sexta-feira, 10 de junho de 2016

Pula a fogueira Iaiá!

Bandeirinhas de Festas Juninas
Se tem uma tradição que tenha um sabor bem marcante, essa é a tradição das festas juninas.
Enraizadas na cultura brasileira, essa festa medieval em louvor aos santos católicos Santo Antônio, São João e São Pedro ainda absorveu elementos europeus e da nossa base indígena em utilização de muitos alimentos usados por nossos antepassados: mandioca, amendoim e milho, principalmente.
Com o passar dos anos e com as transformações que acontecem em festas milenares ao agregar elementos do local onde é praticada, as festas chegaram a padrão de realização de hoje com muita boa comida, roupas coloridas, quadrilha, fogueira. Como se fosse uma festa de casamento realizada na roça com muita música formada por tocadores de violão e sanfona, com dança, boa comida feitas com produtos cultivados nesses locais e bebida feita com variações de vinho e cachaça artesanal, basicamente é o contexto da festa. Realizada em via pública com decoração simples, colorida e com uma grande fogueira para esquentar as noites de inverno. 
A figura do caipira é fortemente marcada como indivíduo simples, que preza a palavra dada, fiel a seus princípios e religiosidade.
Não há quem não comemore, pelo menos, uma dessas festas. Vale lembrar que os santos são padroeiros de muitas cidades do país. Apesar de regionalização e institucionalização da festa em alguns lugares, o básico é mantido e fortalece essa tradição, que é muito difundida nas escolas, bairros, condomínios, clubes, agremiações. 
Evento que se torna uma boa fonte de renda com a gama de possibilidades culinárias que podem ser oferecidas: Bolos, doces, pratos salgados, bebidas, elementos incorporados ao longo do tempo que se tornaram parte do cardápio. Dança coreografada, shows pirotécnicos, música de raiz e até mesmo versões mais modernas são elementos fáceis de se encontrar nessas festas.
A tradição é tão forte que, para atender o calendário de todos os grupos que a realizam, algumas festas se estendem para o mês de julho, sendo chamadas de julinas.
Há quem não considere o termo, pois a festa é uma celebração aos santos referidos e nenhum deles é comemorado em julho.
Há quem considere o termo festa julina e o aceite apenas como menção ao mês de realização do evento.
Há quem comemore como junina sem se importar a data em que se realiza a festa.

Olha pro céu meu amor e veja o balão subindo, o céu estrelado antes da garoa cair, arranja matrimônio e vem dançar forró e pular a fogueira em frente a capelinha de melão.  Se tem cobra, a movimentação espanta. Se o noivo fugir, a polícia pega. Se chover, é passageira. Se a ponte quebrar, a gente continua a festa até o sol raiar. Anarriê e Alavantur!
Nos vemos, nos lemos!

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Ideias que voam....

"Flying Contraption" por Joel Robison
Algumas postagens atrás, eu falei da sensação de estar escrevendo um livro. 
Quem me acompanhou pelas redes sociais pode ver a realização disso e até algumas explanações quanto à ideia original. Quando do processo de impressão do livro "Guarda-Chuvas & Bicicletas" (Editora Penalux 2015), passei a ideia que tinha sobre a capa para o artista gráfico da editora que fez, modéstia à parte que me toca, um belo trabalho. 
Hoje, coincidentemente, encontro uma imagem que representa exatamente a minha ideia original. 
Depois de uma informação mais precisa, descobri que o autor da foto se chama Joel Robison, artista canadense, de 31 anos, que atualmente mora no Reino Unido. 
Seus trabalhos conceituais já foram utilizados por grandes empresas ao redor do mundo em suas propagandas como Coca-Cola, FIFA, Yahoo, PhotoNews Canada, entre outros. O artista também já iniciou mais de 200 crianças de 7 diferentes países em workshops na arte da fotografia. "Meu interesse em contar histórias e auto-expressão através da arte é o que me motiva a criar e compartilhar meu trabalho com pessoas em todo o mundo." é o que diz em seu blog http://joelrobison.com/. 
Uma sensibilidade e criatividade muito do bem. Suas fotos pareces imagens de sonhos e cativam quem as vê!
Nos vemos, nos lemos e até nos fotografamos!

