segunda-feira, 20 de março de 2017

Fé cega, vaca atolada, vida de gado!

alimentos, imagens free Google
Fomos surpreendidos pela divulgação de uma ação da polícia federal que deflagrou um esquema de não cumprimento das normas de higiene e corrupção envolvendo grandes frigoríficos e empresas milionárias de processamento de alimentos de renome nacional. São esquemas que revelam pouco caso com a saúde pública e compra de laudos da vigilância sanitária fazendo vistas grossas aos procedimentos obrigatórios dessas empresas que produzem alimentos industrializados em nome de mais lucro! O susto foi grande e chegou à mesa do brasileiro. Embrulhou o estômago! Revoltante!
Isso levantou suspeitas e ressuscitou antigos fantasmas em relação à produção desses alimentos, deixando a população indignada, mais uma vez, com o descaso e desrespeito para com a saúde pública. Dessa vez, a nuvem negra paira sobre o processamento de carnes diversas para produção de alimentos prontos, principalmente carne bovina e aves, incluindo o uso de produtos químicos em excesso para dar melhor aspecto a carnes mais velhas, vencidas ou mesmo em estado de apodrecimento e uso de carnes contaminadas na preparação de embutidos. Fora a contaminação por salmonela que, em alguns casos, pode ser fatal ou mesmo deixar sequelas irreversíveis!
Infelizmente, não é a primeira vez que somos enganados. 
Além de já termos sidos vítimas do leite integral misturado com soro, soda cáustica e água oxigenada, há ainda o caso de muitos outros produtos industrializados que não são nada benéficos para o consumo humano. A lista é grande: refrigerantes que causam câncer, sucos industrializados  com excesso de açúcar, extrato de tomate deteriorados, embutidos feitos com misturas nada saudáveis de restos de animais, papelão e massas químicas que permitem uma vida mais longa nas prateleiras dos supermercados, alimentos com excesso de sódio, entre muitos outros que também têm o folclore por trás de sua origem, como a margarina que teria sido criada para engordar aves para abate, iogurtes que são produzidos com reaproveitamento de leite além do ponto saudável do consumo humano, produtos com colorantes e conservantes cancerígenos e uma lista enorme de alimentos contra indicados para o consumo como o pó de café com maior concentração de cevada, de cereais e grãos em que se permite uma concentração mínima de insetos e pelos de roedores, do requeijão feito com massa de amido, das cervejas feitas com pouco malte e alimentos com excesso do maior vilão da saúde pública mundial: o açúcar refinado! Responsável direto de muitos casos de doenças, pois sua fórmula refinada, recheadas de elementos nocivos à saúde se faz presente nos casos de obesidade, envelhecimento precoce, pressão alta, deterioração dos dentes, disfunções hormonais e mais uma grande lista interminável de patologias que têm o doce açúcar como agente de sua manifestação pelo seu consumo. 
O açúcar está presente em quase tudo que consumimos de origem industrial, basta ler o rótulo. O vilão branco divide esse reinado com o sódio na colaboração em outras doenças crônicas do homem moderno.
E não para por aí. Há ainda os casos de estabelecimentos que mascaram seus produtos, que manipulam inescrupulosamente alimentos, que remarcam prazos de validade, que desligam frigoríficos à noite como medida de economia de energia, que fabricam produtos com itens vencidos e expostos às sujeiras de roedores e outros insetos (moscas, baratas e formigas) que são comuns em locais de armazenamento de alimentos. Como se não bastasse, quem não se lembra da vaca louca, da peste suína e da gripe aviária? Outro fator que é somatório dessa imensa engrenagem e, infelizmente, largamente praticado por todos nós: o desperdício!  
O grande volume de alimento desperdiçado é proporcional ao grau de desenvolvimento das nações e contraditoriamente atenderia as populações abaixo da linha da miséria em outros países que sucumbem à fome, lamentavelmente!
Há ainda uma infeliz coincidência do aumento, em larga escala, de casos de câncer (curiosamente dos órgãos do aparelho digestivo), principalmente na população de países mais industrializados, fazendo uma ponte entre o consumo desses produtos inadequados e o aparecimento dessa terrível doença. Tal coincidência, levanta discussão sobre uma outra manobra comercialmente mundial de descaso para com a saúde do ser humano que é a manutenção das grandes empresas farmacêuticas com a NÃO declaração da cura de determinadas doenças, a fim de manter a sustentabilidade financeira desses impérios bilionários de medicamentos, sempre envolvidos em escândalos.
Voltando a falar do problema dos alimentos, essa indústria é um dos pilares da frágil e depauperada economia nacional, corroída pela imoralidade da corrupção crônica e que sobrevive nesse mercado por ser um dos maiores exportadores mundiais. Mercado que tem as pontas do seu tapete nas mãos de outros grandes produtores prontos a dar uma ajuda diante de qualquer maior deslize para tomar seu lugar. São responsáveis por uma boa fatia da riqueza nacional e empregabilidade de milhares de pessoas nos mais diversos setores. Se a ação policial originou de uma investigação dessas grandes empresas ou do desentendimento de um pequeno ramo dessa atividade, é um verdadeiro tiro nos dois pés de sua sustentabilidade e um tropeço gigantesco para a economia nacional num cenário nada agradável diante do mundo em função dos megaescândalos financeiros e fragilidade da política atual. Ações despencam rapidamente, aumentam o descrédito nas empresas brasileiras, empresas sem poder escoar produção amargam prejuízos, demitem em massa, encolhem financeiramente.
Tal fato, aumenta o descrédito dessa população para com todas as instituições que regem nossas vidas, seja no setor político, educacional, da saúde, entre tantos outros.
Um mal-estar que se manifesta apenas na forma de riso da própria desgraça, através de viralizações bem-humoradas pelas redes sociais sem uma ação mais contundente, séria, pensada e realizada por parte da população que deveria reclamar e fazer valer seus direitos. Situação verdadeiramente preocupante que ainda não conta com melhores esclarecimentos da mídia.
Enquanto isso, países consumidores mais sérios, cobram do Brasil uma explicação detalhada do ocorrido. Outros cancelam importações de carne e seus derivados processados, como parte desse jogo mercadológico, causando prejuízos bilionários ao nosso País e, claro, deixando para o consumidor final liquidar essa conta.  
O que era prá ser o celeiro do mundo, se afoga num lamaçal de escândalos, corrupção, pouco caso, assinando atestados de incompetência perante o mundo. 
Dessa forma, como maneira de fazer dinheiro e sustentar seu castelo de cartas, o país se entrega a outro fantasma antigo, que se aproveita dessa fragilidade e da ganância para comprar recursos naturais que são do nosso povo como petróleo, água potável, medicina natural da Amazônia, entre tantos outros que formam a nova sesmaria das terras tupiniquins. 
Yes, nós somos bananas!


