento uma promoção diferente para que eu continuasse cliente. Chegaram a oferecer 4 meses de pacote gratuito. Não quero!  Quero apenas exercer o meu DIREITO de não querer mais um produto.  Graças a um site de ajuda ao consumidor, o processo foi acelerado, mas ainda sem finalização.
Serviços de pedreiro, encanador, jardineiro, costureira, eletricista. Os de boa qualidade atendem por preços mais salgados, os medianos (que são maioria) somente trabalham dentro de horários estipulados por eles próprios. Isso quando faltam um ou outro agendamento deixando o cliente na mão.
Empresas especializadas em serviços chamados domésticos cobram valores totalmente fora de mercado, muitas vezes feitos pelos mesmos profissionais acima.
Instalador de antena: são pouquíssimos aqueles que fazem um serviço bem feito com a fixação certa da sua antena, distribuição da fiação por dentro da casa com um mínimo bagunça.
São muitos e ainda há o pior. “Profissionais”, isso mesmo entre parênteses, que se julgam a fina flor da expertise e vêm com ideias mirabolantes e absurdas (tipo repimboca da parafuseta), outros que não acatam o que é pedido e fazem o serviço como querem e ainda aqueles que enfrentam, que discutem um pedido solicitado. Em alguns casos até com discussão entre contratante e contratado.
Lamentável que isso aconteça e podemos imaginar, pelo tamanho do Brasil, a diversidade de prestação de serviços que acontecem em nosso país. Diante desses exemplos percebe-se que não há qualquer preparação ou motivação para o trabalho. Não há preparação básica de educação, de bons modos, de entendimento do serviço, de respeito ao consumidor, de conhecimento técnico. O que esperar de um futuro econômico onde somente o lucro é visado e o relacionamento humano é descartado? O que falar de atendentes de grandes magazines que não sabem o que estão vendendo e passam qualquer informação sobre determinado produto como se fossem papagaios ou gravações automáticas, onde fica nítido a despreparação. Não há crescimento sem investimento. É lamentável! O descaso é total.
Gosto de falar de coisas boas, mas elas precisam acontecer mais!

Nos vemos, nos lemos!


*imagem: Google Imagem free pic

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Fora do Ar!

A popularidade da televisão nunca esteve tão em baixa quanto agora. O "Ibope" desse bem encontrado em quase que a totalidade de lares ao redor do mundo tem perdido espaço para outras atividades. Em se falando de Brasil, as redes abertas degladiam-se pelos expectadores com fórmulas e mais fórmulas de programação. Programação essa que não está tão atraente ultimamente e se repete: enlatados, novelas, reprises de novelas, reprises de filmes, realities shows, esporte em geral,  programas religiosos, programas policiais e outros. Todos sem quaisquer novidades ou  conteúdo enriquecedor, salvo raríssimas exceções. Já havia comentado aqui em outra postagem a respeito disso e parece não ter mudado e sem previsão a longo prazo. Até mesmo na tv a cabo não tem um diferencial para atrair o público. O que se vê muito é a ideia original daquele enlatado exibido na tv aberta. Canais específicos são poucos e a quantidade de matérias e programas parecem não suprir a necessidade de informações desses tempos modernos ávidos em que vivemos, principalmente de boas novidades.
Falando em TV a cabo e sonhando um pouco, seria muito interessante se tivéssemos um sistema tv a cabo a la carte, onde seria possível contratar somente os canais de interesse. A ideia funcionaria da seguinte forma:
Não haveria plano, cada canal teria um valor unitário que seria cobrado de acordo com o menu escolhido pelo cliente. Esse seria o verdadeiro Pay-per-view. Você poderia escolher um canal de esportes, outro de jornalismo, outro de variedades, um de documentário, outro de filmes e mesmo com apenas 5 canais, estaria plenamente satisfeito.
Diferente do usado hoje em dia em que se paga de acordo com  pacotes de canais. Dessa forma usual, muitos canais são pagos porque vêm no pacote e nem sequer são assistidos, enquanto que por causa de diferenciação de valores muita gente opta em não ter o canal preferido em função de não poder escolher de fato o que quer assistir. 
Penso  que exista tecnologia suficiente para suportar tal demanda e de que as operadoras seriam obrigadas a oferecer serviços de qualidade e nível para tal (muito diferente do que há hoje). Haveria necessidade de reais condições da oferta dessa forma de serviço, com legislação que fiscalize e cobre (de ambos os lados) um melhor e mais respeitoso relacionamento empresa/cliente. Utopia? Creio que não, apenas bom senso de todas os lados. Haveria muito mais gente satisfeita. Até mesmo porque ainda temos posse do controle remoto.