quarta-feira, 8 de junho de 2016

perplexidade

Escultura hiper realista de Ron Mueck (escultor australiano).
Já pararam para pensar que vivemos uma era de perplexidade? 
Basta olhar ao redor e ver quantos fatos e acontecimentos nos deixam boquiabertos, principalmente por serem inéditos ou, ao menos, levado ao conhecimento de massa! 
Em épocas de redes sociais e comunicação instantânea corre como rastilho de pólvora. Vale lembrar, mais uma vez, que é sempre prudente verificar a procedência e a veracidade das informações.
Alguns tópicos eu já mencionei aqui algumas vezes e continuam vindo à tona em determinados momentos e ganhando a luz dos refletores enquanto outros caem no esquecimento depois de um longo tempo de ribalta.
As redes sociais são locais fáceis de veiculação desses fatos onde são replicados à exaustão. Já cansamos de ver cenas de assassinatos, roubos, depredação, violência contra mulheres, crianças, idosos, portadores de alguma necessidade especial, animais e ao meio ambiente.
Já vimos cenas de destruição por fogo, terremoto, vendaval, chuvas torrenciais, granizo, tsunamis, lava fervente escorrendo, avalanches, desabamentos, acidentes incríveis com carros, trens, caminhões, ônibus, aviões, helicópteros, atropelamentos, explosões, entre tantos outros fantasticamente falando. Desastres naturais de diversas formas e outro provocados pela má ação do Homem. Já tivemos à beira de uma catástrofe nuclear, lembram?
Também vemos ações inesperadas de solidariedade, compaixão, ajuda ao próximo, união em favor de propósitos comuns, manifestações contrárias a qualquer forma de instabilidade social, busca de saídas alternativas para as mais diversas situações.
Ultimamente, diante dos muitos escândalos e delações dos nossos digníssimos representantes, um outro festival de acusações, mentiras, situações desmentidas escancaradamente, xingamentos em plenários é que têm deixado a população em geral mais perplexa.
Perplexa por saber que roupa suja se lava da mesma forma, seja na beira do rio, seja na mais moderna lavanderia. Tiraram a máscara de que o cenário onde tais fatos acontecem seja um local de maior respeito, de linguajar mais apurado (pelo menos tanto quanto os textos ali produzidos), um local de melhor nível geral. Mas não! O palavreado baixo, os palavrões e o cinismo mostram que somos iguais perante a lei, onde quer que estejamos. Caiu a máscara, o disfarce.  A “casa grande” fala tal qual a "senzala". Creio que essa a maior das perplexidades expostas. Falo de casa grande e senzala porque é o nosso trabalho que se sustenta a casa grande, de onde se espera que se tenham propostas decentes de melhorar nossa condição de vida.
Não há refinamento do produto. Tudo fubá grosso! No extremo oposto da cadeia, isso gera um sentimento onde cada um é dono de sua verdade e cada qual  cria leis de acordo com suas ideias e propósitos. Isso é prejudicial ao “todo”. Isso beira uma anarquia de informações e as ações decorrentes de todo esse desmando gera as mais perversas formas de violência que já tenhamos presenciado, deixando-nos mais perplexos e amedrontados com o rumo dessa falta de controle. As ações violentas passam a ser banais e veiculadas como prêmio ou mostra de algum poder, da subjugação.
Algo sensato, ponderado e firme precisa ser feito! Punições cabíveis, mudanças estratégicas das formas de liberdades e forma de punição legais. Precisamos, urgentemente, de uma forma para mudar o caminho de desumanidade que estamos trilhando. Algo novo e bom, que cause tanta perplexidade quanto as que temos tido ultimamente.
Nos vemos, nos lemos!


terça-feira, 7 de junho de 2016

Jogos no Tom certo!

Tom & Vinicius - mascotes dos Jogos Olímpicos Rio 2016 * imagem Google
Não estamos atravessando o melhor momento político e econômico no País e ainda sofrendo todas as suas consequências na vida social, mas nem por isso, podemos deixar o caldo desandar.
Tenho visto muita desaprovação da realização inédita e histórica das olimpíadas no Brasil. Acredito que parte do descrédito seja em função do péssimo legado da Copa do Mundo e o nada gratificante 4º lugar na classificação geral! Além disso, o descontentamento com os bilhões de reais investidos em elefantes brancos defeituosos, obras superfaturadas e outras mazelas corruptivas em decorrência da realização do evento em nosso país e o esquecimento de outras áreas de importância na sustentação da sociedade que são deixadas de lado. Não posso fechar os olhos para isso!
Por outro lado, não podemos baixar a cabeça diante de alguns atropelos e, como se fosse um estímulo, a realização dos jogos olímpicos na terra brasilis é também uma questão de soberania para nós mesmos. Para o país, que apesar de tudo, ainda é uma das grandes potências do mundo, tem produção de escala mundial, avanços tecnológicos e de conhecimento entre outros fatores que estão encobertos pela nuvem negra da vergonha da corrupção exposta, mostrando a cara de todos os ratos envolvidos.

