sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Sub medida!

etiqueta - imagem Google free pic.
Um artigo fala sobre o empoderamento das pessoas que se reflete nas grifes famosas (e caras) das roupas que usam à exaustão em suas aparições públicas. Fala de uma marca criada por um americano de origem humilde e imigrante que venceu na vida no país das oportunidades e que se tornou sinônimo de bom gosto e marca de uma Nação. Críticas à parte, até mesmo porque meu entendimento de moda e grife são tão simples quanto um corte de chitão, consigo enxergar que existe um código de conduta cheio de significados. Não é uma moda que é usada apenas com o sentido de vestir uma boa roupa ou estar updated com as tendências fashions  (de estar na moda, digamos mais simplificadamente), mas sim para passar e reforçar muitas mensagens, de se impor em patamares distantes da realidade da grande massa. Em alguns casos, uma ostentação discreta (se é que é possível tal antagonismo).
Em se falando do tal país das oportunidades, agora em época pós eleições ocorridas lá e após muito discurso feito contra algumas minorias, chega-se a outro ponto curioso nesse antagonismo citado:
Como já dito sobre a origem do referido estilista, acredito que ele soube driblar um sistema feroz, que deve ter caminhado sobre tapetes com pontas sujas de muitas mãos prontas a puxá-lo, que defendeu seu quinhão rumo ao sol da prosperidade, que deve ter batido a cara em muita porta, pisado em outras pessoas já vestido com a crueza e frieza de alguns degraus acima nesse caminho do sistema imposto, agora se torna cúmplice de uma imposição ideológica. Agora que ele faz parte do rol dos detentores do poder econômico e político, pode ver sua criação usada como “uniforme” pelos pseudo semideuses desse panteão.
Os produtos de outras, grifes e seus conceitos, criados com o intuito de embelezar as pessoas, passam a ser preteridos em função de permitir que as mensagens subliminares de poder e conduta sejam explicitamente expressas por outras grifes que atendam mais completamente um formato estabelecido, tudo através de uma etiqueta, de um logo (conceito). Essa comunicação visual passa a ser percebida, notada, reverenciada, idolatrada por muitos e consumida por poucos que têm condições de comprá-las.
O mesmo sistema que enaltece e abre lugar ao sol aos vencedores é o mesmo que encobre e sufoca uma grande parte de uma população que trabalha com o objetivo de chegar ao mesmo local ou de, pelo menos, conseguir respirar mais aliviado, mesmo que em outros patamares.  A verdade é que não lugar há para todo mundo, não são criadas chances de crescimento por igual. Essa é a engrenagem que rege o mundo, que cada vez precisa de mais sustentadores dos pilares desse panteão. O futuro desse cenário pode piorar e coloca essa sustentabilidade em cheque, uma vez que se menospreza e proíbe o trabalho dessa base, que se corroer......  Num passado, não muito distante, a absorção dessa mesma mão de obra foi aceita, comemorada e acalentou o sonho de muita gente de lá e de fora. Criou-se uma fantasia de uma terra com um sistema sólido, que historicamente sabemos, foi construído sobre ruínas de pessoas, povos, nações, ideologias e imposição de poder seja de forma armada, financeira, seja ideológica.
Curioso que tudo isso gerou uma uniformização do sistema, de como agir, de como se identificar, do modo de um pensar, tais e quais as roupas criadas pelas empresas de moda que refletem esse pensamento em suas etiquetas. Quem detém essa rédea precisa se cristalizar na fala, na conduta, na vestimenta, precisa se robotizar para não amassar a imagem! Até que a próxima estação e coleção estejam prontas!

E tudo isso porque nascemos nus. Nos vemos, nos lemos!