terça-feira, 11 de agosto de 2015

Nostalgia de ponta!

Coincidentemente me deparei com algumas situações parecidas nesses últimos dias. De um lado, ouvi ou li desabafos de pessoas nostálgicas, lembrando-se de coisas corriqueiras do dia a dia. Lembranças olfativas, auditivas, de paladar. 
Lembranças de cenários aconchegantes de nossa história que, mesmo que em segundo plano, ficaram registradas como referência, ponto de apoio, como marcos de momentos vividos. 
Penso e acredito que ter saudade seja saudável e a nossa gangorra emocional nos permite viver tais momentos juntos com muitos outros da nossa complexidade humana.
À medida que se envelhece, ou melhor, que se ganha maturidade e sabemos olhar para trás e reconhecer nossa história, sempre descobrimos ou deciframos algo. 
É como reler um velho e bom livro. Incrível essa possibilidade humana de processar isso tudo individualmente. E assim vamos pensando, pensando e pensando.....
Por outro lado, coletivamente, estamos sendo bombardeados com informações de tecnologias de ponta, de linguagem complexa: física, quântica, matemática, fórmulas que têm mostrado que nossos sonhos de ficção científica estão próximos de se tornarem realidade e que muitas delas não são agradáveis por não permitirem a continuidade da nossa espécie. 
Não que sejam alarmistas, mas que nos colocam diante de uma realidade nua e crua, que nos apresentam situações de irreversibilidade do nosso viver. 
Não digo pelo final cataclísmico projetado para daqui a bilhões de anos, mas sim pela condição atual de irreversibilidade a que chegamos por deixar "nossa casa" em condições próximas de impossibilidade de manutenção e continuação da vida (superpopulação, poluição, desgaste de recursos naturais, guerras, a própria mudança do planeta enquanto sistema em evolução...)

Pensar na realidade de um fim nos deixa frágeis. Sabemos que algum fim é nossa única certeza. Ser agente desse fim nos desestabiliza e nos faz nostálgicos. 
Em nosso pensamento pessimista (ele sempre vem primeiro), ficamos saudosos de um tempo e condições que não voltam mais, nem com a mais inteligente das tecnologias. Sentimos saudades de nós mesmos. Ressentidos, talvez, de não ter perpetuado aqueles bons momentos. Se temos a inteligência suficiente para criar a tal tecnologia, que saibamos administrá-la para entender que a nostalgia é um sentimento de algo que está num passado possível de ter seu conforto recriado para o nosso próprio bem-estar. 
Quanto às novidades bombardeadas, se forem decisivas, que saibamos viver nosso tempo. Bilhões de anos são suficientes para o aprimoramento da nossa espécie em outro grau e escala evolutiva. Quem sabe um dia, bem lá na frente, nostálgicos, iremos refletir sobre nossa preocupação de "ontem".

Nos vemos, nos lemos!


*imagem: Google: O pensador de Auguste Rodin