quarta-feira, 8 de março de 2017

Queixa! Para o Dia das Mulheres



Queixa - Caetano Veloso

"Um amor assim delicado 

Você pega e despreza
Não devia ter despertado 
ajoelha e não reza

Dessa coisa que mete medo 
Pela sua grandeza
Não sou o único culpado 
Disso eu tenho a certeza

Princesa, surpresa, você me arrasou
Serpente, nem sente, que me envenenou
Senhora, e agora, me diga onde eu vou
Senhora, serpente, princesa
Um amor assim violento 
Quando torna-se mágoa
É o avesso de um sentimento 
Oceano sem água

Ondas, desejo de vingança 
Dessa desnatureza
Bateu forte sem esperança 
Contra a tua dureza (Refr.)

Um amor assim delicado 
Nenhum homem daria
Talvez tenha sido pecado 
Apostar na alegria

Você pensa que eu tenho tudo 
E vazio me deixa
Mas Deus não quer que eu fique mudo
E eu te grito esta queixa!"

terça-feira, 7 de março de 2017

Fora do tom!

imagens Google free pic - montagem do autor
Há alguns dias tem um assunto que tem sido corriqueiro com meus amigos. Quanto à qualidade das músicas atuais, sempre que ouvimos alguma das boas músicas com mais de 20 anos. Não que seja um comentário geral, pois ainda há poucas criações boas e de qualidade, independente do gênero musical, mas é fato que a produção musical mundial parece ter adotado um único estilo cansativo e impessoal.
Falo isso pela qualidade musical dos bons tempos em que a música tinha letra, intérprete, uma boa cozinha, solos trabalhados. Houve a época dos sintetizadores, das baterias eletrônicas, das guitarras esgoelantes, das percussões, da mistura de estilos, das influências e das descobertas de ritmos regionais que ganharam o mundo. Havia o protesto, a reivindicação, a fossa, o amor cantado, a filosofia, a palavra de ordem, o deboche, o amor baba ovo, o bate coxa, ritmos dançantes, as modinhas, época de expoentes da música nacional e internacional.
Vou falar figurativamente: É como se as tendências e estilos musicais fossem gelatinas coloridas de diferentes sabores, misturada num grande recipiente, mas cada qual com sua proposta particular. A popularização, a mistura, as novas tendências e o fruto das misturas de muitos ritmos vieram como se fosse um creme para unir esses sabores diferentes, com intuito de criar algo novo, de deixar tudo junto.
No início funcionou, mas parece que o creme estava quente demais e acabou por derreter algumas gelatinas mais sensíveis ou menos consistentes e misturou tudo, fazendo com que perdessem textura, sabor e até mesmo a cor, e o excesso desse líquido fez o pote transbordar, deixando prá trás um mix estranho, com uma cor  indefinida, mistura de sabores, sem características próprias. Não que tenha perdido o sabor original, afinal ainda é considerada gelatina (música), mas não agrada a todos, tem quem coma por comer, quem coma em qualquer ocasião, tem quem não goste da aparência, tem quem não veja como tornar esse produto pronto para servir, tem quem não goste da mistura de sabores, tem quem ache que perdeu a graça e que ainda até esse momento não houve um boom de imaginação e criatividade que pudesse transformar esse produto em algo mais palatável, agradável ou mais original.
Acredito que o boom de possibilidades surgidas nos anos 80 esteja longe de se repetir, quando o mundo era um caldeirão de bandas, cantores, compositores, músicos, com qualidade de letra, de música, de harmonia, de bons sons, feitos à mão, com pouca ajuda das intervenções eletrônicas que, naquele momento, não substituíam o elemento humano e que nunca terá a sensibilidade e criatividade suficiente para criar e dar vida à emoção arrepiante que algumas canções causam.
Por isso vivemos um momento de grande saudosismo, de revival, de resgate de músicas daquela época, mesmo com suas regravações, releituras por artistas mais novos, mas que entendem a necessidade de se perpetuar o grande estouro que houve nessa década. Claro que ainda resistem e existem grandes figuras que criam como se bebessem da mesma antiga fonte , mas estão ficando escassos. Até que um novo grande evento aconteça, antes que a sobremesa acabe, antes que o mar suba, antes que o meteoro se choque, antes que o ar fique rarefeito, antes que o agente dessa criação se extinga.

Nos vemos, nos lemos e que possamos curtir em alto e bom som!