segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

...and the Oscar goes to.....

Não! Eu não assisti toda a entrega do Oscar. Domingo à noite! Segunda-feira batendo à porta e logo cedo pegando no batente; mas vi alguma coisa até por volta da 0h30 (o que não é muito).
De um lado, o canal GNT fazendo a festa do esquenta incluindo um “repórter” in loco no red carpet, gritando o nome das celebridades em meio a muita afetação ensaiada e frases prontas, comentários sobre o vestido de uma, os olhos arregalados pelas joias de outras, o certo e o errado da moda, uma ou outra curiosidade sobre os atores e filmes além de comentários sobre os bastidores do evento em relação aos não famosos (os que não são vistos na frente das câmeras, mas que também concorrem ao prêmio de iluminação, roteiro, figurino, mixagem, etc.) e também quanto os displicentes cartõezinhos (cola) com os nomes destes rolando nas mãos dos staff de produção! Tudo em clima de descontração de sala de estar capitaneada pela escolada Astrid Cabelo Rosa Fontenelle.
Já no E!, o mais famoso canal de fofoca e futilidades da tv americana, uma bancada de “celebridades” (que não conheço nenhuma) tagarelando sobre os mesmos comentários, com a vantagem de estarem no local em um estúdio e poder levar um ou outro convidado muito pouco conhecido para uma “entrevista”. Tudo isso envolto numa suruba de dublagem em cima do som original mais os comentários por cima dessas dublagens. Tinha momentos que mais parecia uma brincadeira do Casseta & Planeta (antigo humorístico da tv quando zombava de enlatados dublados). Tudo sempre igual. Dia claro, quarteirões interditados, um enorme tapete vermelho na entrada do teatro, uma fila de repórteres e jornalistas caçando uma olhadela dos famosos, limusines, celebridades desfilando os mais diversos estilistas de roupa, sapatos e joias, homens de preto em sua maioria e alguns que parecem não ter tido tempo de pegar roupa e se vestiram com o que restou do Natal, na dispersão de alguma escola de samba ou no guarda-roupa do vizinho. Afinal, ali é uma vitrine mundial e tendências são lançadas propositalmente. Vai que cola!!
Dona Globo transmitiu com sua tradução simultânea de praxe e seus convidados em estúdio. A participação da Glória Pires virou meme nas redes sociais e motivo de chacota. A atriz parecia não estar à vontade e chegou a afirmar que não tinha visto todos os filmes, causando cenas de constrangimento ao vivo, olhadas dispersas nos monitores, olhares de socorro para quem estava ao lado, coçando mãos e dedos, uma posição desconfortável, comentários lacônicos e vagos. Uma atriz do porte dela não pode ser exposta dessa forma, mas se foi chamada para tal, deveria ter feito a lição de casa. Muito diferente quando da participação do falecido ator e diretor José Wilker, reconhecidamente cinéfilo e conhecedor do assunto, assim como Rubens Ewald Filho, o mais famoso comentarista do país nesse quesito.
O óbvio e planejado aconteceu. Aliás, essa é a marca registrada da cerimônia de entrega do Oscar, uma festa milimetricamente marcada, onde até as falas tidas como naturais são textos decorados, com marcação de cena, tempo de agradecimento dos premiados e tudo mais. Pelas entrevistas, parecer haver uma eterna guerra de egos entre eles, pois todos são lacônicos ou têm uma resposta tangencial ou uma crítica incisiva, deixando os entrevistadores sem rumo, uns querendo ser melhores que os outros. Exceto pelo vi com a Whoopi Goldberg, que parece entender toda essa trama hollywoodiana do evento e ficar à vontade no meio das hienas.
O movimento feito anteriormente à festa em relação à mínima ou quase nula participação de negros nessa edição foi sufocada de alguma forma pela transmissão original. O Chile foi premiado e creio que milhões de americanos correram no Google para localizar nosso irmão sul americano, assim como a aposta do filme dinamarquês quanto à atriz coadjuvante também se concretizou e , enfim, para alegria geral de milhões de fãs, Leonardo di Caprio entrou para o hall dos melhores atores, depois de muita experiência e crescimento adquiridos na telona. E não foi fácil!
Fica para o ano que vem as mesmas expectativas criadas em torno desse evento onde filmes de muitos milhões de dólares causam espanto pela tecnologia utilizada e novas formas de direção, e criação. Países sem tradição no cinema concorrendo com seus filmes, documentários ou curtas. Trilhas musicais especialmente compostas sob encomenda, revelações coadjuvantes e surpresas técnicas, adaptações, figurinos e locações estudadas minuciosamente, além do despertar de um novo pop star diante de uma incrível atuação e transformação do artista, fazendo valer sempre a pena estar diante de uma incrível história nas telonas. "The Oscar goes to" nós mesmos que desfrutamos desses bons trabalhos.
Quanto à cerimônia, o modelo está ultrapassado, mas daí cabe à Academia dar um jeito nisso!
Nos vemos, nos lemos!


* imagem, invenção do autor