Mas ainda há algum domínio, algum poder, que pode ser demonstrado na forma de conquista dos atletas envolvidos, reforçado por outros atletas paraolímpicos em sua superação. Mostrar que o esporte é uma forma de reeducação, de disciplina, de conquistas, objetivos e metas. Um caminho válido a ser seguido. Apesar de alguns fortes pesares, toda uma Nação está imbuída de um sentimento positivo único voltado para a satisfação em massa, benéfico, mexendo com a cadeia vibratória do pensar brasileiro. De mostrar que somos um povo que sabe passar pelas adversidades sem deixar de ser cordial e profissional no trabalho direto ou indiretamente com a realização do evento mundial, que tem vergonha da baía poluída, que tem vergonha do descaso público, da falta de incentivo ao esporte, mas que não deixa de lado a consciência que podemos ter atitude, fazer um evento de escala mundial, fazer valer a nossa cidadania e mudar o perfil do brasileiro. Não seria de bom tom cancelarmos o jogo em cima da hora. Não seria educado desejar o apagamento da tocha que traz a chama, um elemento básico à vida e um dos símbolos da superação humana desde os primórdios. Não seria inteligente desligar-se do mundo justo num momento em que o mesmo mundo clama por união. Os expectadores não têm nada a ver com a crise interna brasileira, nada a ver com a sujeira da nossa lavanderia. Que saibamos ter jogo de cintura e enfrentar esse leão. Que saibamos, como lição de cidadania, receber, fazer bonito, participar, aplaudir quem conquistar medalhas e, ao fim do espetáculo, que voltemos o pensamento e principalmente as ações para arrumar a casa depois da festa.
Nos vemos, nos lemos!

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Terra: um zoo nada lógico!

