segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Musicalidade

Tenho visto, principalmente em publicações compartilhadas no facebook, muitas surpresas boas provocadas com o uso da música. Também tenho visto na TV, as dezenas de manifestações musicais que são tocantes. 
São muitos os programas de auditório  realizados pelo mundo, como o The Voice, The X Factor, Britain´s Got Talent, entre tantos outras e suas versões que circulam o mundo através das tvs e  redes sociais e que podem ser vistas aos milhares no youtube.
Incrível o empoderamento que a música dá, o que traz, o que provoca de emoção. Quem canta seus males espanta, quem canta reza o equivalente a 300 vezes. Parece sim ser a comprovação que a voz dos anjos (enquanto perfeição ) é musical. Como disse o músico Carlinhos Brown, é indiscutível o resultado que a educação musical proporciona às pessoas, principalmente às crianças (no caso em uma declaração no The Voice Kids Brasil). Parece que algumas vozes ecoam do passado como disse o técnico musical do BGT e parece que isso quer dizer algo.
Outros canais apontam algumas apresentações únicas como sendo manifestações espirituais, como a pequena holandesa que cantou sozinha uma canção gravada por nada menos que Maria Callas, ou atos de superação como a moça que não cabia em si de tanta vergonha e timidez e que soltou a voz numa interpretação de My Sweet Valentine ou mesmo a pequena e carismática menina que cantou graciosamente uma música de Chico Buarque e demais apresentações surpreendentes já viralizadas. Garotos pré-adolescentes que modulam e seguram o tom numa fase de mudança de voz e alcançam notas estratosféricas sem sair de suas zonas de conforto. Parece haver uma mudança na interpretação, na maneira de cantar. Vozes agudas, metálicas e alcances inimagináveis e vozes fortes, potentes e graves.
Não vou falar aqui do comércio, de pop stars, mercado fonográfico, música de massa ou hits sazonais sem conteúdo.
Falo da emoção natural do dom de cantar, do entender a musicalidade, de moldar aos limites naturais e fazer disso uma arte, de entender que voz tem poder, que se pode cantar bem sem ter uma extensão vocal como a de um tenor, barítono, soprano ou contralto clássicos. Falo de criar a própria técnica, criar  possibilidades próprias. Falo da emoção e arrepio que essas interpretações provocam. Fico pensando que quando o ser humano, lá nos primórdios da civilização, começou a entoar algo, a imitar os sons melódicos da natureza, fico imaginando como foi essa descoberta, o assombro que isso deve ter causado. De como foi a evolução até surgir o cantar, uma manifestação que vem se transformando tempo após tempo. A mescla desses sons com a criação de instrumentos e o casamento perfeito entre eles.

A música reverbera no cérebro da gente, parece coçar a garganta, o ouvido, atrás dos olhos, lá dentro na região do Tálamo, região Pineal, que mexe com a gente. Eu sinto isso, parece que, causa um curto, uma elevação química, eletromagnética, que franze a testa, provoca contorções, arrepios  e caretas como se o músculo quisesse alcançar as notas (por isso entendo as caretas de músicos solista quando de apresentações). Como se o corpo quisesse desenhar a linha melódica. Quando se canta ou acompanha uma dessas apresentações emocionantes, parece que se desliza numa estrada fictícia e que ali estão seus limites de altos e baixos de onde pode ser livre e brincar sem erros. Sei que é uma figura de linguagem usar isso, mas é como percebo a música, por isso que uma bela canção nos faz “viajar”. Que nós possamos espantar nossos males sempre mais.


*imagem: Google free pic