terça-feira, 8 de dezembro de 2015

O quem tem prá hoje?

O cenário político atual não é dos mais confiáveis. Basta ver apenas um telejornal, ler algo na internet ou nas bancas de jornais que o assunto é o mesmo: a investigação de determinados políticos/empresários envolvidos em alguma forma de corrupção em maior ou menor escala. Lamentável! Aqueles que deveriam atuar como nossos representantes, como nossa voz no gerenciamento do país ou mola propulsora da nossa economia, nos apunhalam pelas costas de forma escancarada e sem qualquer pudor. Muitas são as defesas dignas de pena ou isenta de qualquer teor significativo, virando escracho e motivo de piada nacional. Quero acreditar que está tudo mudando. Parece que as investigações se tornam mais sérias e os grupos dissolvidos. Apesar de, ao meu ver, muito longe de reparar os danos causados e que alteram nossas vidas de maneira direta e significativa. Fortunas inteiras são “perdidas” e apenas uma porcentagem delas é recuperada e volta aos cofres públicos. Vidas humanas passam a não ter valor para a exploração e enriquecimento de um pequeno grupo fechado. Gente de alto escalão que se enlamea, são achincalhados, passam vergonha em rede nacional, mas não perdem privilégios, salários, mordomias. Somos tratados como plateia burra. Não fomos ensinados a pensar ou a reivindicar nossos direitos. Não nos ensinaram a pescar e nos deram sempre as sobras dos peixes. Acostumamos a tratar os políticos e os homens de negócios como celebridades, semideuses intocáveis. As investigações engessam a máquina e o país anda aos tropeços. Passamos atestado em rede internacional. Nossas condições extremas, a quem somos comparados por termos tanta tecnologia de ponta de país desenvolvido quanto misérias de país subdesenvolvidos perdem-se nessa névoa e nos colocam em patamares vergonhosos. Não há credibilidade! Seja ela política, econômica ou social. O pouco que resta é associado ao jeito brasileiro de ser: manso, cordato, amigo, sorridente, gente que se vira e cria saídas mirabolantes para as situações mais duras a que é submetido. Não somos só isso. Somos um país abençoado por Deus, mas eu quero ser uma Nação. Não quero ser apenas uma área continental com rica fauna e flora e belas paisagens. Quero ser o povo dessa terra que vive em condições de cidadania em todas as esferas. Com direitos e deveres igualitários, respeitando a diversidade da nossa continentalidade. Esse desejo se estende aos campos empresariais, de todos os tamanhos e segmentos. Não podemos ser um país de cobaias. Os grandes conglomerados parecem não ter alicerce para sair de situações geradas pelas crises, pela cartilha do capitalismo, pelas surpresas, pelos acidentes. Temos visto muito ultimamente com rompimento de barragens, chuvas torrenciais, seca, queimadas, crises econômicas sazonais dos grandes blocos, ações violentas de grupos sociais e suas reivindicações, criminalidade exacerbada. Tudo elevado a uma potência galopante e gigante. Uma grande casa em desordem. Um ensaio do caos! Políticos fazendo politicagem, empresários fazendo negociatas e população carente de prática cidadã. Nossa república tropical cede ao rótulo de terra sem lei, onde tudo pode, onde há jeito para tudo. Conforma-se em ser o quintal das férias, onde a liberalidade é permitida. O sorriso amarelo da incongruência cognitiva permite isso. Não somos república de nenhuma fruta tropical porque somos uma nação com seres humanos dotados de inteligência e habilidades! Temos nossos erros sim e muitos acertos também. Espero que estejamos a caminho do acerto. Eu quero! Tenho essa esperança, que é a última a morrer, mesmo em época de bala perdida! Quero ser um país com uma política que atenda todas as necessidades de crescimento e sua manutenção, com um lado empresarial que permita o desenvolvimento de pessoas e profissionais, que ensine, que faça das descobertas e novidades um salto para melhor qualidade de vida, que a população viva dignamente e saiba consertar seus tropeços com atitudes corretas e acesso às possibilidades para tal, com liberdade de suas escolhas, com voz ativa e voz consensual, com inteligência, sem automação do jeito de ser, com plenos direitos e deveres. Não quero ser uma república de bananas, nem das bananas e nem a que dá bananas. Aliás, coitada das bananas, já em rota de extinção!




*Imagem do autor: Bandeira fictícia de uma república das bananas - termo pejorativo dado a qualquer país tropical (onde o cultivo da banana é possível), com instabilidade financeira, governo corrupto e sistema frágil. O termo original foi criado por um humorista norte-americano em 1904 quando de uma crítica ao governo de uma país da América Central, através de um conto ambientado nesse local e fortalecido pelas empresas americanas que "exploravam" frutas tropicais nesse local na época. Não me representa!