A semana foi marcada por um turbilhão de informações que deixaram as pessoas com nó na cabeça e fizeram escapar comentários favoráveis, contrários e mais um outro tanto de besteiras infundadas e o clássico vomitório daqueles que apenas marcam participação na discussão sem qualquer embasamento mínimo.
Repito, como em outras postagens, que estamos num rápido processo de madmaxização da sociedade mundial, onde o futuro não é nada promissor, quando haverá escassez do mais precioso bem que há sobre esse planeta: o Ser Humano! Mad Max foi uma série de filmes iniciados no começo dos anos 80 que conta uma saga pós apocalíptica, de um futuro não muito distante, do estabelecimento de poderes anárquicos a qualquer custo.
O cenário político do Brasil não é dos melhores e estamos pagando muito caro pela falta de credibilidade diante do mundo, uma crise econômica e social corroendo as entranhas estruturais desse imenso País, uma crônica e cultural falta de responsabilidade e honestidade por parte dos políticos que representam a população, muito achismo, falácia, nenhum critério, seriedade ou comprometimento. Rotos falando de esfarrapados. Ratos brigando com cobras. Um ninho de mafagafos em que todos têm o rabo preso e a cada dia a confirmação que tudo faz parte de um imenso esquema armado para enriquecimento ilícito, favoritismos, protecionismos; comportamentos típicos de quadrilhas que perdem a noção de moral, ética, discernimento e vergonha para se sustentarem, sejam situacionistas ou oposição. Enquanto isso, a tecla “pause” do País está acionada.
A corrupção é algo tido como cultural de nossa formação enquanto povo, desde a chegada das caravelas. Tão enraizada quanto à cultura de que uma determinada lei "não pegou"! Ela não está sozinha, pois outra “cultura” ganhou destaque essa semana e questionamentos que ampliam o leque de discussões. Um estupro coletivo filmado e divulgado em redes sociais levantou mais uma vez a lebre da discussão sobre crimes cometidos contra as mulheres. As investigações continuam e, tal como todo crime, deve ser punido com rigores nas formas da lei. Porém, mostrou uma série de posicionamentos onde é visível alguma “aceitação” da tal prática com defesas absurdas em que a vítima passa a ser o algoz e os algozes apenas cumpriram o papel de gênero da espécie. Embora muita coisa precisa ser esclarecida, o ponto crucial é o ato do estupro, que não deve ser permitido sob hipótese alguma.
Um descuido e uma criança cai no fosso da jaula de um gorila num zoológico americano. Por decisão dos tratadores, com intuito de salvar a criança, o gorila de 17 anos, de uma espécie em extinção, é abatido gerando uma onda de protestos contra a decisão tomada e até mesmo responsabilizando os pais pelo descuido da criança. Segundo informações de reportagens lidas, a criança já tinha manifestado um “desejo” de entrar na jaula. Um vídeo mostra o menino sendo arrastado pelo gorila, o que pode ter sido decisivo para o abate antes que o animal maltratasse mais ou matasse a criança. Temos de fato a necessidade te manter animais completamente fora de seu habitat natural em exposição ? Até onde vai a culpa dos pais?
A população se assustou dias atrás com a filmagem de um meteoro riscando os céus em direção ao solo do sul de Minas. Se houve contato com o solo ainda não se sabe, que o transformaria em um meteorito, mas é certo que os vários locais de estudo que flagraram as imagens fornecidas estão ávidos pelas informações que poderão obter através dos próximos estudos feitos.
Voltando à madmaxização, que é um enredo pós apocalíptico, e fazendo uma analogia, nota-se que a fragilidade de nossa existência pode ser dizimada ou significativamente reduzida com a real possibilidade de um evento astronômico, como o impacto de meteorito sobre a superfície do planeta, gerando uma série de eventos físicos, químicos, naturais e sociais que levariam à luta desenfreada pela sobrevivência a qualquer custo, esfacelando a sociedade, implantando formas de governos anárquicos, subjugação de um povo pelo outro através de ações desumanas e sem qualquer respeito à racionalidade, a usurpação de qualquer bem material ou moral, regras que favorecem pequenos grupos, luta pelo poder vigente, desrespeito à vida e práticas de violência de todas as formas. 
Se ludibriamos, estupramos e matamos o ser humano e até mesmo nosso “parente” da escala evolutiva, o que esperar?


* compilação de imagens do Google (foto do gorila, tela sobre estupro, charge corrupção simon´s site e meteoro)



quarta-feira, 25 de maio de 2016

Shadow Maria !

