sexta-feira, 6 de março de 2015

Herói Cobrado

Numa conversa com um amigo, profissional da área de tecnologia da informática, me falando sobre suas experiências nas mais diversas e grandes empresas desse ramo ou que se utilizam dessa ferramenta (quem não utiliza informática hoje em dia?), fiquei sabendo de uma guinada que ele mesmo se deu de presente.
Isolou-se, desplugou-se do mundo! Não pirou não, creio que tenha feito isso  para não pirar! Durante um ano, abriu mão do trabalho, da tecnologia, de ficar preso ao relógio. Permitiu-se ver o pôr do sol, andar descalço na grama, tirar uma soneca após almoço, caminhar sem destino, sentir o vento na cara, chupar uma mexerica sentado na porta da cozinha. Desintoxicou-se dos desmandos, das carteiradas, da pressa, do “prá ontem”, do crachá, do login, da senha. Se permitiu a dar um tempo, de maneira planejada, claro, e poder ver algum sentido. Leu, rezou, curtiu família, amigos e percebeu que muita coisa tinha deixado de lado em função do excesso de trabalho.  Muito pouca gente tem essa possibilidade de desprendimento, de saber ver e dosar os dois lados para chegar num equilíbrio pessoal, religioso, profissional, amoroso, de achar um ponto de equilíbrio.
Fundamental, pois um desequilíbrio em qualquer esfera pode desencadear um efeito dominó com consequências nada agradáveis. O mundo é feroz e já sabemos. Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come! Come, arrota, cospe e diz que não está bom!!
Dentro de um ambiente empresarial sério, onde metas, ações, programações e resultados são divididos, onde há colaboração e cooperação de todos, os resultados e o ambiente são saudáveis. Se a escala hierárquica souber respeitar a linguagem de cada setor, se o superior imediato souber o trabalho da posição anterior à sua e a sequência do andamento, torna o trabalho mais fácil. Saber enxergar como a engrenagem roda é fundamental para um bom desempenho. Isso gera resultados mais rápidos, maior colaboração, maior força e consequentemente maiores e melhores resultados.
Fala-se tanto em “vestir a camisa” e “mais um prá somar” e se esquece que a elegância e o conforto estão numa “camisa” sob medida, nem larga, nem apertada. Se esquece que para somar são necessários outros elementos e que a soma desses gera o resultado. Não existe construção sem alicerce. Pilar único não contribui em nada! É preciso pôr a mão na massa. Receita no papel é uma coisa, na prática é outra. Intenção sem ação é igual a nada.
As batalhas aumentam e o número de soldados no front diminui. Assim com também diminuem as armas, as munições num ritmo inversamente proporcional às cobranças.
E prá que se deixar envenenar quando o trabalho não permite a isso? Quando o ambiente é hostil, quando não há comprometimento, não há respeito pelo o que o outro faz? Engrenagem banguela não roda! Tem que partir prá outra. Tem que se sentir útil, ver resultados, investir em novas possibilidades, em se sentir crescendo!
Talvez muitos outros setores (de todas as áreas e segmentos) do mundo, desse mesmo mundo de come e cospe, precisam se permitir a um break. Uma pausa programada. Levantar a cabeça e olhar ao redor, abrir uma janela, se permitir a possibilidades.
Que sorte saber que alguém já fez isso, ou teríamos um profissional a menos nessa frieza que o mundo se impôs e se impõe. Uma andorinha só não faz verão, mas se não houvessem os verões, não haveria nada, quem dirá andorinha?


Nos vemos, nos lemos!






*imagem Google: Cena do filme "Tempos Modernos" de Charles Chaplin