segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Let´s dance?

Nunca fui um grande fã do músico David Bowie. Não fui consumidor de seus discos, conhecia algumas de suas músicas, assisti alguns filmes, mas entendia perfeitamente sua performance camaleônica de traços kabukianos ou andróginos. 
Parecia querer mostrar uma não  rotularidade da música, abrir conceitos de como entender e fazer sons harmônicos que traduzem sensações e sentimentos longe dos padrões de um universo impositivo, cruel e capitalista como o mercado fonográfico. 
Entendia sua batida pop e dançante. Entendia sua veia artística ora como produtor, ora ator ( em filmes não muito bons de público e crítica), além de músico. Suas posições diante dos cenários geopolíticos que afetaram o mundo e marcaram o cenário musical dos anos 80, principalmente na Inglaterra dos andróginos, dos darks, dos punks, dos alternativos e mesmo dos non-senses. Mudanças de comportamento que afetaram toda uma geração mundial.
Entendia o que caminho que seguia, primando pela trilha fora dos holofotes, uma maneira tímida e restrita, sendo David Robert Jones.
Fora dos palcos e sets de filmagem era um cidadão comum ( para os seus padrões estabelecidos ), pai de família, com suas excentricidades e particularidades, seus altos e baixos. Qual pop star não foi vítima de escândalos, de paparazzi ou fofocas?
Um homem a frente de seu tempo, livre de rótulos, vanguardista, enigmático, incompreendido, talvez rebelde, com seus porquês justificados em sua maneira de cantar, produzir, entender e interpretar o mundo ao seu redor.
Não fez de sua doença um palco, tratou-a como algo de sua vida privada. Trabalhou até o final do segundo tempo da prorrogação lançando seu último álbum dois dias antes de sua morte.
Virou um Star Man ou mesmo uma pequena constelação, com estrelas tão distintas quanto suas aparências , que convida a todos a dançar.


foto: montagem do autor.