Mosaico de algumas das centenas de fotos de Shadow!
Naquele dia eu fui conhecer você. Estava no meio de seus pais e irmãos, quietinha, no canto observando tudo. Era a menorzinha do grupo e calminha. Sentei no degrau e fiquei observando cada um de seus irmãos que brincavam. Você veio de mansinho e parou embaixo da minha perna ao alcance da minha mão permitindo um primeiro cafuné. Isso durou a vida toda, sempre buscava um cafuné demorado! Levei você prá casa, A primeira noite teve um chororô que foi aliviado porque coloquei você para dormir em cima da camiseta que usei naquele dia. Você nunca mais chorou para dormir. Estabeleceu-se uma confiança. O próximo passo foi escolher seu nome. Muitas sugestões vieram à minha cabeça. Um documentário do Animal Planet me deu a ideia de um outro nome. Decidi que você escolheria como seria chamada. Peguei pedaços de papel e escrevi em cada um deles, os nomes que eu tinha em mente e joguei ao chão para que você escolhesse. Você não titubeou e tirou Shadow! Era o nome sugerido pelo programa de tv. Era um documentário sobre labradores que eram treinados para serem cães guia de deficientes visuais. E as pessoas te chamavam de cada coisa né??? Erravam seu nome!! Achei o nome justo, pois diferente dos labradores, você passou a ser minha sombra, me seguindo onde quer que eu fosse naquele apartamento. Vieram as vacinas, ensinar o local do xixi (essa batalha foi a mais longa), o local da comida e da água. Os primeiros passeios na pracinha em frente e as descobertas de pássaros, borboletas, outros cães e gatos da vizinhança, sons e movimentação diferentes de casa. Foram muitas descobertas, sociabilização com os vizinhos e seus “filhos de quatro patas”, passeios pelos quarteirões. Seu pequeno tamanho e charme seduziam a todos. Quando usou seu uniforme de segurança pela primeira era motivo de muitas risadas na rua, pois como poderia ser segurança um ser tão pequenininho como era. Você foi crescendo e as artes dentro de casa também. Quantos rolos de papel higiênico não foram minuciosamente picotados por você? Quantas tiras de chinelos, meias, cadarços, cintos, pano de chão foram arrastados por você dentro da casa. Bastava estar ao seu alcance que puxava e fazia a festa. Quantas vezes você desarrumou a cama puxando pela colcha jogando tudo no chão e ficar deitada em cima? Aprendeu a mexer no lixo e, por isso levava muitas broncas, mas aprendeu que Não é Não (ou quase). Um belo dia acordei de manhãzinha com um barulho e um grito seu. Estava roendo um fio, levou choque e derrubou o abajur na sala. Foi um susto, mas você nunca mais mordeu fios. Seus passatempos eram “assistir” o aquário da sala, correr atrás de pombos, latir para cães muito maiores que você e fugir de sabiás terra que defendiam seus ninhos na pracinha com voos rasantes sobre quem passasse por perto. E como corria naquela praça junto com outros cães que ali brincavam, sempre no mesmo horário. Suas artes de criança me faziam chamar sua atenção e descobri que para isso Shadow é um nome curto. Acabou virando Shadow Maria. Para alguns amigos da época era Shadow Stone porque era mais atraente (risos). Um dia te levei no sítio e, diante de tanto espaço, você correu em linha reta, em disparada, caindo dentro da piscina. Tive que entrar, mesmo no frio, para retirar você. Destemida, logo perdia o medo e aceitava brincar na mesma piscina, navegando em cima de uma prancha de isopor. Fuçadora, aprendeu que abelhas picam e deixam o focinho inchado. Na praia, latia incansavelmente para a onda que cobria meu pé querendo pegá-la com a boca. Entrava mar adentro sem medo. Quanto caixotes não levou. Na volta, dormia de roncar dentro do carro. Quando eu ia de carona, você tinha o costume de vir dormindo no meu colo e cabia inteira, daí você cresceu e continuou achando que cabia inteira no meu colo. O primeiro cio veio e tive que aprender a lidar com isso. A cada seis meses a história se repetia. A saúde estava perfeita. Um erro foi permitir que você, com perninhas curtas subisse as escadas do bloco onde morava. Isso calcificou uma vértebra e com ajuda da acupuntura resolvemos definitivamente seu problema em seis sessões. Um encontro arranjado pelo veterinário que me falou do seu nascimento, um namoro demorado e cansativo com o primo Bóris resultou na sua única gestação de 04 lindos filhotes. Para espanto do Dr. Fernando que jurava que seriam 03 pelo porte. Num raio-x comum, a revelação de um quarto elemento! Você ficou enorme! Parecia uma mini capivara com aquele barrigão. Sem dizer que era uma bomba química e silenciosa. Exatamente 63 dias e na noite de virada de lua você me chamou no quarto às 5h da manhã. Me disse com os olhos para te seguir e fomos para sua "maternidade" improvisada naquela caixa grande de televisor. Ali você deitou e suas contrações começaram. Eu te acalmava passando a mão por sua cabeça e corpo esperando que expelisse os filhotes. Quando o primeiro saiu, você com aquela cara de “e agora?” Dei um leve picote na placenta que envolve o filhotinho e o restante do trabalho foi por sua conta. Veio um, depois outro, mais outro e lá pelas 10h da manhã nasceu a menorzinha de todas, que cabia com folga na palma da mão. Magicamente, você se transformou numa pequena vaca leiteira e aninhava os quatro de maneira confortável entre suas patinhas curtas. Rosnou muito quando o veterinário foi te ver. A casa ficou cheia. Nasceram três crianças pretinhas e um canela claro, respectivamente Negão, Preta Maria, Olívia Maria e Chicão.  