sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Palhaçada!!!!!


Horny, the Clown  - personagem do filme  Drive Thru: Fast Food da Morte
O tal do ser humaninho surpreende! Existe uma febre que quer se tornar mundial, viralizando, que é a aparição de palhaços em locais estranhos, de forma nada amistosa, assustando muita gente. As polícias dos Estados Unidos e Grã Bretanha têm tido trabalho extra na captura de muitos desses "palhaços" causadores de tumulto, depredações, assaltos e violência física. Há um medo se generalizando, pois a população não sabe o que esperar da reação dessas figuras soltas pelas ruas.
Existe uma fobia específica para quem sente medo de palhaços. 
A coulrofobia descreve um pavor que acomete algumas pessoas quando se deparam com o clássico palhaço de circo: nariz vermelho, cara pintada, cabelos coloridos em tufos e roupa espalhafatosa, imagem que também é divulgada em massa pela mídia por serem marcas de produtos ou personagens famosos de programas de TV. 
Fobias são distúrbios que causam sintomas físicos bastante distintos, como taquicardia, tontura, suor excessivo e falta de ar. Muita gente descreve receio ou desconforto diante de palhaços. Esse medo está conectado com a origem do humor praticado por esses comediantes (Palhaços surgiram nos circos como um recurso de “alívio cômico” aos atos perigosos envolvendo animais, fogo e acrobacias. Uma arte perturbadora). Essas manifestações causadas pelo medo, trauma ou outra ação são existencialistas e cada indivíduo processa de forma distinta um do outro e há de se levar em conta a contextualização dessas manifestações para explicá-las e entendê-las.
Apesar de alguns avistamentos em terras tupiniquins, existe uma relação diferente com a figura do palhaço, pois para nós, esse também é mais um personagem do Carnaval, onde a permissividade é fator cultural. Há de se lembrar da imagem do Clóvis (que veio da palavra clown - palhaço) ou Bate-bola, personagens chatos e inconvenientes dos carnavais de rua. Há de se levar em conta a imitação, a prática do que é contrário ao bom senso comum, o modismo de ser diferente e transgressor sem ter embasamento de nada.
Em se falando em cultura, percebo que nos povos dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia (onde foram registrados atos violentos com pessoas travestidas de palhaços) e outros países de origem direta e ou indiretamente saxônica, há um ponto de em comum com personagens que caracterizam seus medos e angústias, uma mistura sombria, que tem muito a ver com suas lendas ancestrais e o clima mais frio dessas origens.
Saxões eram povos que habitavam a região da atual Alemanha e migraram para a Grã Bretanha na Idade Média e depois de muita batalha e dizimação de alguns povos, em busca de terra boa, se fundiram com os anglos, formando os anglo-saxões. A Idade Média também foi marcada pelo pavor real e em massa da peste negra.
Posteriormente foi a Grã Bretanha que ganhou os mares, descobriu e colonizou os Estados Unidos, Canadá e depois a região da Oceania, daí o traço cultural comum desses povos.
Há de se pensar que o medo é personificado de forma não humana e com algum elemento que o dê poder e força, que aumente o medo por ele imposto.
Tudo que é exagerado, que foge do padrão comum, pode assustar, como a roupa colorida e espalhafatosa do palhaço, como o chapéu grande, a roupa rasgada e a cara feia das bruxas, o fedor dos capetas, os tamanhos dos elfos, gnomos, pés grandes e outros monstros, com os vários formatos de bichos papão que recheiam o folclore mundial. 
No folclore brasileiro temos a Mula Sem Cabeça, o Saci, o Boi Tatá, até mesmo a bela Yara Mãe D´água, que atrai pelo canto, o Boto Cor de Rosa, entre tantos outros personagens que usam disfarces para agir.
O disfarce ainda é elemento para quem quer se esconder para realizar algo ilegal. 
Historicamente temos o Cavalo de Troia, o capuz dos carrascos das guilhotinas, o disfarce da Ku Klux Klan (movimento extremista, racista e reacionário surgido nos EUA) , bem como os rostos tampados das rebeliões de presídios e mais atualmente as famosas máscaras das manifestações sociais e políticas do País.
Nesses "ataques surpresas", os "disfarçados" aproveitam desse medo comum das pessoas para a prática de seus atos, seja o bullying, por provocar e mexer com o medo inconsciente ou mesmo a surpresa de algo mais violento, pois esses indivíduos se aproveitam do disfarce, tentando esconder sua verdadeira identidade e personalidade debaixo de uma fantasia, o que também é uma demonstração de algum distúrbio! Vivemos um momento de circo de horrores.
E já há quem esteja indo às ruas, também disfarçado, para combater esse "crime". Parece que estamos em um filme de ação dos anos 70. Não se assuste se ver a luz de um holofote nos céus com a marca do morcego rsrsrs.
Por outro lado, e seriamente,  há muitas outras pessoas que amam e adoram a figura do palhaço por ser ela a imagem de transgressão permitida, da liberdade, de fuga do padrão comum, de vivenciar a simplicidade, a pureza, da graça, da caracterização da alegria, sentimentos muitas vezes, mascarados por nós!
Nos vemos! Nos lemos!