*imagem: montagem do autor

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

mão e contramão...



Na mão e contramão do bom senso, o ser humano segue seu caminho com passos de formiga e sem vontade.
Essa semana tivemos uma mostra de quanto somos racionais, inteligentes, o que nos diferem de outros animais sobre a Terra e nos faz criaturas de uma inteligência superior, quando nos deparamos com o tal ação. 
Após um acidente, uma equipe médica australiana consegue salvar a vida de uma criança que teve uma ruptura da base do crânio com o restante da coluna cervical sem que o menino ficasse tetraplégico ou mesmo tivesse morte imediata. O menino foi degolado internamente, sem ruptura. A equipe refez as vértebras danificadas e cartilagens do pescoço da criança e a mantém com um suporte para o crânio a fim de que o peso da cabeça não provoque mais danos até calcificação e estabilização das novas vértebras – é sabido que as crianças têm o tamanho de suas cabeças desproporcional em relação ao corpo. A criança já atendida anda, movimenta-se e corre normalmente. A mãe diz ser um milagre e de fato o é. Um milagre operado pela mão do Homem,um exemplo da maravilha de ser humano, de poder ajudar uns aos outros com fruto do trabalho e aprendizado. Casos como esse surpreendem pela raridade e pela solução inédita obtida. Há controvérsias quanto à utilização dessa mesma inteligência para sanar outras mazelas a que o bicho Homem é submetido, mas não podemos fechar os olhos para essa conquista. Precisamos abri-los mais para conquistar outras.

Como disse no início, essa grande rodovia da vida tem seus atalhos que não levam a lugar algum e ainda há aqueles que caminham na contramão. Uma inscrição racista em uma das mais respeitadas universidades do país chocou vários cidadãos que estão acima de qualquer segregação. **Nota do autor: eu considero que todos sejam cidadãos de iguais direitos e deveres e não gosto de segmentá-los em comunidades ou grupos disso ou daquilo, para mim essa diferenciação já é segregação, separatismo, divisão**. Nessa mesma linha de crime racista, uma mãe norte-americana conseguiu na justiça a retratação por parte de uma editora de livros escolares, que contava a história da formação étnica daquele país onde dizia que os negros levados para o sudeste norte-americano eram considerados trabalhadores, sem mencionar que o trabalho era escravo, que os negros eram trazidos pelo tráfico negreiro contra sua vontade e em condições sub-humanas. Uma das maiores barbáries da História da  humanidade. Algo impossível de ser ignorado pela História dos países que utilizaram dessa forma de mão-de-obra.
Atitudes como as os médicos australianos são e estão na "mão" que o mundo precisa para se endireitar e assim indicar o caminho certo àqueles que insistem na contramão da nossa História.
Nos vemos, nos lemos!

* imagem: Google free pic placas!

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Água à vista......

Uma nova notícia essa semana deixou muita gente  curiosa em relação à confirmação de água em Marte. Água salgada, porém em estado líquido. Esse elemento químico em reação com a formação química de Marte é bem capaz de produzir alguma forma de vida. Isso já foi alardeado anos atrás quando dessa possibilidade de vida bacteriológica. Nosso vizinho vermelho não está sozinho nessa, outros estudos apontam a grande possibilidade de água nas luas de Saturno e Júpiter, em Plutão, bem como na formação de cauda de alguns cometas. Sem contar outros planetas existentes no imenso universo que ainda não conhecemos.
Se todos os elementos químicos que conhecemos na Terra estão presentes no Universo, não é impossível de que em outros locais haja o encontro dos átomos de hidrogênio e oxigênio, que basicamente formam a água, seja em estado líquido, gasoso ou sólido. As possibilidades são muitas e as surpresas também. É esperar para ficar sabendo.
Enquanto isso, aqui no planeta Terra, que é coberto majoritariamente por água, os poucos recursos de água potável, menos de 1% do total, ideal para o consumo humano, estão escasseando, colocando em risco muitas formas de vidas. Contradições do tempo!


*imagem: Divulgação da Nasa que mostra a os veios provavelmente feitos por água em estado líquido.