Enquanto ganhavam peso e desmamavam, a casa ficou cheia de pequenos seres curiosos, que latiam e choravam em coro. Improvisei o berçário num dos banheiros da casa. Você se mostrou uma bela mãe, sempre atenta, vigiando e brincando com os filhotes e ainda com tempo para demonstrar carinho para comigo. Nas tardes de final de semana, ficar vendo TV deitado no tapete da sala com você aninhada ao longo do meu corpo e seus 4 filhotes dormindo ao redor foi uma experiência que guardo até hoje. Negão foi embora com o pai, Preta e Chicão ficaram na família e lá estão até hoje e Olívia foi para a vizinha. Infelizmente, essa durou pouco porque se contaminou com carne de passarinho morto por causa das chuvas. Dos filhos, Preta puxou a calma da mãe. Sua baixa estatura causava situações engraçadas nos dias de chuva, pois andava em ziguezague fugindo na menor poça possível para não molhar a barriga.  Você cresceu, ficou cada vez mais parceira, alertava dos sons diferentes, rosnava para quem fosse estranho ou não tinha uma boa aura, vigiava permanentemente e até um cumprimento mais forte dos amigos era motivo de um latido de alerta, era a campainha número dois de casa, avisava que estava na hora do meu almoço sem o menor interesse em nada (até parece!!), era um despertador mesmo aos sábados, domingos e feriados, pedia para ir na rua fazer número 1 e 2. Dizem que animais não tem memória, mas por que você choramingava quando a gente se dirigia para o veterinário? Parceira de muitos momentos. Era companhia certeira para qualquer cafuné roubado. Fosse durante o dia, fosse quando eu te puxava pra cama nas manhãs frias de final de semana, fosse no banho, no carro, sentado na pracinha. Qualquer brecha e você vinha, sentava do lado e com a cabeça fazia um movimento pegando a mão e colocando em sua cabeça. Ou até mesmo o pé, roçando seu pescoço. Isso foi a vida toda! .Me lembro de um dia ter chegada completamente exaurido do trabalho e ainda um pouco gripado, cansado. Você me recebeu com a festa de sempre e já pedindo para ir pra rua já pegando a guia com a boca. Nesse dia, olhei bem nos seus olhos e disse que estava cansado e que ia descansar um pouco antes de sair. Deitei no sofá, coloquei você no colo e cochilei. Acordei umas duas horas depois e você roncando ali mesmo, deitada em cima de mim. Tinha entendido a mensagem. Outra vez cheguei muito triste em casa e você me mirou com seus olhos amendoados de cajal, fez um pequeno som e ficou ao meu lado o tempo todo sem fazer qualquer outra firula, apenas companhia. Sempre gostou de roubar uma pontinha de comida. Sua proteção era tanta que até mesmo na piscina, quando eu mergulhava, você ficava correndo em volta, latindo como quem pedisse ajuda para eu sair de lá. Susto levei no dia que você apareceu com ar de vitoriosa chutando um escorpião que, por sorte, estava morto. Outra vez, após um dia chuva, você insistia em farejar algo num canto do lado de fora da casa, latia, apontava o local. Era um camundongo que deve estar correndo até hoje. Sua atividade mais prazerosa era correr atrás de pombos. Quase pegava. Uma vez eu vi que você chegou a encostar na asa de um. Sua cara de vitória era indescritível. Assistimos aos jogos daquela Copa do Mundo de madrugada e aproveitei e ensinei que você lidasse melhor com os sons dos foguetes. Um dia esqueci de repor sua comida e você veio com a vasilha na boca fazendo protesto, me deixando sem graça. Em outro dia você virou e mexeu no lixo de casa. Levou uma bronca daquelas e como protesto fez xixi na porta do meu quarto logo após eu varrer a passar pano na casa. Você era fã de televisão e parava para ver os closes da Giovana Antonela numa novela mais antiga. Latia para algumas músicas do Alejando Sánz e mais de uma vez, veio me avisar que um dos peixes tinha pulado do aquário. Aprendi a conhecer seus sons, suas ações, seus recados e, dessa forma, foi possível manter um contato mais próximo. Passeávamos sem coleira pelo bairro e você obedecia aos comandos de “pare”, “corra”, “atravessa”, “vamos”, “não”. Eu como “pai babão” até música tenho para você. Vendo você dormir ao meu lado, ria com seus roncos e sons dos sonhos, totalmente entregue à minha confiança, fico me perguntando como que algumas pessoas têm coragem de maltratar um animal, seja ele qual for. Como outras pessoas não conseguem entender a natureza e o instinto de um bicho? Claro que me irritava quando você fugia do banho, ignorava meu chamado, fazia escândalo entrando no veterinário nem que fosse para aparar uma unha ou era irritavelmente insistente para ganhar algo. Você conquistou a família toda! Você tem um forte instinto materno e um corpo que responde a isso, sendo que tinha gravidez psicológica a cada cio. Um belo dia o susto de um caroço na sua mama chamou a atenção. Você já não era mais uma menina! Era um caroço bem pequeno, molenga. A veterinária fez um primeiro exame e além dele descobrimos uma outra alteração que poderia estar aderida ao baço. Aquele caroço não estava sozinho e fazia parte de uma rede. Um tipo comum de câncer de mama animal. Meu medo pelo fator idade e o risco da anestesia atrelado ao fato de você estar bem fisiologicamente, me fizeram postergar a cirurgia, uma vez que o caroço era pequeno e não atrapalhava em nada seu dia a dia. Você não teve dor nesse tempo. O pequeno caroço endureceu e estacionou de tamanho; os demais nem eram perceptíveis ou mesmo eram inexistentes. Sua idade também mostrou que a senilidade acomete os animais. Você ficou lenta, mais calma, de muitos pelos brancos, de cios menores, mais secos, uma leve artrite, perda de dentes sem perder jamais a demonstração de carinho e o conversar com os olhos. Isso jamais esquecerei. O muito que seus olhos me diziam. Você lutou pacientemente para se curar de todos os perrengues que a acometeram, tomou todas as vacinas, todos os remédios (cuspiu alguns e fez caretas prá outros). Seu caroço ficou grande e começou a deixar você menos forte, com uma certa dificuldade de caminhar, e você, sem dor, ali paciente e eu angustiado em querer resolver o quanto antes. Difícil decidir por algo em que se corre um risco, ainda mais com quem ensinou uma forma de amor, por quem confia plena e totalmente. A impotência de alguma decisão é cruel! Angustia a gente! Mas meu amor por você me faz te dar dignidade de saúde, de liberdade, de conforto e o risco precisa ser corrido!. Sei que hoje você não reclama de dor, mas sua situação impede de alguns movimentos e o incômodo é perceptível e você ali brava, persistente e mantendo suas funções normais. Até mesmo a função de olhar na direção dos sons estranhos, de vir avisar a hora de comer ou querer roubar um pedaço de qualquer coisa, basta ir na direção da cozinha.
O dia chegou!, os remédios e recomendações em dia, jejum alimentar e hídrico respeitados.
Após algumas horas de ansiedade a boa notícia chega. Tumores retirados! Castrada e sem o baço que também apresentava uma anomalia. Fui "resgatá-la", ainda semi sedada da clínica.  Saí de lá com boas recomendações e uma notícia agradável sobre a o fato de você ter mantido a constância de respiração, batimentos cardíacos e pressão por si só, sem intervenções, o que para a idade ela, seria pouco comum. Com a devida medicação , a primeira noite foi tranquila, sem sustos, assim como as demais. A recuperação animal é mais rápida que a humana e mesmo com um corte longitudinal em toda a barriga do animal, sem uma linha inteira dos mamilos, cumprimos uma primeira parte. Dignidade restabelecida do pequeno ser! Dias ainda de cuidados mais específicos. Dias de alegria, recuperação rápida. Dra. Andréa feliz com a recuperação e a cicatrização sem nenhuma marca, sequela ou queloide. Um ganho de peso em função da castração. Parece que o organismo estava se assentando, até que poucos dias atrás, você foi acometida de um cansaço, uma sonolência, uma dificuldade de caminhar. Recusou comida e até mesmo água dada na boca. Preocupei-me. Queria entender tudo que seu olhar pedia!  A veterinária aponta algumas possibilidades nada animadoras. Temos que seguir em frente. São Francisco há de ajudar, mesmo que a solução seja te levar embora nos braços dele. Eu deixo! Mas não é tão simples! Bate culpa arrependimento de algo, bate sensação de negligência!
Hoje, tudo se concretizou! Você seguiu nos braços de São Chico! Foi em paz!
Me deixou triste aqui! Seu coração parou e você deu o último suspiro nos meu braços! Estava cheirosa ainda do último banho! Me deixou com um sentimento estranho! 
Quando se perde um amigo ou parente humano, a razão nos dá um conforto, uma explicação! Quando se perde um animal de estimação, só há uma relação de sentimentos, não há racionalidade! Somente emoções! Uma certa pureza da parte do animal!  Falar com o olhar! E como você fazia isso!
Não tenho mais a lambida no rosto como beijo! Não tenho mais você dormindo confiante meu colo, não tenho mais você pedindo cafuné, não tenho mais você pedindo pra entrar em casa e vir se aninhar no meu quarto! Não tenho mais você correndo pra cozinha ao primeiro barulho de panela! Não ouço mais seus barulhos, seu latido, seu ronco! Não faço mais a "inspeção" de suas patinhas, orelhas, focinho, mamas e seus pelo multicoloridos. Agora tenho você de um jeito só meu! Minha gorda, minha Sheshe, minha pipoqueira e mais uma infinidade de apelidos que nunca serão suficientes para retribuir essa todo o amor que você me deu. Algo incondicional!
Acredito que os animais também tenham alma! Acredito que essas criaturas, filhas de Deus, tenham o merecimento de um descanso!
E como você bem sabe, Shadow,  tô me lixando para o que possam pensar desse meu desabafo! Empresto aqui sua arfada de desdém!
Esse texto é para você e nossos muitos segredos! Aquele beijo que você sabe como é!
Obrigado por toda a felicidade que me proporcionou! Obrigado em nome de todos daqui de casa que sentem sua falta desde já!

Obrigado aos veterinários: Fernando, Ana Cláudia, Melo, Tonico e Andreia, que cuidaram muito bem da minha filhota ao longo de sua vida.





terça-feira, 24 de maio de 2016

Alô, alô marciano!

Como disse no post anterior, as novidades astronômicas estão ficando mais divulgadas e isso faz com que levantemos nossas cabeças dos smartphones e outros gadgets e olhemos para cima, para o céu. Um espetáculo infinito, mais antigo que o próprio Homem, gratuito, literalmente olhando o passado, pois a maioria da imagem que vemos  chegou agora, depois e alguns anos luz desde que saiu do seu ponto de origem. Maluco isso, mas mostra a distância dos corpos celestes e o quão vasto é nosso universo.
Constelação de escorpião
No nosso pequeno quintal dentro da galáxia, somos capitaneados por uma grande estrela amarela, nosso Sol de cada dia e ao redor dele uma série de planetas, já velhos conhecidos. Esse mês de maio/2016 tem a participação especial do guerreiro vermelho: Marte, que está mais próximo da Terra nessas três semanas. Tal aproximação é conferida pela aproximação de suas órbitas e como estará alinhado com a Terra poderá ser visto toda a noite, próximo à Constelação da Escorpião* - foto 1 - *muito fácil de ser localizada no céu noturno, pois tem uma estrela vermelha (Antares) no seu centro, e uma linha em forma de cabo de guarda-chuva para baixo e três estrelas alinhadas como se fosse a cabeça. Foto 1 >>>>>>
Marte estará por ali, uma grande estrela alaranjada (maior que Antares), porém, sem brilho. Um potente binóculo e um pequeno telescópio poderão ver a forma arredondada do planeta vermelho, conhecido de nós terráqueos por ser o "lar" dos temíveis e falados marcianos, os homenzinhos verdes da ficção popular.
Marte é um pequeno planeta rochoso (com diâmetro de mais de 6700 km - o dobro da nossa Lua), com terreno arenoso, atmosfera bem fina e crateras que evidenciam impactos como em nosso satélite. Muitos estudos estão sendo feitos hoje no planeta vermelho com sondas que por lá estão enviando uma série de imagens e revelam possibilidades de que o planeta já teve água, onde já foi encontrado alguma forma de vida bacteriana, onde imagens de extensos cânions de prováveis antigos mares e rios, escarpas, calotas de gelo. Teses apontam que intervenções poderiam transformá-lo em um lugar habitável (há um vídeo rolando na internet sobre isso), onde a transformação seria desencadeado por uma série de eventos químicos e físicos provocados pelo Homem, mas acredito que seja uma possibilidade muito além do conhecimento e capacidade humanas de hoje, assim como a montagem de uma base terráquea em terras marcianas. Apenas acho! O planeta está sempre envolvido em mistérios com prováveis amostras de restos de uma civilização que poderia ter estado por lá ou  outra forma de vida inteligente teria usado o paneta como local de apoio para conhecer nosso sistema e seus incríveis planetas. 
Teorias e Ciência à parte, vale pelo espetáculo , que em noites de tempo frio, contam com um céu límpido, possível de assistir o passeio do guerreiro de óxido de ferro pelo céu.
Imagem do solo marciano captado pela sonda Curiosity /*/ A Terra vista de Marte (um estrela azul esbranquiçada no céu

Nos vemos! Nos lemos!

*imagens: Google